Capítulo 15 - Fragmentos do Passado

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A manhã começava a se esgueirar pela cidade de Nova Orleans, enquanto Elijah estava sentado em uma sala modesta, iluminada apenas por velas, esperando que as bruxas reunidas terminassem de preparar o feitiço. O cheiro de ervas queimadas e encantamentos pairava no ar, e ele observava impacientemente o círculo que elas desenhavam no chão, os símbolos arcanos reluzindo à luz vacilante das chamas.

Havia duas bruxas à sua frente, ambas com expressão de cansaço e concentração profunda. Amélia, a mais velha, tinha um olhar sábio e firme enquanto analisava as forças que cercavam Celeste. A seu lado estava Lorette, mais jovem, porém igualmente resoluta.

Amélia ergueu os olhos para Elijah e falou em tom cauteloso. “Sua amada, Celeste, está sob uma barreira mágica extremamente poderosa. Ela carrega um campo de proteção que repele qualquer tentativa de localização.”

Elijah se aproximou um pouco mais, os olhos fixos na bruxa. “Proteção? Você quer dizer que Marcel fez isso para escondê-la?”

Lorette interveio, com um olhar compreensivo. “Não podemos ter certeza. Essa barreira poderia muito bem ter sido criada por ela mesma, talvez de forma inconsciente, se ela estivesse sob grande estresse ou perigo. O poder de uma bruxa pode reagir por conta própria, protegendo-a.”

Elijah franziu a testa. A ideia de que Celeste, mesmo inconscientemente, pudesse estar se protegendo indicava o quanto ela estava em perigo ou assustada. A força do feitiço refletia o poder que ela ainda possuía. Mas essa possibilidade também trazia um peso em seu coração: o medo de que ela estivesse sofrendo sozinha, sem saber que ele estava desesperado para encontrá-la.

“Não há nada que possam fazer para romper essa barreira?” Elijah perguntou, sua voz um pouco mais baixa, quase como se ele não quisesse ouvir a resposta.

As duas bruxas trocaram um olhar hesitante, e Amélia suspirou, escolhendo suas palavras com cuidado. “Romper essa barreira significa romper o instinto dela de se proteger. Se essa magia veio dela, seria como ferir seu próprio espírito. Poderia ser perigoso para ela, e poderia deixá-la vulnerável a qualquer ataque direto.”

Elijah olhou para o chão, o conflito em sua mente claro em seu rosto. Cada vez mais, o peso da situação o fazia questionar até onde ele poderia ir para salvar Celeste, sem colocar sua vida em risco.

Após alguns minutos, agradeceu às bruxas e saiu, voltando para casa com uma sensação de desespero e impotência.

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Enquanto caminhava pelas ruas de Nova Orleans, sentiu-se envolto em uma melancolia densa. Ao cruzar a entrada de casa, uma leve tontura o atingiu, como um sussurro vindo de outra época, chamando por ele.

Ele levou a mão à cabeça, tentando dissipar o mal-estar, mas, antes que pudesse processar o que estava acontecendo, viu-se de repente transportado para outra época, um vislumbre rápido como um flash de luz.

Ali estava ele, de braços dados com Celeste, entrando em um salão elegante. Seus rostos iluminados pelo brilho dos candelabros, e ela sorria de maneira doce e serena.

A imagem desvaneceu-se tão rápido quanto surgira, mas foi o suficiente para abalar Elijah. Ele cambaleou, as pernas fraquejando enquanto a cena desaparecia. Caindo de joelhos, viu-se em outro momento, entrando em um quarto com livros nas mãos. Celeste estava deitada na cama, o olhar radiante de felicidade.

Uma onda de saudade e desespero percorreu seu corpo. Suas mãos tremiam, e ele deixou que as lágrimas rolassem pelo rosto, sem se importar em escondê-las.

Então, viu-se com ela de novo, os dois juntos na cama, sorrisos cúmplices trocados, os olhares apaixonados entrelaçados como se não houvesse mais nada no mundo além deles. Mas, logo em seguida, uma cena sombria tomou conta. Ele se viu soltando a mão dela, uma despedida dolorosa, e uma sensação sufocante de arrependimento o tomou por completo.

De volta à realidade, Elijah permaneceu ajoelhado no chão da mansão, o peito apertado e a mente inundada pela incerteza. Por um instante, ele se perguntou se, em algum momento no passado, ele a teria abandonado. Esse pensamento o devastou. O que ele temia acima de tudo era que a força de seu amor não tivesse sido suficiente para protegê-la daquela dor.

As memórias deixaram uma marca profunda, e Elijah percebeu que, para salvar Celeste, ele precisaria confrontar os erros do passado – aqueles que ele lembrava e aqueles que talvez sua mente houvesse suprimido.

Echoes of time~Elijah Mikaelson Onde histórias criam vida. Descubra agora