Uma semana após Ester ter abandonado Lucy, o vazio na vida de Lucy apenas crescia. O mundo parecia um lugar desolado e vazio, onde cada minuto sem Ester era um lembrete cruel da solidão que a consumia. As noites eram intermináveis, envoltas em um silêncio sufocante. O peso das memórias de Ester a perseguia, como fantasmas que não deixavam sua mente em paz.
Lucy (falando para si mesma, com a voz embargada pela tristeza): Eu... já não me reconheço mais. Quem eu era? Eu era outra pessoa... alguém que tinha esperança, alguém que acreditava no amor, que acreditava em nós duas. Mas agora... não resta nada. Eu não aguento mais essa vida. Por que, sempre que eu me apego a alguém, essas pessoas fogem de mim? Por que ninguém se importa se eu me sinto sozinha ou se meus pensamentos são sombrios?
Ela encarava o espelho, mas não via a si mesma. As olheiras profundas mostravam as noites sem dormir, e seus olhos, outrora cheios de vida, agora estavam vazios, afogados no desespero. Tremendo, Lucy pegou a arma que mantinha escondida e a segurou firmemente, a ponta fria encostando em sua têmpora.
Lucy (sussurrando, com a voz quase inaudível): Talvez... seja melhor assim. Talvez a dor acabe de uma vez por todas.
O dedo de Lucy tremeu sobre o gatilho, mas, no último momento, ela hesitou. Algo dentro dela, uma faísca de esperança ou desespero, a fez parar. O que ela realmente queria não era o fim, mas uma chance de redenção. Ela queria que Ester a visse diferente, queria provar que podia mudar, que podia ser a pessoa que Ester precisava.
Lucy (com um novo pensamento): Eu... preciso vê-la. Preciso fazer com que ela me perdoe, mostrar que posso ser melhor por ela.
Decidida, Lucy guardou a arma e, com o coração acelerado, saiu em busca de Ester. A cada passo, a chuva fina que caía parecia aumentar a dor em seu peito, mas ela continuava. O caminho até a casa de Ester parecia interminável, cada gota de chuva uma lembrança da última vez em que a viu, da dor da separação.
Quando chegou à casa de Ester, Lucy sentiu seu coração bater forte no peito, a ansiedade subindo por seu corpo. Bateu na porta, com esperança de que Ester a recebesse, mas foi atendida pelos pais da garota, seus rostos duros e frios.
Lucy (com um sorriso tímido, tentando esconder sua aflição): Onde está a Ester? Eu... preciso falar com ela.
Os olhos do pai de Ester a examinaram com desprezo, enquanto a mãe, com os braços cruzados, apenas balançava a cabeça em negação.
Pai de Ester (com a voz fria e dura): Você não merece a amizade dela, Lucy. Tudo que você faz é errado. Você acha que alguém vai querer ficar ao seu lado? Você a colocou em perigo. Ninguém aqui quer te ver de novo.
Aquelas palavras atingiram Lucy como um soco no estômago. Sua respiração ficou pesada, e seu coração, já frágil, quase parou. Ela tentou se manter firme, mas seus olhos lacrimejaram.
Lucy (implorando, com a voz trêmula): Eu só queria protegê-la. Nunca quis que ela se sentisse mal... por favor, me deem uma chance. Eu posso mudar, eu juro! Me deixem provar isso.
Mãe de Ester (com desprezo, interrompendo-a): É tarde demais, Lucy. Sabe o que você deveria fazer? Sumir. Nunca mais apareça aqui e nem procure pela Ester. Você já causou danos suficientes.
Aquelas palavras, carregadas de ódio, foram o golpe final. Lucy, com os olhos marejados, deu um passo para trás, incapaz de falar. Tudo o que ela queria, tudo o que ela precisava, foi negado. Sem forças, virou-se lentamente e começou a caminhar de volta para a rua, a chuva misturando-se às suas lágrimas.
Lucy (sussurrando para si mesma, em meio às lágrimas): Eu só queria uma chance... uma chance de mudar... por que ninguém entende isso?
Cada passo que Lucy dava a afastava mais da esperança. A dor no peito era esmagadora, como se seu coração estivesse sendo arrancado lentamente. Ela não conseguia parar de chorar, e o caminho até a praça parecia interminável. Quando finalmente chegou, sentou-se em um banco, o corpo trêmulo, enquanto as lágrimas escorriam sem controle.