PARTE 08 - ARMIN

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Passar o dia com Annie era como uma fuga da realidade. Armin tentava entender como sua vida deu uma virada de cabeça para baixo dessa maneira, ele só queria viver em paz, mas o destino e o mundo pareciam conspirar para que isso não fosse possível. Pelo menos, nesses momentos em que Annie estava em seus braços, poderia fingir que estava tudo bem, mesmo que soubesse que tudo estava na realidade caótico. Quando voltou para casa naquele dia encontrou Mikasa disposta a procurar um lugar pra ela e Eren a ignorando totalmente. O loiro suspirou, tinha esperança de que os dois estando próximos poderiam reacender o sentimento que existia quando adolescentes, mas parecia que a cada um passo que era dado para frente, outros dez eram dados para trás. Sua única certeza é que alguma coisa aconteceu, mas nenhum dos dois queria falar, pelo menos não naquele momento, o que tornava difícil seu papel como mediador.

— O que fez com Mikasa, Eren?

— Olá pra você também Armin.

— Olha, eu juro que eu queria falar o mesmo, mas passo um dia com minha noiva e volto com o caos instalado, e conhecendo seu humor desde que voltou de Marley, acredito que alguma coisa aconteceu.

— Avise a Mikasa que ela não precisa ir embora, eu que vou sair, já estou com a prótese, estou recebendo a aposentadoria suficiente para conseguir alugar um quarto. Vocês devem ficar aqui.

Armin conseguia sentir a veia pulsando em sua testa. Eles estavam o testando, só poderia ser isso, não teria outra resposta para o que o casal de amigos idiotas estava fazendo da sua vida um caos. Sabia que insistir com Eren era o mesmo que bater de cara em uma porta na esperança que ela abrisse, iria tentar com Mikasa quando ela voltasse.

A semana se passou sem que nada mudasse, era estranho que todo avanço que vinham fazendo desde que Mikasa voltara a morar com eles, tinha ido por água abaixo, desde que conseguira a prótese, não adiantava mais esconder a bebida, ele ia a venda da esquina ou apenas pedia por aplicativo, não ia mais as consultas com Hange e os pesadelos haviam voltado, não adiantava o amigo tentar guardar segredo quando todos na casa acordavam com os gritos. Seja o que quer que o amigo tenha feito, seja o que ele tenha visto, Armin tinha certeza de que deixara marcas profundas e que sem ajuda o amigo não iria superar. A última vez que falou com Hange exista uma grande possiblidade de Eren ter desenvolvido TEPT e os pesadelos eram um sintoma, como o amigo se fechava não dava para saber se estava tendo pensamentos intrusivos ou não, mas a esquiva estava ali, fora que os ataques de raiva que sempre estiveram presentes, mas agora era quase como se Eren estivesse se tornando uma bomba-relógio. Isso juntamente com o abuso de álcool, ele bebe para não lembrar, para se entorpecer. O loiro acreditava que por estar no meio dos amigos, Eren ainda tentava, tentava se ajudar, se impedir, mas sozinho, nunca sabia o que poderia acontecer. Ainda mais com sintomas tão complexos e um amigo tão cabeça-dura, iria ser difícil ajudar quem não quer ajuda.

Mikasa, por sua vez, estava trabalhando intensamente, não tinha um minuto mais que estivesse em casa que não estava trabalhando ou procurando um novo apartamento, além de seguir com a papelada da venda do apartamento e ainda tinha a divisão de bens entre ela e Marco das coisas que compraram para mobilhar o que seria seu lar. Nem Eren, nem Mikasa falavam do que tinha acontecido, mas Armin continua tentando descobrir até que sem esperar, acabou ouvindo os dois amigos em uma pequena discursão.

— Você não precisa sair, eu to indo embora.

— Ótimo pra você! Vai foder as enfermeiras de porta aberta agora sem ter que se preocupar com ninguém, não é por causa disso que estou indo embora Eren.

— Pois não parece, não tenho nada com você ou com ninguém. Transo com quem quiser.

— Foda-se você e suas fodas, eu to cansada, o Armin faz de tudo por você e nem para agradecer.

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