(aviso: este capítulo pode conter gatilhos de crises sensoriais, não prossiga se não estiver 100% confortável lendo)
O carro de Ramiro foi estacionado a um quarteirão de distância da boate, Kelvin achava mais seguro para não correr o risco de alguém bater, arranhar ou algum bêbado inconsequente jogar bebida.
E enquanto caminhavam pela calçada, Ramiro mordia o lábio inferior para evitar de sorrir o tempo inteiro.
Tudo era novidade para ele, até mesmo a mão de Kelvin segurando a sua.
Nunca havia saído para aquela região da cidade à noite, então não fazia ideia de como ela era brilhante e movimentada. E muito provavelmente, se tivesse vindo antes, odiaria tudo por se sentir pequeno e perdido.
Mas com Kelvin, não se sentia assim. Era como se fizesse parte daquilo também.
A fachada da boate se apresentava por si só. Era muito colorida e muito brilhante também.
— É aqui. — Kelvin apontou e pararam os dois na porta, passando pela fila de pessoas que aguardavam para entrar.
— Nome na lista? — o segurança mal encarado perguntou.
— Kelvin Santana.
O homem olhou a prancheta em sua mão e conferiu, abrindo a corda de veludo na entrada.
O ruivo puxou Ramiro para dentro da boate o preto respirou fundo. Agora sim iria começar.
Para sua felicidade, não estava lotado, o que já lhe trazia um pouco de alívio.
A música estava alta, mas não muito, e não estava completamente escuro.
— Podemos ficar naquelas mesas? — apontou para as mesas com bancos acolchoados no fundo da boate.
— São pagas.
Ramiro tirou o cartão de crédito do bolso.
— Não tem problema. — entregou o cartão para Kelvin, que chamou uma funcionária e pediu para que reservasse a mesa para eles.
Caminharam seguindo a garçonete com pouquíssima roupa e fizeram o pagamento da reserva para a noite inteira.
— Você vai beber alguma coisa? —Kelvin perguntou.
— Você vai?
— Não, estou dirigindo, lembra? Sou um homem responsável.
— Realmente muito responsável. — uma voz masculina falou alto e Ramiro ficou tenso ao ver um homem se sentar no banco acolchoado.
— Bruno… — Kelvin começou.
— Não, nem fala nada, vou fingir que você só perdeu o celular ou coisa assim. — Bruno moveu uma mão e olhou para Ramiro — Eu sou Bruno, aliás. Primo do Kelvin e melhor amigo, eu acho.
— Esse é o Ramiro. — Kelvin o apresentou e Ramiro mostrou um sorrisinho tímido.
— Então, namorado do Kelvin, deixa eu adivinhar: médico!
— Não, sou econometrista.
— Isso é igual economista?
— Parecido.
— Ele já conhece a Petra? — Bruno perguntou para Kelvin.
— Não, não conhece.
Quem era Petra?
Um grupo de drags perto deles começou a gritar e comemorar, fazendo Ramiro apertar o banco entre os dedos.
— Água. Preciso de água. — falou para Kelvin.
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Os Números do Amor
RomanceRamiro Neves está feliz com o seu trabalho e sua rotina, mas sua família não. A pressão em cima do homem para que forme uma família está tirando sua paz. Até porque, para pessoas como ele, que estão dentro do espectro autista, se relacionar minimame...