Capítulo 7: O Peso da Liderança!

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2602 palavras.

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     Erik e Regina me esperavam lá embaixo. Descia a escada devagar, agarrando cada degrau com muita força tentando garantir que não caísse dessa altura medonha. Ao chegar no chão, firmei meus pés no solo e pude enfim respirar direito.

     Regina estava sentada no tronco de uma árvore caída e Erik afiava a ponta de uma lança improvisada com sua faca. Ajeito a mochila em minhas costas e começo a andar, em segundos ouço seus passos atrás de mim. Tomei o cuidado ir decorando pontos específicos no caminho, para garantir que não nos perdêssemos na volta, pois a floresta era cheia de bifurcações.

     Andávamos com passos cautelosos, olhando sempre antes de pisar no chão, pois embora o mundo tenha acabado não significa que a fauna também acabou. E a fauna a que me refiro ainda envolve cobras e quaisquer outros animais peçonhentos. Pequenos gravetos estalavam sob nossos pés a cada passo.

     Erik liderava o grupo, com seus olhos atentos e uma mão segurando firmemente sua lança. Regina e eu nos mantínhamos um pouco mais atrás dele, é nítido que ele já caçou antes e sabe o que está fazendo.

     Após várias horas em busca de qualquer sinal de animais, ouvimos um som baixo ecoar, o que chamou nossa atenção. Erik logo se prontificou empunhando sua lança em uma mão e o facão em outra. Mais folhas estalaram, agora mais próximo de onde estávamos entocados. Erik ergue sua cabeça por entre as folhas do arbusto e sinaliza para que façamos o mesmo.

     Ao olhar quase não consigo acreditar, se tratava de um cervo. Um grande e gordo cervo. Ele pastava tranquilo, comendo a vegetação que cobria o solo, sem ter ideia de que aquela poderia ser sua última refeição. Seus chifres grandes se erguiam majestosamente sobre sua cabeça, como uma enorme coroa de espinhos. Mesmo que não seja ele o rei da selva.

     Eu nunca havia visto um cervo fora das telas das televisões e isso corroborou para que me mantivesse atônito demais aos meus companheiros, de modo que só notei que eles haviam se aproximado do animal, quando ele percebeu algo e levantou a cabeça olhando em minha direção, curioso e assustado.

     Ele tentou correr, mas era tarde demais. Erik havia se movido com a velocidade de um predador, atirando sua lança como uma flecha mortal. A precisão e força com que a lança foi atirada contra ele, garantiu para que a lança perfurasse o flanco do cervo com um som surdo, penetrando sua carne grossa em segundos. O animal urra com a dor e põe-se a uma tentativa de fuga, bambeando enquanto corre na direção oposta a Erik.

     Erik, avança com empunhando melhor seu facão e com um movimento rápido e preciso, ele crava a lâmina na cabeça do cervo, o que o faz parar de se mexer instantaneamente. Erik suspira e limpa o sangue em seu rosto, ao passo que remove o facão do corpo massivo do animal. Só então olho para Regina e vejo-a com as sobrancelhas arqueadas e os lábios entreabertos. Erik olha para ela acenando e depois me encara nos olhos.

      Seu corpo estava coberto de sangue, mas não foi isso o que roubou minha atenção dos seus olhos hipnotizantes, mas sim os gominhos destacados pela umidade do sangue que fez com que sua blusa se grudasse ao corpo, dando vista ao seu corpo.

      Não consegui não sentir um leve formigamento e um palpitar do meu membro. Rapidamente desviei meu foco e tornei a encará-lo nos olhos. Ele ainda mantinha aqueles olhos verdes em mim. Neste momento, vi em seu rosto angelical algo do qual até hoje nunca havia visto em Erik e que duvidava muito de que ele possuísse: malícia.

      Como eu sei disso? Modéstia a parte, eu sei que sou um homem muito bonito, atraente e que meu corpo em forma desperta interesse nas pessoas, com um tempo, após chegar à idade adulta, aprendi a identificar desejo e malícia no olhar das pessoas, principalmente quando eram direcionados a mim.

A Alvorada dos EsquecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora