Meu Melhor Amigo

~Capítulo 5~

POV AMAURY-

- Eu conheci um cara ontem. - era melhor ser direto no assunto. Diego ergueu uma sobrancelha na minha direção.
- E?

 - E eu acabei ficando com ele... - meu melhor amigo permaneceu estagnado na mesma posição, com um olhar inexpressivo e eu apreensivo, por não consegui ler seus pensamentos.

- Quem é esse cara? - foi a primeira pergunta que ele me fez. Dessa vez eu que fui surpreendido. Eu praticamente acabei de assumir para Diego que tinha ficado com um cara e a primeira coisa que ele quer saber é quem era  ele.

- Amigo do Samuel e do Felipe, nos conhecemos ontem no bar e acabou rolando...

- Mas vocês vão se encontrar de novo? Como é? - Lucas agia como se Bruno fosse uma garota qualquer que eu havia conhecido na balada e não alguém do mesmo sexo que o meu, que eu havia dito beijar pela primeira vez.

- Diego você entendeu a parte que eu falei que fiquei com outro cara, né? Que eu, Amaury, seu melhor amigo, beijei outro HOMEM na BOCA! 

- Claro que eu entendi essa parte, Amaury. - disse ele, revirando os olhos. - Esse cara mora aqui em São Paulo mesmo? Ou em outra cidade? - ah, mas não era possível! Irritado, perdi a minha paciência com Diego.

- Diego pelo amor, eu to te revelando que eu sou bi e você quer saber onde o cara mora. -Falei alto já sem paciência.

- Eu não sou surdo, babaca. Não precisa fazer esse escândalo toda  para a vizinhança inteira ouvir...

- Então reaja, porra. Fala alguma coisa sobre isso, pelo amor de Deus!

- Oxi e você quer que faça o que Amaury? Coloque a música "I Will Survive" na caixa de som e saia jogando purpurina em cima de você? - falou, debochado. 

-Eu também sou Amaury,esqueceu? Não sei porque a dificuldade de me contar isso e se você acha que me contar isso agora  vai fazer aquele colchão horrível do quarto de hóspedes ficar mais macio, está muito enganado meu amigo. Você vai precisar de muito mais do que isso para me fazer dormir em cima daquela pedra que você chama de cama. -

cara, Diego era inacreditável. Rindo, peguei uma almofada do sofá e arremessei com tudo em cima dele.

- O colchão do quarto de hóspedes é tão bom quanto o meu, seu folgado. - Diego me encarou de cenho franzido e sorriu com ironia.

 - Ah é? Dorme você lá, então.

Logo após esse momento de descontação ficamos um pouco em silêncio até eu o olhar de novo e perguntar.

-Cara, está tudo bem mesmo eu não ter te contato antes sobre isso?

 - E por que eu não estaria Amaury? Convenhamos irmão, isso não é algo que você tenha disfarçado tão bem nos últimos anos. Ainda mais para quem convive com você e te conhece tão bem quanto eu.- Uma onda de choque me invadiu, enquanto ouvia as palavras de Diego. - Primeiro que você nunca ficou mais de uma vez com a mesma mulher, nem a coitada da Gabi que sempre investiu pesado em cima de você, teve alguma chance... - disse rindo. - Eu sempre suspeitei que era por isso, mas obviamente, eu jamais forçaria você a dizer algo que não se sentisse à vontade para me contar.  O fato de você escolher homem e mulher para dar uns pegas Amaury, não interfere em nada na consideração que eu tenho por você, esqueceu que eu também gosto. 

Ouvindo essas palavras de Diego eu comecei a pensar "que será  se ele soubesse que sempre foi o meu sonho de consumo real desde o dia que o conheci, agiria nessa tranquilidade toda também?" O meu peito que já transbordava de amor por aquele homem, nesse momento, só faltou explodir dentro de mim. A minha vontade era de agarrá-lo aqui mesmo e beijá-lo assim como eu beijei o Bruno, mas eu jamais colocaria em risco estragar aquele momento tão bonito de amizade e irmandade que Diego havia demonstrado comigo. Eu sentia que um peso de quinhentas toneladas havia saído das minhas costas e a única coisa que faltava para me sentir completo comigo mesmo, era assumir os meus sentimentos pelo meu melhor amigo. Puxei Diego para um abraço e agradeci por ele ser a pessoa incrível que era. Diego afundou o rosto em meu ombro e me apertou com um pouco mais de força do que o normal. Claro que eu não achei ruim. Pena que o abraço foi rápido demais. Logo ele se afastou, me encarando um pouco sem jeito.