08 - Tentação e Conflito

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Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

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Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Três dias se passaram desde aquele beijo com Camila, e a maldita cena não me deixava em paz. Era como um eco que se repetia toda vez que eu tentava me concentrar. O jeito que ela me olhou antes de se aproximar, a intensidade de seus lábios nos meus, como se quisesse provar algo — tudo isso me perseguia. Eu já passei por tanta merda na minha vida, já vi coisas que muitos não aguentariam, mas nunca pensei que um simples beijo pudesse me desestabilizar dessa maneira.

Eu disse pra ela que não ia jogar meu casamento no lixo por causa de uma mulher qualquer, e acreditava nisso. Porra, eu realmente acreditava. Mas a verdade é que, toda vez que fecho os olhos, é o rosto dela que aparece. Não consigo desligar, é como se meu corpo não quisesse me obedecer. Eu queria esquecer, queria seguir em frente, mas, a cada lembrança, a cada imagem dela que surgia na minha mente, a determinação de deixar isso pra trás parecia enfraquecer.

Agora, aqui deitado na cama, Rosane dorme ao meu lado, respirando tranquilamente, alheia a tudo o que está passando pela minha cabeça. Tento focar em nós dois, na vida que construímos, mas logo me vejo recordando a noite de ontem. A noite que fizemos sexo. Tudo estava normal, pelo menos era o que parecia. Eu toquei minha esposa, do jeito que sempre faço, como fiz centenas de vezes nesses vinte anos. E, em algum momento, a imagem da Camila invadiu minha cabeça.

Não foi planejado, nem consciente, mas, enquanto eu estava com Rosane, foi o corpo da Camila que apareceu nos meus pensamentos. Cada curva, cada movimento que ela fazia, quase sem esforço, como se soubesse exatamente o poder que exercia sobre mim. Senti meu coração acelerar, o sangue fervendo nas veias de uma maneira que não acontecia há muito tempo. E então, no instante em que o prazer me dominou, foi a Camila que eu imaginei. Foi nela que eu pensei quando gozei.

Senti uma onda de culpa logo em seguida, uma sensação amarga que tentava me puxar de volta à realidade. Mas ao mesmo tempo, havia outra coisa. Um desejo. Uma vontade de repetir aquela sensação, de, pelo menos uma vez, sentir o que era estar com ela de verdade. Não era amor, disso eu tinha certeza. Não era o tipo de sentimento que eu construí com Rosane, feito de anos de convivência e respeito. Era outra coisa. Algo mais primitivo, mais urgente. Um desejo que não consegui controlar, como se meu corpo estivesse gritando por algo diferente, algo que eu não encontrava mais no meu casamento.

É isso que acontece quando você fica com a mesma pessoa por tanto tempo. O sexo vira uma espécie de obrigação, um ato quase mecânico. Com o tempo, o que antes era excitante, agora parece previsível. Não é que Rosane tenha mudado, ou que eu a ame menos. É simplesmente que o corpo dela não me desperta mais o mesmo fogo que despertava no início. O que temos agora é intimidade, conforto, uma parceria. Mas falta aquele choque de desejo, aquela adrenalina que faz você perder o controle.

Com a Camila, é diferente. Ela traz o caos. Cada gesto dela parece calculado pra me tirar do eixo, e a cada dia que passa, a tentação fica mais difícil de ignorar. Eu tento me convencer de que isso é passageiro, que logo vai passar, mas a verdade é que cada vez que penso nela, sinto que preciso resolver isso. Não se trata de paixão, muito menos de amor. Isso aqui é fome, puro e simples. Uma necessidade física que precisa ser satisfeita.

Coração Implacável - Capitão nascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora