Talvez um romance?

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Bem-aventurados os misericordiosos,
pois obterão misericórdia.
Mateus 5:7

⚜️⚜️⚜️

- Acorde princesa! - Abaddon tossiu e a balançou com rispidez, não havia tempo para ser gentil. - acorde Liora! - tossiu mais uma vez, a garganta ardendo devido à fumaça expessa.

A garota tossiu ao acordar, uma tosse persistente, tentando respirar em meio a fumaça e o calor já infernal, e, assim que viu o homem estranho a sua frente, arregalou os olhos e tentou se afastar, mas o brutamontes a estava agarrando pelos ombros. Liora tremeu e olhou para os lados vendo a fumaça alta no teto, quase a sufocando.

- Me... me solte! - as palavras sairam roucas e Liora sentiu a garganta arder como se tivesse engolido vidro. Estava fraca, o corpo pesado, parecia que desmaiaria a qualquer momento novamente.

- Olhe para mim! - Abaddon exigiu quando ela fechou os olhos, Liora sentiu como se estivessem muito pesados e ela os abriu com dificuldades franzindo o cenho para ele, Abaddon percebeu que a garota estava prestes a desmaiar novamente então se apressou - diga-me há alguma passagem para fora do castelo sem ser no andar de baixo? - ele a questionou severo e Liora tremeu.

Em meio a névoa que tentava levar-lhe os sentidos, ponderou se deveria dizer sobre a saída secreta a ele ou morrer junto dele queimada viva. Ele certamente iria sequestra-la assim que saíssem da segurança dos portões, ou até mesmo estuprá-la e matá-la. Mas, apegou-se ao fato de que ele a salvou do outro homem e talvez ele não fosse tão ruim assim.

Deveria ter fé, fé que ele a salvaria e, caso tentasse algo ela imaginou que poderia fugir dele assim que ele se distraisse ou dormisse, além disso, ela era a princesa daquele país e tinha certeza que ele não passaria da entrada da cidade, seu povo não deixaria que a levasse.

Por isso decidiu viver, seria tola se se entregasse as chamas, quando poderia sair viva dali.

- Ma... Malio! - ela tentou falar, mas sua garganta doía demais.

- Ha uma saida no quarto do seu irmão? - Abaddon tossiu assim que concluiu a frase e Liora balançou a cabeça em afirmação. - aponte para onde devo ir! - ele ordenou e ela se afligiu com o pensamento de que ele a deixaria ali e escaparia sozinho, ela era um peso para ele e não havia vantagens para ele em salvar um dos que viviam no luxo enquanto eles trabalhavam feito cães, apesar de Liora não ser uma dessas pessoas. Ela vivia com o mínimo, sempre comia menos ja que via o sofrimento do seu povo fora dos portões e sempre os ajudava do jeito que podia. Por isso vivia trancada no quarto, o irmão não gostava de saber que ela roubava mantimento da dispensa para ajudar os pobres. Fechou os olhos, sentia-se fraca pela fumaça que já tomava seus sentidos, não conseguiria andar até a saída caso ele a deixasse para trás - acorde princesa! - ele grunhiu a balançando e ela encheu os olhos de água ao abri-los novamente, não queria morrer, estava com medo dele deixá-la para trás - o fogo já está perto, aponte onde é!

- Vo... cê vai - ela tentou engolir saliva para que a voz saísse e fez uma careta com a dor - me... deixar?

- Acha que vou deixá-la para trás? - Abaddon questionou irritado e ela afirmou. - Não vou deixá-la, lhe dou minha palavra! - ele prometeu a olhando sério e ela o avaliou tentando ver se era mentira, ela não sabia quem ele era, de onde viera ou se cumpria o que prometia, mas na situação em que estava não podia escolher não é?

Apontou para o lado direito onde a fumaça não era tão densa e Abaddon a puxou para seus braços com dificuldade. O corte que Cedric fizera ja o deixava fraco e tonto pela quantidade de sangue que perdera, além da falta de ar pela fumaça que apertava seus pulmões e ardia como se ele engolisse brasas.

Abaddon - Senhor do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora