Capitulo 12

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No dia seguinte, na faculdade, eu estava inquieta. A noite anterior não saía da minha cabeça, e eu sabia que precisava conversar com alguém sobre tudo o que estava acontecendo com Jin. Assim que vi minha melhor amiga, Laura, sentada na cafeteria, fui direto até ela, sem rodeios.

Ela levantou o olhar quando me aproximei, já percebendo que eu estava diferente. "Tá com uma cara esquisita, Mili. O que aconteceu?"

Suspirei profundamente, me sentando à sua frente e puxando o café dela para mim. Tomei um gole rápido e finalmente soltei: "Eu estou ficando com o Jin."

O rosto de Laura se iluminou de surpresa, e ela quase derrubou o próprio café. "O QUÊ?!" ela praticamente gritou, atraindo olhares de alguns colegas próximos. "O Jin, tipo... seu quase meio-irmão Jin? Aquele que você disse que não suportava?"

Eu fiz uma careta. "Ele não é meu irmão, Laura. E eu também nunca disse que o odiava... só que ele me irritava muito."

Ela estreitou os olhos para mim, obviamente desconfiada. "Tá, mas... como assim vocês estão ficando? E como isso começou?"

Suspirei novamente e me inclinei para frente, contando cada detalhe. "Foi tudo muito louco. No começo, ele só implicava comigo, como sempre. Mas depois daquele jantar... quando a gente começou a ficar sozinho em casa... sei lá, as coisas mudaram. E agora estamos ficando, escondidos dos nossos pais."

Laura me olhou, incrédula. "Vocês estão ficando escondidos? Mili, isso parece uma bomba prestes a explodir!"

Eu mordi o lábio, reconhecendo o quanto aquilo era verdade. "Eu sei, mas... não sei, Laura. Quando estamos juntos, parece que o resto do mundo não importa. E... ele tem sido diferente comigo, sabe? Mais carinhoso, mais presente. Só que eu também sei que, se nossos pais descobrirem, vai ser um caos."

Laura balançou a cabeça, ainda absorvendo a informação. "Isso é uma zona completa, Mili. Mas vocês precisam ter cuidado. Seu padrasto e sua mãe não vão aceitar numa boa se descobrirem que vocês estão juntos."

"Eu sei," murmurei, olhando para o café à minha frente, um nó se formando no meu estômago. "Mas eu não consigo parar. Tem alguma coisa entre nós... é mais forte do que eu imaginava."

Laura me deu um olhar de compreensão, mas ainda parecia preocupada. "Só... tenta não deixar as coisas saírem do controle, tá? Eu te conheço, e eu sei o quanto você pode se machucar se isso der errado."

Assenti, sabendo que ela tinha razão. "Prometo que vou tentar."

Ela me lançou um olhar solidário e depois sorriu. "Agora me conta... ele é bom de beijo, pelo menos?"

Eu ri, sentindo o peso da situação aliviar um pouco. "Bom? Ele é incrível."

Ela riu junto comigo, e por um momento, a tensão diminuiu. Mas no fundo, eu sabia que as coisas poderiam ficar muito mais complicadas se nossos pais descobrissem.

Naquela tarde, na escola, eu não conseguia tirar da cabeça a conversa com Laura. Enquanto caminhava pelos corredores, ainda digerindo tudo, vi Jin encostado no armário, falando com alguns amigos. Ele me viu também, e por um segundo nossos olhares se cruzaram. O sorriso provocante que ele sempre usava apareceu imediatamente em seu rosto, e eu senti meu coração acelerar.

Tentei ignorar a onda de calor que subiu por mim e me afastei, fingindo que ele não estava ali. Mas antes que eu pudesse sair do campo de visão dele, ouvi a voz familiar atrás de mim.

"Bravinha, está fugindo de mim agora?" Jin disse, com aquele tom despreocupado que só ele sabia usar.

Eu parei no meio do corredor, sentindo o estômago dar um nó. Virei-me lentamente para encará-lo. Ele estava sozinho agora, seus amigos tinham saído para a aula. Jin caminhou até mim com aquela confiança irritante que eu estava começando a achar impossível de resistir.

"Não tô fugindo de nada," murmurei, cruzando os braços em uma tentativa de parecer firme. "A gente só... tá na escola, lembra?"

