3

232 58 28
                                    

Esquecendo completamente que estava no hotel, Ramiro destrancou a porta e tirou os mocassins, colocando-os lado a lado no canto da parede.

Kelvin observou com um brilho de diversão nos olhos e Ramiro sentiu vergonha ao ser pego fazendo o que geralmente fazia quando chegava em casa. Então seu corpo começou a queimar por inteiro.

Aquilo era falta de educação? Era melhor calçar os sapatos de volta ou fingir normalidade?

O coração acelerava cada vez mais no peito e Kelvin o poupou de ficar mais nervoso ainda, tirando seus tênis e deixando-os do ladinho dos sapatos de Ramiro.

Ramiro olhou para Kelvin, podendo observar melhor o rosto do acompanhante e sentiu seu estômago revirar de tanta ansiedade.

Tinha os lábios cheios e rosados, uma boca bem desenhada, o nariz era perfeito e os olhos eram de um castanho tão límpido que podiam ser confundidos com verde, além das sardas espalhadas por toda a pele bonita, se concentrando mais na ponte do nariz e nas bochechas.

Kelvin era lindo e iriam transar naquela noite.

Ramiro piscou algumas vezes e percebeu que, além de estar encarando Kelvin sem nenhum espaço de tempo, o rapaz o encarava de volta com um sorrisinho.

Envergonhado de ter sido pego, Ramiro se virou e entrou no banheiro, apoiando-se na pia e encarando o mármore, prestando atenção nos desenhos irregulares e tentando encontrar algum padrão.

Estava tão nervoso que se sentia incapaz de continuar com aquilo. Era burrice.

Ramiro jamais seria bom de cama e não adiantava contratar um profissional se até mesmo nas aulas entrava em pânico.

Havia avaliado vários perfis durante boas horas, escolhendo de forma minuciosa e criteriosa também, Kelvin era o candidato perfeito. Mas era bonito demais e isso deixava Ramiro desconcertado.

Pelo espelho do banheiro, viu Kelvin se aproximando devagar.

— Tudo bem aí?

— Tudo sim.

— Posso abrir sua blusa?

Ramiro encarou o homem através do espelho e assentiu.

Em algum momento teria que tirar a roupa mesmo. Não que tivesse vergonha de seu corpo, as horas passadas na academia com objetivo de ser uma pessoa saudável também traziam o privilégio de um corpo malhado, que Ramiro sabia chamar atenção de algumas pessoas. E naquela noite, torcia para que Kelvin gostasse do corpo dele.

O preto se virou, ficando de frente para Kelvin, que passou os dedos de forma muito delicada pela gola da blusa social, não tocando a pele de Ramiro, que havia fechado os olhos ao se preparar para o toque.

Quando sentiu sua pele intacta, sem a sensação esquisita que havia quando alguém o tocava, Ramiro abriu os olhos.

Kelvin tomava cuidado ao abrir os botões de sua blusa e puxou a roupa para fora da calça, abrindo aqueles botões também.

Estava quase no último quando Ramiro levou as mãos na direção dos dedos de Kelvin, sem encostar.

— O que é isso?

— Tatuagem.

— Sei o que são tatuagens, mas qual o significado delas?

— Na verdade, eu nem lembro. — Kelvin riu — Fiz quando era adolescente.

— Por que fazer uma tatuagem se não vai se lembrar o que ela significa?

— Às vezes a gente faz umas besteiras, né? Acontece.

Os Números do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora