Eu deveria estar acostumada. Minha mãe já passou por alguns namorados desde que se separou do meu pai. Mas dessa vez parecia diferente. Ela estava sorrindo demais, animada demais. Fiquei desconfiada logo que ela me contou sobre o tal jantar. "Vai ser ótimo, Mili", ela disse. "Quero que conheça o Rodrigo. E ele tem um filho da sua idade, vocês vão se dar super bem."
"Ótimo", pensei. Nada como um jantar com dois estranhos para tornar a noite ainda mais perfeita.
Me arrumei com o mínimo esforço possível, tentando parecer casual, como se eu não me importasse com a situação. Mas, por dentro, estava tudo girando. Eu queria que esse cara fosse apenas mais um na longa lista de relacionamentos passageiros da minha mãe. Que o jantar fosse um desastre, algo que ela pudesse esquecer rapidinho. Só que, pelo jeito como ela estava ajeitando a mesa e cantando pela casa, parecia que isso não ia acontecer.
Quando a campainha tocou, minha mãe ficou visivelmente mais nervosa. Olhou para mim, sorrindo, e foi atender a porta.
E foi aí que tudo começou a desmoronar.
Primeiro, entrou o tal Rodrigo. Ele parecia normal — alto, barba bem feita, sorriso meio hesitante. Até aí, tudo bem. "Essa vai ser fácil", pensei. Mas quando ele deu um passo para o lado e deixou espaço para o filho entrar, meu estômago despencou.
Era Jin.
O mesmo Jin que implicava comigo todos os dias na escola. O mesmo Jin que fazia piadinhas toda vez que eu passava no corredor. O mesmo Jin que, na última semana, tinha espalhado que eu tirei uma nota ridícula na prova de matemática. E agora ele estava ali, parado na minha sala de jantar, com um sorriso debochado no rosto.
Eu congelei.
Ele me olhou de cima a baixo, e eu sabia que ele estava se segurando para não rir. Minha mãe, completamente alheia à tensão no ar, sorriu para nós dois.
"Ah, que ótimo! Vocês já se conhecem!" ela disse, como se isso fosse a melhor coisa do mundo.
Eu me virei para ela, sem acreditar. "É, a gente se conhece."
O jantar começou num silêncio constrangedor. Eu não sabia se olhava para o prato ou para minha mãe, esperando que ela percebesse o desastre que estava armando. Jin, por outro lado, estava à vontade. Ele nem tentava disfarçar os olhares zombeteiros que me lançava de vez em quando.
"Então, Mili", disse Rodrigo, tentando quebrar o gelo. "Acho que você e o Jin estudam na mesma escola, certo?"
"Infelizmente", murmurei, mas alto o suficiente para que todos ouvissem.
Minha mãe me lançou um olhar de advertência, e Jin deixou escapar uma risadinha.
"Qual é, Mili", ele disse, com aquele tom irritante que eu conhecia tão bem. "Achei que você fosse mais educada na frente de visitas."
Eu cerrei os dentes e forcei um sorriso. "Desculpa, é que normalmente eu só preciso lidar com você na escola, não no meu jantar de família."
Rodrigo olhou de um para o outro, claramente sem entender. "Parece que vocês têm... um certo histórico."
"Ah, nada demais", disse Jin, ainda com aquele sorriso. "A Mili só tem um pouco de dificuldade em aceitar críticas construtivas."
Minha mãe pigarreou, tentando mudar de assunto. "Então, Rodrigo, como foi sua semana no trabalho?"
Mas eu não conseguia deixar passar. "Críticas construtivas?" falei, com a voz um pouco mais alta do que pretendia. "Você espalha rumores e faz piadinhas maldosas, isso não tem nada de construtivo."
"Ué, você levou a sério? Pensei que fosse tudo brincadeira", ele respondeu, fingindo inocência.
Rodrigo e minha mãe pareciam prestes a explodir em risos nervosos, mas eu estava fervendo por dentro. Jin, claramente, estava se divertindo com a situação, aproveitando cada segundo para me provocar.
O resto do jantar foi uma tortura lenta. Minha mãe e Rodrigo tentaram manter uma conversa amigável, mas toda vez que Jin abria a boca para falar comigo, era mais uma cutucada, mais uma farpa que me fazia querer gritar.
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Amor fora do script
FanfictionÉ uma história divertida e romântica sobre Mili, uma garota que, ao descobrir que seu pior inimigo da escola, Jin, pode se tornar seu novo meio-irmão, se vê em uma situação inesperada. Entre provocações e encontros às escondidas, os dois começam a d...