Ele riu baixinho, se aproximando mais. "E daí? Esqueceu que a gente é bom em fingir que não tem nada?"

Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso de canto. "Você gosta de se arriscar, não é?"

Jin parou a poucos centímetros de mim, seu olhar fixo no meu rosto. "Com você? Sempre," ele disse, sua voz mais baixa agora, cheia de um flerte descarado.

Eu tentei me manter firme, mas a forma como ele me olhava fazia meu coração disparar. Antes que eu pudesse responder, ele se inclinou um pouco mais perto e murmurou: "Acho que você deveria sair comigo mais tarde."

Levantei uma sobrancelha, surpresa. "Sair? Onde, exatamente?"

Ele deu de ombros, sem perder o sorriso. "Surpresa. Mas garanto que vai ser divertido."

Por mais que eu soubesse que era uma péssima ideia, a tentação de passar mais tempo com ele — longe dos olhos vigilantes de nossos pais — era difícil de resistir. "Tá," eu finalmente disse, tentando soar casual. "Mas nada de problemas."

Jin sorriu de lado, os olhos brilhando com uma promessa silenciosa. "Eu nunca prometi isso, bravinha."

Eu ri, balançando a cabeça, sabendo que estava me metendo em mais confusão. Mas com Jin, tudo sempre parecia um jogo, e eu estava pronta para jogar.

Assim que a aula terminou, Jin já estava encostado no portão da escola, com aquele sorriso convencido que eu já conhecia bem. Ele me esperava, com as mãos no bolso e o olhar cheio de intenções. Suspirei, tentando parecer mais indiferente do que me sentia, e caminhei até ele.

"Então, onde é essa tal surpresa?" perguntei, levantando uma sobrancelha enquanto ele me observava com um brilho divertido nos olhos.

Jin não respondeu de imediato. Em vez disso, ele pegou minha mochila da minha mão com um gesto casual e jogou sobre o ombro, me puxando pelo braço em direção ao estacionamento. "Confia em mim, bravinha. Você vai gostar."

"Eu já tô arrependida," retruquei, mas o sorriso no meu rosto entregava que eu estava mais do que curiosa.

Entramos no carro dele, e Jin colocou os óculos escuros antes de ligar o som, um sorriso secreto no rosto enquanto acelerava para fora da escola. O rádio tocava uma batida suave, mas confortável, enquanto ele dirigia sem dar mais pistas.

"Não vai me dar nenhuma dica?" perguntei, olhando pela janela enquanto a paisagem mudava rapidamente.

"Vai estragar a surpresa," ele respondeu, com um tom de quem estava se divertindo demais.

O caminho parecia demorar uma eternidade, e eu continuei lançando olhares desconfiados para ele, tentando adivinhar o destino. Depois de um tempo, Jin pegou uma estrada de terra que eu não reconhecia e estacionou perto de uma área isolada. Ao descer do carro, olhei em volta, tentando entender onde estávamos. Era uma espécie de colina com uma vista incrível da cidade, mas não havia muito mais ali. Só nós dois e o céu começando a ganhar tons alaranjados com o pôr do sol.

"Surpresa," ele disse, saindo do carro e andando até o porta-malas, de onde tirou uma toalha de piquenique e uma cesta pequena.

Eu pisquei, surpresa e... de certa forma, tocada. "Um piquenique? Achei que você fosse me levar para algo, sei lá, mais caótico."

Jin riu, estendendo a toalha sobre a grama e se sentando casualmente. "Eu sei ser romântico quando quero, bravinha. Não subestima."

Sentei-me ao lado dele, ainda rindo. "Romântico, hein? Essa é nova."

Ele começou a tirar algumas coisas da cesta: frutas, sanduíches, até um suco. "Só queria passar um tempo com você, sem pressa, sem ninguém por perto. O que acha?"

Fiquei em silêncio por um segundo, surpresa com o lado mais suave que ele estava me mostrando. "Eu... acho ótimo," confessei, pegando um pedaço de fruta da cesta. "Mas você vai ter que me convencer de que isso não é só um jeito de me distrair enquanto planeja sua próxima implicância."

Jin deu de ombros, fingindo inocência. "Talvez seja um pouco dos dois."

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