PARTE 02 - ARMIN

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Ainda estava difícil processar o telefonema que acabara de receber.

Ele estava tremendo, ele vinha esperando por essa notícia há anos, até que havia desistido de ter esperanças e ao fazer isso, não sabia se sentia alegria ou descrença. Oito anos que o vira a última vez, as cartas que recebia sempre diretas e sem muitos detalhes e agora, a melhor notícia! Eren estava de volta. O loiro não via a hora de contar para Mikasa, mas preferiu esperar ir buscar o amigo e juntos fazerem uma surpresa para a jovem. Entretanto o cenário que estava a sua frente era totalmente o oposto de tudo que imaginou para o reencontro com o amigo. Deitando em uma cama, com o olho esquerdo enfaixado, cicatrizes por todo o corpo. Esse não era seu amigo, seu amigo era espirituoso, e esse homem era um desconhecido, parecia magro demais para sua altura, se lhe dissessem que aquele era um boneco de cera de seu amigo ele acreditaria mais do que aceitar que aquele era o Eren que amava.

Não conseguindo conter as lágrimas, Armin tentava ao máximo segurar os soluços de forma quase que patética, estava feliz pelo amigo e triste por sua situação. Ele saiu do quarto e foi atrás de um médico para saber noticias do amigo, queria detalhes de como poderia ajudar e leva-lo pra casa. Por um momento, pensa em ligar pra Mikasa, mas descartou o pensamento, ela estava a mil com as coisas do casamento e sempre que se tratava de Eren, ela ficava aflita sempre que pensava que Eren estava longe de casa e agora, com ele aqui e ferido, ela ficaria em pânico, ele precisava ser o mais calmo, seus amigos iriam precisar dele e por isso, cabia entender o que estava acontecendo.

Não demorou muito para que encontrasse um médico que lhe explicara a situação de Eren. O amigo fora vítima de um ataque junto de outros soldados, uma emboscada pouco antes de embarcarem de volta para casa, grupos radicais ainda tinham força em Marley e mesmo com o tratado de paz, ainda existiam aqueles que eram contra dar direitos aqueles que sempre viveram as margens. Eren estava no grupamento como aspirante a oficial, ansioso para voltar para casa depois de tempos e acabou sendo o único a sobreviver. Agora corria o risco de perder o movimento da perna e ficar cego do olho esquerdo.

Depois de ouvir atentamente, Armin voltou para o quarto e observou o homem adormecido. Quando que iria parar esse sofrimento? Essa guerra sem sentido havia tirado tudo deles, mas parecia que sempre buscava mais. Estava tão ansioso para ouvir a voz e a risada do amigo que agora, ficava aliviado dele ter sobrevivido apesar de todas as marcas.

Estava distraído quando o celular começou a vibrar, era Mikasa. Ele havia esquecido totalmente de seu encontro com ela a tarde para escolherem o vestido que a jovem usaria em seu casamento. Os planos dele incluíam ir buscar Eren e os dois surpreenderem a amiga, agora ele não queria deixar o amigo sozinho. Relutante, atendeu o celular.

— Oi Ar! Cadê você? Eu já estou aqui na loja.

— Bem Miks, eu tive um problema.

— Você tá bem? Aconteceu alguma coisa? — Armin ficou em silêncio. Apenas o bip dos aparelhos nos quais Eren estava conectado ecoavam pelo cômodo, juntamente com a respiração de Armin. — Você está em um hospital? Armin me fala, o que está acontecendo.

O jovem engoliu. Estava em um dilema.

— Eu estava a caminho quando soube que uma colega se acidentou e passei no hospital para vê-lo. Não queria te preocupar. — Falar meias verdades era a opção mais viável.

— Hum, ok, seu colega está bem?

— Ele está desacordado e como meu contato estava fácil o hospital me ligou. Estou a espera de um familiar para sair.

— Nossa Armin, nesse caso é melhor remarcarmos tudo bem?

— Pode ser. Bem eu vou desligar pra evitar incomodar meu colega. Nos falamos mais tarde.

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