PARTE 05 - ARMIN

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Quando Eren ligou, Armin queria ignorar. Ele amava o amigo, mas desde a sua volta estava sendo um pé no saco, ele entendia tudo o que o moreno havia passado em Marley, mas a sua relutância em aceitar ajuda era terrível e isso estava começando a enervar o paciente Armin. Ele queria passar apenas uma tarde com sua noiva, Annie, a quem vinha negligenciando, para manter entre Eren e as enfermeiras e pelo fato de Annie ser marleyana, e o loiro não sabia o que esperar caso seu amigo descobrisse, mesmo voltando da guerra, algo dentro de Armin, dizia que a guerra nunca sairia de dentro de Eren. Talvez seja pela forma em que os olhos esmeraldas perdem o brilho sempre que o país continental passava em alguma notícia ou como quando a psicóloga chegava para a avaliação semanal. Marley era um tabu e não queria sobrecarregar o amigo com tantos fatos. Por isso não conseguia deixar de ficar dividido entre atender a ligação ou ignorar.

Annie, por sua vez, parecia calma mesmo com o telefone insistindo em tocar em um dos poucos momentos em que conseguiu estar com o noivo. Ela queria dizer para ignorar, mas sabia que Armin não era assim, ele era diferente. Já começava com o fato dele a ter perdoado, mesmo sabendo que quando chegou a Paradis, sua missão era se infiltrar para coletar informações, mas depois se viu dividida entre seu dever e seu coração. Armin foi a pedra que faltava para enterrar sua missão, depois de conhecê-lo, sabia que as pessoas poderiam ser gentis. Desde criança, fora tratada diferente em Marley, tanto que fora abandonada por seus pais biológicos e adotada por um homem que a criou apenas para ser sua forma de sair da zona de contenção. Afinal, ambos tinham o sangue dos eldianos, e ele por ser velho não poderia servir a Marley, mas ela sim, então sua convivência foram anos de treinos, até que fora aceita. O homem foi levado para uma vila mais confortável, a mesma em que outros pais de eldianos que serviam a Marley teriam uma vida melhor do que os demais. Marley mantinha o sistema de segregação, era sua força. Mantenha o ódio vivo e consiga os melhores soldados. Faça o ódio crescente e consiga que lutem por nada. Ela fora assim, tanto que agrediu seu pai antes de sair para missão em Paradis. Não havia orgulho, mas era uma amarga realidade que ela teria que conviver para sempre.

Quando a chamada iniciou a terceira vez, fora Annie que falou para Armin atender.

— Pode ser que seja algo realmente importante.

— Eu não sei, amo o Eren, mas ele estar me dando nos nervos.

— Pense que geralmente são as enfermeiras que ligam, o fato de ser ele mesmo a estar ligando pode significar que realmente é sério dessa vez.

Armin olhou para a garota aconchegada em seu colo. Ele a amava e amava como ela o conhecia. Ele se comprometeu a cuidar de Eren, ele não tinha mais ninguém, e sabia que ficaria mal se alguma coisa acontecesse com ele enquanto estava ali com Annie, deixando um beijo na testa da jovem, o rapaz alcançou o celular e atendeu.

— Armin, preciso de ajuda. Mikasa, ela desmaiou aqui e não consigo levá-la para dentro. — A voz do outro lado da linha estava aflita, era a primeira vez que a voz de Eren demostrava algo que não fosse tédio ou sarcasmo, ou até mesmo monotonia, ele estava preocupado e o que Mikasa fora fazer na sua casa?

— Como assim Eren?

— Ouvi a porta, pensei que fosse a enfermeira, quando abri ela estava aqui, chorando e quando me viu desmaiou.

— Droga, eu estou indo pra aí.

Annie olhou preocupada para o namorado que parecia agitado, a pequena troca de palavras o deixara a apreensivo.

— Tão ruim?

— Mikasa, ela encontrou Eren. Eu não contei, achei que seria melhor que passasse o casamento dela, afinal ele não é o mesmo de quando éramos jovens.

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