Capítulo 12: '(1 Pedro 5-8 )'

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"Estejam alertas e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.

(1 Pedro 5-8 )"

🐏Any:

Havia se passado algumas semanas. Após a morte do bispo, o mosteiro virou um caos com a disputa pelo posto vago. Os padres mais capacitados foram convocados a viajar para o Vaticano, onde seriam avaliados por autoridades competentes que escolheriam o próximo bispo da arquidiocese.


Os padres indicados foram:

Padre Alfonso: Experiente, conhecido por sua sabedoria, liderança, carisma e facilidade de atrair novos adeptos para a religião. 

Padre André: Destacado pelo seu zelo pastoral e dedicação aos projetos sociais, muitas vezes trabalhando em conjunto com o Padre Francisco.

 Padre Tomás: Renomado por sua profunda espiritualidade e vasto conhecimento teológico.

Padre Francisco: Envolvido em trabalhos sociais e com grande empatia pela comunidade.

Padre Manuel: Veterano com vasto conhecimento e experiência na administração da diocese. Ele formou todos os padres da paróquia e possui um vasto conhecimento de teologia.

Padre Pedro: Reconhecido pelo seu comprometimento com a educação religiosa.

Esse tempo longe da presença de Poncho me fez bem, permitindo-me organizar meus pensamentos. Focalizei nas aulas que eu deveria dar e na amizade sincera de Dulce, que conhecia todos os detalhes do mosteiro como a palma da mão, o que foi de suma importância.

O mosteiro estava vazio, sem a presença de uma boa quantidade de padres que estavam no Vaticano. Isso fez com que alguns dos diáconos assumissem as missas de menor relevância.

Certo dia, enquanto caminhava pelos corredores silenciosos do mosteiro, senti uma estranha sensação de paz e, ao mesmo tempo, um desconforto inexplicável. Era como se algo importante estivesse prestes a acontecer. Dulce me encontrou na biblioteca, onde eu estava pesquisando antigos manuscritos.

— Any, você parece preocupada — Disse ela, aproximando-se.

— Talvez seja só o vazio do mosteiro me afetando — Respondi, tentando parecer despreocupada.

— Você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, não sabe? — Dulce insistiu, segurando minha mão com um sorriso encorajador.

Agradeci com um sorriso e, após uma breve conversa, voltamos às nossas tarefas. No entanto, algo na atmosfera parecia mudar gradualmente. As sombras pareciam mais profundas e o silêncio mais opressivo. Naquela noite, tive um sonho inquietante. Vi uma figura cadavérica, com pele queimada e olhos vermelhos, liderando um ritual satânico. Ao despertar, meu coração batia acelerado, e eu sabia que havia algo mais naquele mosteiro do que apenas a ausência dos padres.

Os dias seguintes foram repletos de pequenas perturbações: portas que se fechavam sozinhas, sussurros inaudíveis nos corredores vazios e uma sensação constante de ser observada. Decidi investigar mais a fundo os manuscritos antigos, na esperança de encontrar alguma saída de como se livrar de um demônio ou até se havia a possibilidade de matar um.

Mas nas bibliotecas só havia coisas sem relevância como: bíblia em vários idiomas, livros sobre teologia e autobiografia que padres muito importante no meio catalico. Mas eu sentia que eu estava deixando passar algo.

— Céus! Algo não está certo aqui? — Sussurro. -Cadê os estudos da época medieval? Livros sobre a inquisição e bruxaria?

— Está tudo bem, Anyzinha? — A voz de Dulce brotou ao meu lado e me fazendo dar um pulo.

— Si...Sim... — Confirmo.

Dulce se sentou sobre a mesa ao meu lado, ela estava com seu hábito impecável como sempre e dava boa mordida em sua maçã extremamente vermelha que parecia ter sido tirada do éden.

— Tem certeza? — Perguntou ela. — Você sabe que pode confiar em mim.

— Eu sei... — Digo. Posso te perguntar algo?

