Réplica

PARTE 11 - ARMIN

Existem certas situações que não dá pra ajudar, a não ser que a pessoa queira ser ajudada, e o caso de Eren era ele não queria e isso era o pior para Armin. Por um lado, quer largar o amigo de mão, ainda mais que soube que ele estava envolvido no massacre a igreja em Marley, se igualando a todos que disse ser seu inimigo. Por outro lado, sabia que Eren não seria mais ninguém, se Armin e Mikasa o abandonassem de vez, ele seria mais um efeito colateral da guerra.

— Você não estar aqui Armin e sei que está preocupado com seu amigo, mas caramba. — Ralhou a noiva depois de tentar mostrar pela terceira vez a lista de convidados que estavam tentando fechar para resolver o buffet.

— Desculpe Annie.

— Eu tenho desculpado demais não acha? — O jovem sabia que sua noiva vinha sendo paciente demais com tudo que estava acontecendo desde a chegada de Eren, mas ela tinha motivos de estar chateada. — Você quer adiar o casamento?

— O que? Não! — Tratou de se retratar antes que se complicasse mais, Annie o único ponto de normalidade que continuava em sua vida. — É só tudo que aconteceu hoje que está enchendo minha cabeça.

— E não vai mudar Armin. Não tão cedo. — Armin se levantou e a tomou em seus braços ternamente, ele estava sendo péssimo em tudo, amigo, noivo.

— Desculpe Annie, não quero que se sinta mal ou que estou querendo desistir, mas soube que Eren estava no massacre e ainda não estou sabendo lidar com isso. Me sinto tão perdido, quero deixá-lo e viver minha vida, mas sei que ele não terá ninguém.

— E você Armin? Quando vai se colocar em primeiro lugar? Quantas vezes me deixou sozinha pois estava preocupado com seus amigos? Eu também só tenho a você.

— Sinto se fiz com que sentisse que não é importante pra mim, meu amor. Você é minha vida. — Armin não mentia, entretanto sabia que não conseguia ser feliz sabendo que seu amigo não estava bem. — Vamos fechar essa lista sim? Você tem razão temos muito o que fazer e não irá se livrar de mim adiando o casamento. Não vejo a hora de te chamar de senhora Arlert.

Sim, ele ansiava por esse momento, ela precisava dele e ele dela. E por mais que seu mundo parecesse desabar, tê-la ali era seu pedaço de normalidade, seu pequeno céu em meio ao caos e sim, por mais que se ama seus amigos e quisesse ajudá-los, Annie tinha razão, ele que a pediu em casamento, ele que a queria por perto, então ele que precisava conquistá-la a cada dia como se fosse a primeira vez. Ele não seria um amigo ruim se ignorasse os dois pelo menos um final de semana.

— Sobre a lista, pensou sobre seu pai? Irá chamá-lo?

— Não sei, ele não fala comigo desde que pedi dispensa do exército. O sonho dele era que eu servisse a Marley, era um nacionalista e bem, você sabe o resto...

— Você deve pensar sobre isso, afinal faz muito tempo que não se falam, as coisas podem ter mudado.

— Armin, você é um sonhador. — A jovem lançou antes deixá-lo no quarto. Armin coçou a cabeça, não seria um final de semana fácil, ainda mais quando estava pisando em ovos com Annie. Ele encarou as folhas com nomes e suspirou, ela poderia estar magoada, porém ele ainda era seu pai e estava vivo, diferente dos dele. Pelo jeito a lista não seria fechada agora, mas ainda teriam mais dois dias para isso, agora era mais urgente que contornasse a situação, antes que Annie decidisse terminar de vez com ele.

***

— Não quero ir... — Uma gargalhada tomou o quarto enquanto o jovem gemia sem vontade de sair da cama. Era segunda e pela primeira vez em tempos conseguiu curtir o final de semana inteiro sem que seu celular tocasse, quase poderia dizer que voltou aos tempos de normalidade, entretanto a realidade era que decidiu ignorar o telefone e o manteve desligado pelo bem do seu relacionamento. Annie ainda se recusava a falar com o pai, mas pelo menos não o expulso de sua casa. Ou pelo menos, até o momento que ele deveria ir trabalhar, mas estava com preguiça e Annie, já estava de pé e cobrando que se arrumasse para não se atrasar.