Depois que Ester se despediu de Kate naquela noite fria e silenciosa, Kate ficou parada, olhando para o vazio deixado pela amiga. A despedida parecia ter selado seu destino, um caminho que agora seguiria sozinha, sem ninguém ao seu lado. Cada passo que dava a partir daquele momento era mais pesado que o anterior, como se o peso da rejeição estivesse fisicamente enraizado em seus ossos. O mundo ao redor continuava se movendo, mas para Kate, tudo parecia desacelerado, como se a vida tivesse perdido sua vitalidade e cor.
Um ano se passou.
Ester, por outro lado, seguiu em frente, apagando cada lembrança de Lucy e Kate de sua mente. O passado, que um dia a assombrara, agora não passava de uma vaga sombra, algo que não merecia sua atenção. Ela continuava sua vida, com amigos novos, momentos de diversão e risadas que preenchiam os dias e noites. Lucy se tornara apenas um nome distante, uma pessoa que havia cruzado seu caminho, mas que, aos poucos, se tornara irrelevante.
A vida seguiu para Ester como se nada tivesse acontecido, e cada vez mais, ela mergulhava na superficialidade dos momentos de prazer e distração. Os rostos, as vozes, as conversas eram transitórios, e as marcas deixadas por Lucy e Kate estavam completamente apagadas. A noite em que tudo mudara, que um dia parecia significativa, havia se transformado em uma memória nebulosa, perdida em meio a tantas outras.
Para Ester, o passado era apenas isso - passado. Algo enterrado, esquecido, sem peso ou importância. Enquanto para Kate, o mesmo passado ainda pesava, como uma âncora que a mantinha presa à dor e à solidão, Ester já nem lembrava mais.
Durante o ano que se passou após os eventos com Ester, Kate encontrou uma nova companhia em Lea, que apareceu em sua vida nesse período de solidão. Lea se tornou uma presença constante, alguém com quem Kate podia contar, mesmo que o vazio deixado por Ester ainda estivesse ali, ecoando em cada silêncio e pensamento. Apesar de sua nova amizade, Kate nunca conseguia preencher completamente o buraco em seu coração, mas a presença de Lea oferecia uma distração, uma fuga temporária da dor que Ester havia deixado para trás.
Kate - Ultimamente, eu não me sinto bem. As coisas andam tão estranhas... nada está dando certo. (Ela desvia o olhar, a tristeza transparecendo em seu rosto).
Lea - Por que? Eu posso ajudar em alguma coisa? (Lea observa Kate atentamente, seu tom é gentil, quase maternal).
Kate - Desde que Lucy morreu... e desde que Ester disse que não me quer por perto, isso me deixou tão confusa, sabe? (A voz de Kate embarga, a dor do passado ainda a assombra).
Lea - (Suspira) Sinto muito, mas você prometeu que tentaria esquecer isso e focar em você, lembra? (Ela tenta ser firme, mas seu olhar é compreensivo).
Kate - Sim, eu falei... mas é que é difícil superar isso. (Ela morde o lábio, lutando contra as lágrimas) Todas as noites, os pensamentos negativos vêm, e as lembranças machucam tanto, entendi? (Seu olhar está perdido, como se estivesse revivendo momentos dolorosos).
Lea - Eu entendo, mas você prometeu focar em você e não nas pessoas que não querem nada com você. (Ela tenta transmitir força, mas sente a vulnerabilidade de Kate).
Kate - Eu sei que disse isso, mas se eu não fizer nada, não vou me sentir bem. Faz isso por mim, por favor, eu imploro. (Ela se inclina, com um tom de desespero, como se a última esperança estivesse na mão de Lea).
Lea - (Cede um pouco, mas ainda hesita) Está bem, eu vou até Ester tentar convencê-la a conversar contigo. (Ela sente um peso no coração, mas sabe que precisa fazer isso).
Kate - (Um sorriso fraco aparece em seu rosto) Eu te agradeço muito por isso. (A gratidão é genuína, mas o medo ainda paira no ar).
Lea - Mas quero que você saiba de uma coisa: isso que você quer não está certo, você sabe disso, né? (Ela fala com delicadeza, mas com firmeza).
