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— Vem, vamos pra cama. — Kelvin puxou Ramiro até a cama e reparou que o homem se sentou na beirinha, todo ereto, bastante tenso — Posso sentar no seu colo?

Ramiro assentiu.

— Pode.

— Então senta mais para trás ou vamos cair da cama.

Ramiro se afastou, sentando mais afastado da beira e Kelvin subiu em seu colo.

Ramiro foi obstinado em direção ao pescoço de Kelvin, distribuindo beijos e aproveitando o contato para esfregar o rosto ali, desejando que o cheiro ficasse para sempre em si.

Kelvin puxou o rosto de Ramiro para um beijo, tendo toda a paciência necessária para os movimentos destreinados da língua de Ramiro.

O ruivo aproveitou que o homem estava derretido e o empurrou levemente, conduzindo Ramiro para que se deitasse na cama.

Levou uma das mãos até o botão da calça do homem e, de repente, viu a expressão de Ramiro mudar.

Em um momento estava todo entregue, ofegante e seus olhos brilhavam de tesão, mas agora estava tenso, duro e claramente desconfortável.

— Pode sair de cima de mim, por favor? — Ramiro pediu, já empurrando Kelvin, que saiu o mais rápido.

Ramiro se sentou e parecia estar dentro de uma sombra particular, respirando com dificuldade, mas não por conta dos beijos.

As mãos trêmulas foram até o botão da calça, enfrentando uma grande dificuldade para abrir um simples botão.

— O que está fazendo?

— Abrindo minha calça. — Ramiro respondeu ríspido, agora irritado por não estar conseguindo abrir a própria calça — Espera mais um pouco, eu vou conseguir.

A pele de Ramiro brilhava, mas não pelo viço natural e sim pela leve camada de suor.

— Não vou transar com você desse jeito.

Aquilo não era certo, nunca transava com nenhum cliente que não estivesse cem por cento confortável e não iria começar a fazer isso agora.

— Não, temos que continuar para estabelecer o parâmetro.

— Ramiro, você tá tremendo.

Finalmente Ramiro havia conseguido abrir a calça e se sentia exausto, quase vencido por um botão.

— Vou parar.

Ramiro sentou sobre suas mãos, tentando esconder e convencer Kelvin de que havia parado.

O ruivo não sabia o que fazer. Queria tocar Ramiro, abraçá-lo, mas o contato o faria melhorar ou piorar?

Sabia que teria que ser lento com Ramiro, mas depois daquilo, teria que ser mais do que lento.

— O que aconteceu? Eu fiz algo que te assustou? — Kelvin se aproximou, sem tocá-lo.

— Não, eu só sou assim mesmo. Podemos continuar?

— Ramiro, você está apavorado, não podemos fazer nada com você nesse estado.

Ramiro se sentiu derrotado. Envergonhado.

Não havia conseguido transar com Kelvin.

Se levantou e pegou do chão sua camisa, juntando também a de Kelvin na porta do banheiro e se trancando no cômodo.

Demorou um tempo para sair de lá e quando saiu, já estava vestido e trouxe a roupa de Kelvin bem dobrada em suas mãos.

— Você já vai embora?

— Não. — Kelvin negou com a cabeça — Você já pagou a noite inteira, temos que fazer alguma coisa.

— Tipo o quê?

Kelvin olhou por todo o quarto e teve uma ideia ao olhar para a televisão.

— Podemos ver um filme abraçadinhos.

— Não gosto de abraço.

— Ah, tem isso… — Kelvin coçou a nuca, agora realmente perdido.

— Mas acho que posso experimentar com você, talvez eu goste, eu gosto do seu cheiro.

— Então, tudo bem, veremos um filme. Mas tem uma outra coisinha…

— O quê?

— Precisa ser sem roupa.

— Quer ver um filme pelado?

Kelvin deu risada, mas Ramiro se manteve sério.

— Pelado não, podemos ficar de cueca. Está usando cueca, né?

— Sim.

Kelvin levantou e começou a tirar a calça.

Mais uma vez, Ramiro ficou hipnotizado em cada movimento do rapaz, não conseguindo desviar o olhar.

Se viu um pouco receoso em tirar sua roupa e Kelvin resolveu lembrá-lo de que nada seria feito contra sua vontade.

— Você pode ficar vestido, se quiser. Aqui, a última palavra é sua, tá?

— Você acha que isso pode me ajudar?

— Acho.

E confiando no veredito de Kelvin, Ramiro começou a tirar a roupa e os óculos novamente, ficando só de cueca.

Dobrou as peças perfeitamente e colocou-as em cima da escrivaninha, pousando os óculos em cima.

Se deitou em uma ponta da cama e cruzou as mãos em cima da barriga, encarando o teto.

Kelvin deu uma risadinha baixa, achando uma gracinha como Ramiro seguia as coisas de forma muito literal.

— Vem mais para o meio da cama.

Ramiro se afastou, se posicionando no meio do colchão e Kelvin se deitou ali também, afastando um dos braços do econometrista para deixar em seu ombro.

Ligou a televisão e juntos escolheram um filme de artes marciais.

Ramiro inicialmente estava bastante tenso, suando mais do que costumava e quando Kelvin foi tocar a mão do homem, se assustou.

— Está com calor? Quer que eu ajuste a temperatura do ar condicionado?

— Não, não precisa. — Ramiro respondeu, começando a se afastar, mas Kelvin o abraçou.

— Onde você vai?

— Tomar um banho.

— Não, fica aqui.

— Estou suado.

— Eu não me importo com um pouco de suor, Ramiro.

Kelvin entrelaçou os dedos com o de seu cliente, não realmente prestando atenção no filme. Ramiro, mesmo não fazendo propositalmente, monopolizava sua atenção e tudo o que Kelvin conseguia reparar era em como suas mãos ficavam bonitinhas juntas e em como Ramiro era fofo quando dormia. Fazia um biquinho e sua respiração era tão tranquila.

Reparou tanto que acabou adormecendo nos braços de Ramiro.

Os Números do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora