8

55 4 4
                                    

Shinobu POV

O corredor do hospital parecia mais longo hoje. Aquele cheiro estéril de álcool e desinfetante misturado ao som abafado de passos apressados não mudava, mas para mim, cada detalhe era um lembrete da interminável espera. Todos os dias pareciam se arrastar como meses. A dor física já não era tão forte quanto antes, mas a dor emocional... essa crescia a cada visita ao quarto de Kanae.

Eu estava sobrevivendo em piloto automático desde o acidente, sorrindo para todos, tentando manter a fachada. Mas por dentro? Por dentro eu estava despedaçada. A culpa me consumia como fogo, corroendo cada pedaço de quem eu era. As lembranças daquela noite ainda me atormentavam—o som da freada, o grito de Kanae, o impacto. E depois, o silêncio.

E agora, aquele maldito silêncio preenchia o quarto onde minha irmã, minha guia, minha rocha, permanecia deitada, inerte. E eu, incapaz de mudar isso.

Hoje, eu não estava sozinha. [Sn], Mitsuri e Sanemi estavam comigo, como sempre. Embora tentassem me apoiar, às vezes me sentia sufocada pela preocupação deles. Era como se todos esperassem que eu desabasse a qualquer momento. Eu os via sussurrando entre si, trocando olhares ansiosos quando achavam que eu não estava olhando.

Mas era [Sn] que mais me tocava. Ela estava sempre ali, tentando me alcançar, tentando ser uma amiga, uma irmã de coração. Sua presença me confortava, mas também me lembrava do que eu havia perdido. Kanae era tudo para mim, e ver [Sn]—tão parecida com ela em certos momentos—era uma tortura doce.

Entramos no quarto de Kanae, e a realidade voltou a bater. O corpo frágil da minha irmã estava preso a máquinas que pareciam tão distantes, tão frias. Ela estava ali, mas não estava. Seus olhos fechados, sua pele pálida, e a respiração monitorada por aquele som irritante das máquinas me faziam sentir um buraco crescendo no meu peito.

— Shinobu, você está bem? — A voz suave de Mitsuri me trouxe de volta.

Assenti, mas sabia que ela não acreditava. Como poderia? Nem eu acreditava.

Sanemi POV

Eu detestava hospitais. Sempre detestei. O cheiro, as luzes brilhantes, o silêncio... tudo parecia conspirar para me fazer sentir pequeno. E hoje, tudo estava ainda mais sufocante. Estávamos ali, novamente, no mesmo ciclo de dor e esperança morta, e eu via Shinobu desmoronar diante de mim.

Minha atenção, porém, estava dividida. Deveria estar focado em Kanae—ela, a mulher que eu amava e que estava presa naquele maldito coma. Mas não conseguia evitar. Meu olhar, vez ou outra, desviava para [Sn] e Rengoku. Eles estavam próximos, conversando baixinho, como se o mundo lá fora não estivesse despedaçado.

Eu tentava ignorar. Tentei manter o foco no que importava—Kanae. Mas, droga, era difícil. Ver [Sn] sorrir, mesmo que fosse um sorriso contido, em meio à escuridão que nos rodeava, me irritava de uma forma irracional. E, claro, Rengoku estava sempre ao seu lado, com aquele sorriso luminoso que eu costumava admirar, mas agora me incomodava profundamente.

— Você deveria se acalmar, Sanemi, — eu me dizia. — Ela só está tentando lidar com tudo isso do jeito dela.

Mas meu ciúme... ah, esse era um veneno que eu não sabia como neutralizar.

[Sn] POV

O ambiente no quarto de Kanae era opressor. A dor no rosto de Shinobu, a tensão evidente em Sanemi... tudo contribuía para essa sensação de sufocamento. E eu sabia que estávamos todos nos segurando por um fio, tentando não desmoronar.

Kanae, deitada ali, parecia tão frágil, tão distante. Eu me lembrava das conversas que tínhamos, do quanto ela era a mais forte de nós, a líder que guiava todos com um sorriso sereno. E agora, ela estava ali, imóvel, e nenhum de nós podia fazer nada.

𝓸 𝓷𝓪𝓶𝓸𝓻𝓪𝓭𝓸 𝓭𝓪 𝓶𝓲𝓷𝓱𝓪 𝓶𝓮𝓵𝓱𝓸𝓻 𝓪𝓶𝓲𝓰𝓪  //sanemi x Sn//Onde histórias criam vida. Descubra agora