Amor fora do script

Capitulo 03

Eu pisquei, atordoada. "Você só pode estar brincando."

Ele ergueu a mala e a arrastou pelo corredor como se já conhecesse cada canto da casa. "Sua mãe disse que eu devia ficar confortável, então... espero que você tenha espaço."

Fechei a porta com um estalo e virei para minha mãe, que assistia à cena com um sorriso satisfeito. "Mãe, isso é uma péssima ideia. Péssima. Eu não preciso de companhia. Muito menos dele."

Ela me lançou um olhar compreensivo, mas já estava pegando as chaves do carro e verificando se estava com tudo pronto. "Vai ser bom, querida. Aproveitem o tempo juntos, tentem... resolver essa coisa entre vocês."

Eu soltei um suspiro, sabendo que discutir não adiantaria. Jin já estava em casa, e minha mãe estava prestes a sair, com aquele brilho nos olhos que só aparecia quando ela estava com Rodrigo.

"Divirtam-se, tá bom? Qualquer coisa, me liguem," ela disse, beijando minha testa antes de sair pela porta, deixando um silêncio desconfortável entre mim e Jin.

Assim que a porta se fechou, ele apareceu de novo, já sem a mala. "Então, o que vamos fazer agora, bravinha?"

"Agora você vai ficar bem longe de mim," resmunguei, indo para a sala e me jogando no sofá, torcendo para que ele desaparecesse.

Mas, claro, ele me seguiu. "Vamos lá, Mili. Não precisa ser tão fria. Eu sei que você secretamente adora minha companhia."

Eu não me dei ao trabalho de olhar para ele. "Nem nos seus sonhos, Jin."

Ele riu, aquela risada de quem se diverte com o incômodo alheio. "O fim de semana vai ser longo, então é melhor você se acostumar."

Eu virei o rosto e encarei o teto. Como eu ia sobreviver a isso?

Estava deitada no sofá, zapeando pelos canais da TV, tentando me distrair da realidade de que Jin estava na mesma casa que eu — pior, passando o fim de semana aqui. Meu plano era claro: ignorá-lo completamente até ele cansar e sumir para o quarto ou, com sorte, decidir ir embora de vez. Era simples e eficaz.

Pelo menos, foi o que pensei.

Estava começando a me concentrar em um filme qualquer quando ouvi passos se aproximando. Eu não me dei ao trabalho de olhar, já imaginando quem era. Tentei me afundar mais no sofá, esperando que ele desistisse e me deixasse em paz.

Mas Jin, sendo Jin, obviamente não ia facilitar.

Sem pedir permissão, ele levantou minhas pernas, sentou-se ao meu lado e, com o maior descaramento do mundo, colocou minhas pernas no colo dele.

"Pode apoiar os pés em meu colo, bravinha," disse ele, com aquele sorriso irritante de sempre.

Eu o encarei, boquiaberta, sem acreditar no que estava acontecendo. "Você só pode estar brincando."

Ele olhou para mim, completamente relaxado, passando a mão nas minhas pernas como se fosse a coisa mais natural do mundo. "Não estou. Achei que você estivesse precisando de um pouco de conforto."

"Conforto?" Eu ri, sarcástica. "Você é a última pessoa no mundo que me traria qualquer tipo de conforto."

"Ué, por que não?" Ele deu de ombros, fingindo inocência. "A gente tá aqui, sozinhos, e temos o fim de semana inteiro pela frente. Que mal tem em relaxar um pouco?"

"Você é insuportável," resmunguei, tentando puxar minhas pernas de volta. Mas ele segurou com firmeza, não o suficiente para machucar, mas o bastante para deixar claro que não ia soltar.

"Relaxa, Mili. Tô tentando ser gentil, por incrível que pareça," ele disse, com aquele sorriso de canto que me dava nos nervos. "Além do mais, ficar brigando o fim de semana todo vai ser cansativo pra caramba."