Kelvin estava beijando a boca de Ramiro.
Um gemido escapou dos lábios do preto quando Kelvin desceu os lábios pelo pescoço dele.
Ramiro fechou as mãos, apertando o tecido do lençol.
E um zumbido fez com que Ramiro abrisse os olhos.
Estava sonhando com Kelvin mais uma vez.
O econometrista sacou o celular que ainda vibrava sobre a escrivaninha e olhou o nome, atendendo em seguida.
Era a moça que Ramiro pagava para limpar sua casa.
— Alô.
— Sr. Neves, estou ligando para avisar que não vou conseguir ir até sua casa hoje, minha filha está doente.
— Ah, tudo bem. Espero que ela fique bem. Obrigado por avisar.
— Obrigada, sr. Neves. Talvez o senhor deva levar as roupas à lavanderia, já que não poderei ir hoje.
— Tudo bem, farei isso.
— Até amanhã.
Ramiro desligou a chamada e respirou fundo. Ainda faltava meia hora para o despertador tocar, mas não conseguiria voltar a dormir após saber que teria uma nova atividade para fazer naquele dia.
Se sentou, escorando-se na cabeceira da cama e pegando seu notebook.
Pesquisou a lavanderia mais recomendada e calculou o trajeto. A lavanderia não era perto, mas as avaliações eram boas.
Se levantou, seguindo sua rotina matinal de sempre, tomou seu café da manhã e pegou a bolsa que sua funcionária costumava levar para a lavanderia com suas roupas.
E durante todo o caminho, foi pensando em Kelvin. Havia visto ele pela última vez na sexta-feira, dois dias atrás, e desde então sonhara com ele todas as noites.
A pior parte era que todos os sonhos eram… safados. Ramiro até havia se tocado na manhã anterior, pensando em Kelvin.
Se sentia um pouco impuro, mas não conseguiu evitar.
Respirou aliviado quando, ao chegar na lavanderia, haviam vagas livres de fácil acesso.
Depois de estacionar perfeitamente, Ramiro pegou a sacola de roupas e seguiu pela calçada até a loja.
Se distraiu por alguns segundos na vitrine com uma mulher em cima de uma base provando um vestido e entrou, ouvindo o sininho que o anunciava, todo concentrando na senhora de meia idade experimentando um vestido vermelho que contrastava perfeitamente com seu tom de pele.
O alfaiate, que não estava ali quando Ramiro entrara, apareceu de costas pra averiguar a parte de trás do vestido.
E então Ramiro perdeu o ar.
Não viu o rosto mas aquele tom de ruivo só uma pessoa tinha.
Ramiro ficou paralisado vendo Kelvin ajustar aquele vestido, com uma fita métrica ao redor do pescoço e no pulso um porta alfinetes.
— Muito bem, Beth, pode tirar. Cuidado com os alfinetes, por favor. Um minuto, já vou te aten… — agora quem paralisou foi Kelvin, que virou para falar com o cliente que acabara de entrar.
— Eu não… eu juro que não… — Ramiro repetiu e Kelvin se aproximou — Eu juro que não te persegui, eu não sabia que você trabalhava aqui.
Kelvin pegou a bolsa da mão de Ramiro e segurou seu braço, o guiando até o balcão.
— Não parece que você estava me perseguindo, parece que você veio trazer suas roupas pra lavar. — Kelvin contou as camisas — Sete camisas. Então são sete calças, né?
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Os Números do Amor
RomanceRamiro Neves está feliz com o seu trabalho e sua rotina, mas sua família não. A pressão em cima do homem para que forme uma família está tirando sua paz. Até porque, para pessoas como ele, que estão dentro do espectro autista, se relacionar minimame...