Runaway II - A New Frontier | Daryl Dixon

Capítulo 63

Sophia

As coisas do Reino ainda pareciam mágicas e fora de época. Não tinha nada de magia no estado que Moon estava, mas dava pra ver uma melhora. Os hematomas estavam menos roxos, alguns meio amarelados, o rosto menos inchado. Me preocupava que ela não acordou em nenhum momento além daquele pós cirurgia, mas a doutora disse que estava dando medicamentos que a fizessem dormir mesmo, pra que fosse uma recuperação menos dolorosa. Dentro de uns dias ela iria poder acordar. Ainda estava com aquele negócio no pescoço e me agoniava, pois com a pele roxa assim, parecia que ela estava sufocada. Mas dava pra vê-la respirar tranquilamente.

Passei perto do pergolado onde tinha tomado vitamina a uns dias com Ben e Henry, e encontrei o primeiro treinando usar o bastão com Morgan. Tem dois dias que não falo com ele. Agora tenho vergonha de novo. Sentei em um banco lá longe e fiquei esperando eles terminarem. Morgan saiu, e eu fui até lá, com a cara e a coragem pra falar com Ben. Ele estava sentado na escada, com um livro em mãos.

– Oi. – falei apenas e sentei do seu lado. – Vi você o Morgan treinando. Gosta do bastão?

– É interessante. – ele deu de ombros e fechou o livro. – Como ta sua amiga?

Mas que porra, ele sempre fala dela? Ta a fim de namorar com ela?

– Melhor. A doutora disse que ela ia acordar em breve.

– Bom saber. Ele tava péssima aquele dia. – ele comentou meio triste.

– É... – eu suspirei. – E sobre o que é o livro?

O olhei objeto em suas mãos, pensando que esse era um bom assunto pra se falar. Ele era bem pequeno.

– Ah, o Morgan me emprestou. É de filosofia. – ele balançou-o no ar. – Não sou o maior fã, mas... Já li todos os livros desse lugar... Duas vezes. – ele olhava o chão meio decepcionado. – Até os manuais de reparo do ar condicionado. – eu ri com vontade daquilo, o fazendo rir também. – E só pra você saber, o principal problema dos sistemas de refrigeração não é o vazamento nos dutos. – ele explicou como se eu fosse entender e mordia os lábios prendendo a risada. – É. Vai ter que ler pra descobrir o final.

Eu não segurei a minha.

– Bom saber. Quando eu tiver com um ar condicionado quebrado em casa eu vou te chamar pra consertar. – eu brinquei e ele riu fraco.

– Tem ar condicionado na sua casa? – ele perguntou impressionado.

– Tem. – eu concordei um tanto chocada também, por já estar tão mal acostumada a essas regalias. Antes do fim do mundo eu não tinha isso.

– Olha, desculpa ter passado esses dias sem falar com você. – ele pediu meio tímido e o encarei meio nervosa. – Eu fiquei mal com o que rolou quando a gente saiu.

– Só porque eu te protegi? – perguntei indignada. – Não precisa ser um machista, misógino e presunçoso.

– Ow. Fica calma, Elizabeth Bennett. – ele brincou e ergui as sobrancelhas chocada por ele mencionar a personagem da história que eu li dias atrás.

– Você leu Orgulho e Preconceito? – perguntei já deixando de lado a minha birra.

– Eu disse que li todos os livros desse lugar. – ele falou como se fosse óbvio.

– Sim, duas vezes. – eu reforcei, pra mostrar que ouvi bem. – Olha, eu não acho você fraco, se é isso que pensa. Você só precisa achar o seu lance.

Dei de ombros.

– Qual é o seu? – ele perguntou curioso.

– Ah, sei lá. – dei de ombros outra vez. – No momento, eu queria que fosse você.