07 - Discussões

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Quartel do BOPE, Rio de Janeiro

Assim que entrei no batalhão, a primeira pessoa que vi foi Neto. Que falta de sorte. Minha cabeça ainda estava presa naquele beijo que Roberto havia me dado. O calor, a força, o gosto dele... tudo isso ainda me queimava por dentro, e encontrar alguém justo agora era tudo o que eu não precisava.

Neto me observava com aquele olhar que já conheço. Ele sempre demonstrou interesse, de forma mais sutil do que os outros. Mas eu já sabia onde aquilo ia dar, e a última coisa que eu queria agora era ter que lidar com as investidas dele.

— Soldado Monteiro! — Ele me chamou, com um sorriso largo no rosto.

Revirei internamente os olhos, mas me obriguei a manter a expressão tranquila e amigável. Não podia demonstrar qualquer sinal de que algo estava errado.

— Soldado Neto, precisa de alguma coisa? — Perguntei, retribuindo o sorriso. Eu não podia deixar que ninguém percebesse o caos que estava acontecendo dentro de mim. Principalmente não ele.

— Não, na verdade… — Ele coçou a nuca, hesitante, típico dele quando tentava puxar algum assunto mais pessoal. — Eu só queria saber se você aceitaria uma carona. O expediente já está terminando, e, bom, eu pensei que talvez...

Neto era bonito, não vou negar. Um tipo que muitas outras mulheres acharia atraente. Mas ele não era Nascimento. E nesse momento, eu estava completamente dominada pelo que havia acontecido mais cedo com o Capitão. O gosto do beijo, a maneira como ele segurou meu rosto, aquilo havia acendido algo em mim. Algo que nenhum outro homem tinha despertado antes, nem Neto, nem o Coronel, nem qualquer um dos outros com quem já estive fora daqui.

— Eu agradeço, Neto, mas vou ficar um pouco mais por aqui. Tenho algumas coisas para terminar — Respondi, mantendo a gentileza. Não queria dar motivos para ele insistir, mas também não tinha a menor intenção de criar qualquer situação desconfortável.

Ele assentiu, um pouco sem graça, mas manteve o sorriso.

— Claro, claro... se precisar de qualquer coisa, estou por aqui — Disse, antes de se afastar, finalmente me deixando sozinha.

Assim que ele se foi, respirei fundo, tentando reorganizar minha mente. Aquilo era o que eu queria, um momento de paz, um instante longe de olhares curiosos, para poder processar o que havia acabado de acontecer. Mas nem mesmo o silêncio do batalhão me ajudava a me concentrar. O toque de Nascimento ainda estava em mim, sua presença parecia queimar, mesmo à distância.

O problema era que aquele beijo não havia sido como qualquer outro. Não era como os beijos que já dei em outros homens. Com Nascimento, eu senti algo diferente. Não era apenas a atração, mas a intensidade, a sensação de ser desafiada. Ele me olhava de um jeito que poucos ousavam, como se soubesse de tudo, como se pudesse ver através da fachada que eu construí ao longo dos anos. E eu gostava disso.

Coração Implacável - Capitão nascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora