05 - Primeira folga

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Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Uma semana se passou desde que entrei no batalhão, e a cada dia, sentia que meu nome ganhava mais força. Meus esforços estavam sendo notados, principalmente por três homens: Capitão Nascimento, Coronel Carvalho e o Soldado Neto. Mas havia uma diferença clara entre eles. Nascimento era reservado, mantinha distância, como se sempre estivesse analisando cada movimento ao seu redor. Carvalho, por outro lado, era mais ousado; suas palavras vinham disfarçadas de elogios sutis, mas carregadas de intenções. Seu jogo era perigoso, mas eu sabia jogar.

O ápice dessa tensão aconteceu alguns dias atrás, quando ele tentou me beijar no escritório. Aquele olhar insistente e a proximidade de seus lábios não me surpreenderam, mas eu fiz questão de me esquivar, deixando um sorriso de canto nos meus lábios. Ele não me teria tão fácil assim, mas não descartei a ideia por completo. Ele podia ser útil, se eu soubesse como usar a situação a meu favor.

O que eu queria era poder, e homens como ele eram ferramentas no caminho até lá.

Mas o Nascimento... Ele era um mistério. Sua postura rígida e a forma como me olhava sem realmente me olhar faziam com que eu quisesse mais do que sua aprovação. Eu queria quebrar essa armadura que ele vestia e descobrir o que havia por trás. Era um desafio que eu estava disposta a aceitar, e quando ele mencionou que morava perto de mim, algo despertou. Curiosidade, talvez. Interesse, certamente. Mas sabia que não seria fácil. Ele era casado, fiel à sua vida de fachada, enquanto eu era a novidade que despertava algo nele que nem ele próprio parecia entender.

Meu foco estava claro: eu subiria, custe o que custasse.

Depois de um plantão de 42 horas, finalmente em casa, tomei um banho longo e me preparei para a noite que viria. O bar já estava marcado, sugestão do Coronel Carvalho. Ele sabia que estaríamos todos lá, e eu também sabia que precisaria me manter atenta. A noite prometia. Escolhi um vestido preto justo, com um decote discreto, e finalizei com meu batom vermelho. Nada gritante, mas o suficiente para marcar presença.

[...]

Ao chegar no bar, avistei o pessoal do batalhão na mesa: Matias, Nascimento, Neto, Azevedo e Renan. Senti falta de Carvalho, mas não me preocupei. Ele apareceria. Aproximando-me da mesa, fui cumprimentando um por um, mantendo a calma habitual. Quando cheguei ao Nascimento, nossos olhos se cruzaram por um breve segundo, e senti a tensão no ar. Apenas um aceno e um sorriso discreto, e me sentei ao lado dele.

A conversa fluía, mas minha mente estava atenta. Nascimento mantinha o rosto sério, os olhos discretamente pousados em mim de vez em quando, sem entregar muito. Mas então, algo me chamou atenção. No pulso dele, um relógio. Um Rolex. Discreto, mas inegavelmente caro.

— Bonito relógio, Capitão. — Comentei com um sorriso de canto, minha voz baixa o suficiente para apenas ele ouvir.

Ele olhou para mim, firme, sem vacilar.

Coração Implacável - Capitão nascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora