Capitulo 09

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O resto do dia passou de forma leve, e por um momento, eu quase esqueci de todo o caos que estava esperando por nós do lado de fora daquele parque.

Jin se aproximou lentamente, seus lábios traçando um caminho suave pelo meu pescoço, enquanto eu sentia a pele arrepiar ao contato. Ele deu uma risada baixa, quase como se estivesse se divertindo com minha reação, e fungou perto de minha clavícula, como se quisesse guardar meu perfume na memória. Meu corpo ficou tenso, mas ao mesmo tempo, havia uma onda de calor que se espalhava por mim.
"Vai ficar me beijando o tempo todo?" perguntei, a voz saindo mais suave do que eu pretendia.
Ele se afastou o suficiente para me olhar, um sorriso travesso surgindo nos seus lábios. "Óbvio," respondeu, os olhos brilhando de provocação. "Logo nossos pais voltam e aí vou ter que fingir que não temos nada. Preciso aproveitar enquanto posso, né?"

Eu revirei os olhos, tentando disfarçar o rubor que subia pelo meu rosto, mas não consegui evitar o sorriso que ameaçava aparecer. "Você realmente não se cansa, né?"
Ele riu, voltando a beijar meu pescoço, mas agora com um toque mais lento, mais demorado. "De você? Nem um pouco."
Apesar de toda a provocação, havia algo mais profundo em sua voz, algo que me fazia acreditar que ele realmente queria aproveitar cada momento antes que tivéssemos que voltar à realidade. E, por mais que eu tentasse resistir, a verdade era que eu também queria o mesmo. Sabíamos que, uma vez que nossos pais estivessem de volta, o que tínhamos seria escondido, secreto — e talvez até mais complicado.
Mas naquele momento, enquanto estávamos sozinhos, nada disso importava.

Na escola, tudo era diferente. Jin e eu mal trocávamos olhares nos corredores, e, quando acontecia, era sempre rápido, quase como se tivéssemos medo de que alguém percebesse. O silêncio entre nós naqueles momentos era sufocante, mas necessário. Para todos os outros, éramos apenas colegas — nada mais.

No intervalo, eu estava sentada no banco do pátio com meus amigos, fingindo prestar atenção nas conversas, quando vi Jin do outro lado, cercado pelo seu grupo habitual. Ele parecia relaxado, rindo de algo que Taehyung tinha dito. Ninguém poderia imaginar o que tinha acontecido entre nós no fim de semana. Ele era bom em manter a máscara. Eu, por outro lado, sentia uma pontada incômoda no peito ao vê-lo tão à vontade, como se nada tivesse mudado.

Minha amiga Clara deu uma leve cotovelada em mim, interrompendo meus pensamentos. "Você tá distraída hoje, Mili. Alguma coisa acontecendo?"

Eu forcei um sorriso, tentando afastar a tensão. "Não, nada. Só... cansada."

Clara não parecia convencida, mas antes que pudesse perguntar mais, a atenção dela foi desviada por algo do outro lado do pátio. Eu aproveitei o momento para olhar de novo para Jin, tentando ser discreta. Ele já estava me observando, seus olhos encontrando os meus por uma fração de segundo. Era um olhar rápido, cheio de significado, e logo ele desviou, voltando a conversar com os amigos, como se nada tivesse acontecido.

Eu suspirei baixinho e me levantei, avisando ao grupo que iria até a biblioteca. Precisava de um pouco de ar, longe daquele ambiente onde era impossível fingir que tudo estava bem.

No corredor da escola, enquanto eu andava em direção à biblioteca, ouvi passos rápidos atrás de mim. Antes que pudesse reagir, uma mão segurou meu braço, me puxando para um canto mais isolado. Meu coração disparou quando percebi quem era.

Jin me olhava com aquela expressão que eu já conhecia tão bem, uma mistura de diversão e desejo. "Tá fugindo de mim agora, bravinha?"

Eu revirei os olhos, tentando disfarçar o quanto minha respiração estava acelerada. "Eu só queria um pouco de paz. Não precisa agir como se a gente fosse desconhecidos o tempo todo."

Ele sorriu, se aproximando mais, até ficarmos quase encostados na parede. "Você sabe que não podemos dar bandeira. Não aqui."

"Eu sei," suspirei, desviando o olhar. "Mas é difícil fingir que nada aconteceu quando tudo que eu quero é... não sei, te dar um soco, talvez?"

Ele riu baixinho, deslizando os dedos pelo meu braço, como se tentasse me acalmar. "Ou me beijar, vai saber."

"Nem tudo gira em torno de você, Jin," provoquei, cruzando os braços, tentando manter a compostura.

Jin se inclinou mais, o sorriso arrogante de sempre voltando ao rosto. "Tem certeza?"

Antes que eu pudesse responder, o som de vozes ecoou pelo corredor. Rapidamente, ele deu um passo para trás, assumindo uma expressão casual, como se nada tivesse acontecido. Dois colegas passaram por nós, acenando brevemente para Jin, sem suspeitar de nada.

Quando ficamos sozinhos de novo, ele olhou para mim, mas agora havia algo diferente em seu olhar — uma frustração silenciosa, como se ele também odiasse essa situação tanto quanto eu.

"Isso vai acabar ficando mais difícil, Mili," ele disse, a voz mais séria. "Fingir que não temos nada."

Eu suspirei, sentindo o peso de suas palavras. "Eu sei. Mas... o que a gente pode fazer? Não é como se fosse fácil explicar isso para todo mundo."

Jin balançou a cabeça, como se concordasse. "Talvez a gente precise parar de fingir... quando for a hora certa."

Eu olhei para ele, sem saber o que responder. A verdade era que, por mais que fingir fosse cansativo, admitir o que tínhamos era algo que eu não estava pronta para enfrentar — não ainda.

Eu o olhei por um instante, sem dizer nada, enquanto ele me encarava com aquela intensidade que me deixava nervosa. Antes que pudesse pensar duas vezes, dei um passo à frente e o beijei rápido, apenas o suficiente para surpreendê-lo. Senti Jin se inclinar para mais, mas antes que ele pudesse reagir, mordi de leve o lábio inferior dele e me afastei com um sorriso travesso.

Jin ficou ali parado, os olhos arregalados, claramente pego de surpresa. Eu não pude deixar de rir baixinho enquanto me virava e começava a andar pelo corredor, jogando as palavras por cima do ombro: "Bom, espero que tenha bons pensamentos após isso."

Enquanto me afastava, ouvi a risada baixa e satisfeita de Jin ecoar atrás de mim. "Você sabe que vai pagar por isso, bravinha," ele provocou, mas eu não olhei para trás. A sensação de ter o controle, pelo menos por um momento, era boa demais para estragar.

Sorri para mim mesma enquanto virava o corredor, sentindo o leve gosto de vitória.

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