Capítulo 1: A História de G7

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Capítulo 1: A História de G7

A água caía sobre o corpo de G7 enquanto ele encostava as mãos na parede fria do banheiro. Aquele momento era raro, uma pausa silenciosa em meio ao caos da sua vida no morro. Enquanto a água escorria, seus pensamentos voltavam ao passado, memórias que ele geralmente preferia manter enterradas.

G7 (pensando): "Minha vida nunca foi fácil, mano... desde moleque, eu já sabia que o mundo era cruel."

Ele passou a mão no rosto, sentindo o peso dos anos. Sua mente voltou àquela fatídica noite, quando tinha apenas sete anos, uma criança abandonada à própria sorte. O que uma criança faz quando os pais a largam no mundo? Sobrevive.

G7 (pensando): "Fui abandonado pelos meus pais quando tinha sete anos... Sete. Eu nem sabia o que era certo ou errado, só sabia que eu tinha que viver. E viver num mundo que não tinha espaço pra mim."

Com nove anos, ele já tinha aprendido a se virar. A fome apertava, a solidão gritava, e a rua era sua única escola. Foi nesse cenário que ele encontrou a vida do crime, ou melhor, a vida do crime o encontrou. E ele abraçou aquilo como a única saída.

G7 (pensando): "Com nove anos, já tava na correria, mano... roubando, aprendendo a lidar com o perigo. E com 16, já era o dono do morro. A vida me deu limão e eu fiz limonada, tá ligado?"

A água do chuveiro misturava-se com as lembranças, e ele sentia o gosto amargo de cada perda. Uma cicatriz invisível em seu coração.

G7 (pensando): "Eu sou hetero, cê tá ligado. Mas aqui no morro, não tem essa de preconceito, não. Eu mando meus aliados, meus vapores, respeitar os LGBT. Ninguém merece passar pelo que eu passei, ser rejeitado."

Ele lembrou de sua única namorada, aquela que ele amou de verdade. Ela era sua fuga, seu refúgio. Mas ela o deixou. Foi embora com outro homem. E isso destruiu o pouco que restava de sua fé no amor.

G7 (pensando): "Já tive uma namorada... mas ela foi embora com outro cara. Foi aí que eu aprendi, irmão. Não dá pra confiar. Todos que disseram que me amavam me deixaram sozinho. Por isso, eu não me apego mais. Amor? Isso aí morreu pra mim."

A água quente agora parecia ferver em sua pele, mas ele não se incomodava. A dor emocional sempre foi maior que qualquer dor física.

G7 (pensando): "Eu virei dono dessa porra toda porque o antigo dono gostava muito de mim. Ele me via como um filho, e eu o via como um pai. Foi ele que me deu tudo que eu tenho hoje. Mas ele também se foi."

Com 27 anos, G7 era o nome mais temido do morro. Mas ninguém sabia quem ele realmente era. Usava uma máscara, não só para esconder seu rosto, mas para proteger o que restava de sua alma.

G7 (pensando): "Ninguém nunca viu meu verdadeiro rosto. Eu uso máscara pra todo mundo. Ninguém sabe meu nome, nem meu sobrenome. E, quer saber? Eu prefiro assim. Tá ligado que quanto menos souberem de mim, mais poder eu tenho."

Ele desligou o chuveiro, sentindo o peso de sua vida mais uma vez sobre os ombros. Tudo que ele conquistou foi para não passar fome. Mas no fundo, ele sabia que a fome que ele sentia agora era de algo mais, algo que talvez ele nunca tivesse.

G7 (pensando): "Eu só entrei nessa vida pra não passar mais fome. Só isso... mas parece que a fome por dentro, essa não tem como matar."

Ele respirou fundo, envolveu a toalha no corpo e se encarou no espelho. A máscara estava ali, ao lado da pia. Sua velha companheira.

G7 (pensando): "Eu sou o G7. E aqui no morro, sou mais que um homem. Sou uma lenda."


Continua.....

G7 27 anos

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