Capítulo 26

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4 anos depois...

Pov Caio:

Eu me lembro do momento em que minha mãe apareceu na porta de cada. Ela ainda parecia um pouco abatida, mas havia algo diferente em seu olhar, uma mistura de arrependimento e esperança que eu não conseguia ignorar. Naquele instante, todos os sentimentos conflitantes que eu havia guardado por tanto tempo voltaram com força total. Eu não sabia se deveria abrir espaço para alguém que tinha me machucado tanto, que tinha em quebrado em pedaços que eu mal conseguia juntar. Mas, quando olhei nos olhos dela, vi uma fragilidade que me lembrou de quando eu era criança e acreditava que ela era a pessoa que sempre me protegia.

Aceitar minha mãe de volta não foi fácil. Meu coração estava dividido entre mágoa e amor, entre ressentimento e compaixão. Eu me perguntava se estava fazendo a coisa certa, se não estava apenas me preparando para me machucar de novo. Mas Luan estava ao meu lado durante todo o processo, sempre presente de uma maneira silenciosa e firme. Ele nunca me pressionou a perdoar a minha mãe; apenas me deu o espaço que eu precisava para lidar com minhas emoções à minha maneira. Ter Luan ali, como um porto seguro, fez toda a diferença. Ele me mostrou que eu não estava sozinho mesmo nos meus momentos mais vulneráveis.

Os primeiros meses de tentativa de reconciliação foram cheios de conversas difíceis e lembranças dolorosas. Eu tinha medo de me abrir, de mostrar minha feridas, de permitir que ela visse o quanto eu ainda estava machucado. Mas aos poucos, comecei a perceber que ela estava realmente tentando. Se esforçando para mudar, para ser uma parte positiva da minha vida. E, de algum jeito, isso me dei força para encarar minha próprias sombras, para confrontar os demônios que ainda me assombravam.

Agora, quatro anos depois, no dia da minha formatura, enquanto me preparo para subir no palco ao lado de Luan, sinto uma onda de emoções me invadir. Minha mãe está ali na plateia, e o sorriso dela é de orgulho e emoção genuína. Eu nunca imaginei que esse dia chegaria, que eu pudesse estar em paz com ela, comigo mesmo, com o passado. Ainda existe uma parte de mim que guarda a dor, que se lembra das decepções, mas sei que perdoar e me reconciliar foi mais sobre me liberar do que qualquer outra coisa.

Olhando para Luan ao meu lado, sei que não teria conseguido sem ele. Ele esteve comigo nos meus piores momentos, me ajudou a me reconstruir quando eu não achava que isso era possível. E agora, com ele ao meu lado, sinto que finalmente encontrei um lugar onde pertenço. Eu me sinto pronto para enfrentar qualquer coisa que venha, sabendo que tenho ao meu lado o amor da minha vida que me manteve firme, mesmo quando eu achava que tudo estava perdido.

Pov Luan:

Esses últimos quatro anos foram uma montanha-russa emocional para mim. Quando comecei a namorar Caio, logo depois que a mãe dele saiu da clínica de reabilitação, eu sabia que estava entrando em algo complicado. Eu via a dor nos olhos dele, as mágoas que ele carregava, as cicatrizes que não eram só físicas, mas profundamente emocionais. Sabia que o processo de reconciliação entre Caio e a mãe não seria fácil, mas também sabia que estava disposto a estar ao lado dele, não importava quanto tempo levasse.

Sempre acreditei no amor que sinto por Caio, e por isso escolhi ser aquele apoio constante e silencioso que ele precisava. Eu sabia que pressioná-lo a perdoar a mãe não era a resposta, então fiz questão de dar a ele o espaço necessário. Eu estive ali para oferecer um ombro quando ele precisava chorar, um abraço quando as palavras falhavam, e um espaço seguro onde ele pudesse se expressar sem medo de ser julgado. Foi difícil vê-lo lutando com seus próprios sentimentos, o medo de se machucar de novo, as dúvidas sobre confiar na mudança da mãe, mas sabia que Caio precisava passar por tudo isso no seu próprio tempo.

Com o passar dos anos, eu vi Caio mudar, crescer, e encontrar uma paz que eu nunca tinha visto nele antes. Cada pequeno passo que ele dava em direção à cura e à aceitação do amor da mãe me enchia de orgulho. Poder estar ao lado dele nessa jornada, segurando sua mão quando ele mais precisava, foi uma das maiores alegrias da minha vida. Ver Caio se tornar alguém mais forte e seguro de si mesmo fez tudo valer a pena.

O garoto quietoOnde histórias criam vida. Descubra agora