— Claro! — Falou com um sorriso.

— Existe alguma biblioteca escondida aqui? com artefatos históricos? Ou manuscrito importante ou que não deve ser visto? — Perguntei com um sorriso pidão. — Sou historiadora e estou surtando com essa maresia.

— Só existem 2 bibliotecas aqui. Essa que estamos é uma partícula do Padre Alfonso... — Sua voz foram morrendo ao perceber a merda que fez

Dulce levou a mão à boca para se calar de imediato, ela havia percebido que acabou de cometer um gafe e sabia era iria despertar o mesmo sentimento que Eva teve para provar o fruto proibido.

— Padre Poncho tem uma biblioteca secreta? — Acendendo um brilho nos meus olhos.

— Céus! Ele vai me matar... — Sussurou de forma incomprendivel. — Eu a minha boca grande...

— Relaxa! Jamais vou te deletar. — Digo em promessa.

— Por deus, Any. — Exclamou ela, — Me Prometa jamais vai pisar lá?

— Eu prometo — Disse, cruzando os dedos discretamente atrás das costas.

Fazia tempo que não sabia o que era uma boa noite de sono, porque agora minha noites era perturbada sempre pelos mesmos sonhos. Era o demônio daquela noite me seguindo e me pegando como sacrifício ou era com o Padre Poncho com a gente se entregando aquele amor proibido e às vezes era a união dos dois sonhos.

Naquela noite, tive um sonho perturbador. O cenário era o mosteiro, mas tudo parecia distorcido e sombrio. As paredes estavam cobertas de sombras que se moviam como se tivessem vida própria, e uma neblina espessa flutuava pelo ar, abafando qualquer som.

Encontrei-me em um corredor familiar, mas a atmosfera era opressiva. Enquanto caminhava, senti uma presença ao meu lado. Ao virar-me, vi o Padre Alfonso, com uma expressão severa e um olhar vazio. Ele não parecia notar minha presença, apenas caminhava rigidamente, como se estivesse sendo guiado por uma força invisível.

De repente, o corredor se abriu em uma grande sala iluminada por chamas trêmulas de velas. No centro, uma figura estava de costas, vestida com uma túnica escura. Reconheci imediatamente a figura do Demônio. Ele se virou lentamente, revelando um rosto cadavérico, com pele queimada e olhos vermelhos que brilhavam com uma malícia sobrenatural.

— Você? — sussurrei, recuando instintivamente.

Demônio sorriu, um sorriso distorcido e cruel, enquanto sua forma começava a se transformar diante dos meus olhos. Sua pele se tornou ainda mais pálida, os olhos mais brilhantes, e chifres começaram a emergir de sua testa. Suas mãos se transformam em garras afiadas, e ele cresceu em altura, tornando-se uma figura demoníaca aterrorizante.

O Padre Alfonso, ainda em transe, caiu de joelhos diante do Demonio, como se estivesse prestes a ser sacrificado. Tentei gritar, mas minha voz não saía. Estava paralisada pelo medo, incapaz de mover um músculo.

Demônio, agora completamente transformado em demônio, voltou seus olhos ardentes para mim. Ele levantou uma mão com garras e fez um gesto, como se estivesse invocando algo. De repente, senti uma força invisível me puxando em direção a ele. Lutei contra, mas era inútil. A força era irresistível.

— Você é minha agora, Any — Disse ele com uma voz gutural e maléfica. — Sempre foi o seu destino.

No último momento antes de ser completamente envolvida pela escuridão, acordei, ofegante e suada. Meu coração batia descontroladamente, e levei alguns momentos para perceber que estava de volta ao meu quarto no mosteiro. O sonho, ou melhor, o pesadelo, ainda pairava sobre mim, deixando uma sensação persistente de medo e a desconfortável certeza de que Demônio estava mais perto do que nunca.

Sagrado Profano - PonnyOnde histórias criam vida. Descubra agora