Os olhos são a janela da alma

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Alastor estava na frente da Rádio, esperando a tal da Makayla. Já não queria sair com aquela menina, e ela ainda se atrasava?

Notou então uma garota elegante, cabelos ruivos, olhos verdes, um vestido verde-escuro que realça a cor de seus olhos. Samael era mais bonito.

Quando se pegou pensando naquilo, repreendeu-se instantaneamente. Como poderia pensar isso quando saia num encontro com aquela mulher? Teria de tentar pelo menos.

— Senhorita – Fez uma pequena reverência, puxando a mão da mulher, beijando a costa logo em seguida.

— Cavalheiro – Ela deu um sorriso com o ato. Mesmo assim, não poderia ser comparado ao sorriso que Samael tinha.

— Vamos então? Bourbon Street, não é? – Ele foi abrindo a porta do carro.

— Não, não! Vamos para um lugar que amo muito, você vai gostar – Ela segurou a mão do radialista.

Ele nunca tinha percorrido um caminho tão longo. Estavam no City Park de Nova Orleans. A mulher o fez ir até uma das pontes do parque público.

— Bom lugar para um encontro, não acha? – A mulher esperou uma resposta, mas o radialista parecia devaneiar.

— Uhum – Ele estava olhando fixamente para a água.

— Ei, eu trouxe algo – Ela tira um vinho da bolsa, vinho italiano.

— Uou, parece bom – A mulher bebeu um pouco da garrafa e deu-a para Alastor. Um beijo indireto. Seria legal se Samael tivesse essas ideias

Novamente, se sentiu culpado por esses pensamentos. Não tinha que ficar pensando em outra pessoa num encontro.

— Um prazer – Ele bebeu na garrafa, deixando a mulher corada. Era muito fácil, conhecia pessoas mais difíceis de se encantar como S-

Já chega desses pensamentos. Tinha uma doce e gentil mulher ali por ele, esperando por ele.

— E então, Makayla, o que faz da vida? – Perguntou para que conversa fluísse.

— Eu? Cuido da loja da minha família – Makayla falou com orgulho.

— É bom saber que sua família confia em você. O mundo não é justo para mulheres, espere que isso mude e que seja rápido – Alastor sorriu. Ele imaginava um mundo onde minorias finalmente ganhassem voz. Mulheres, invertidos, negros e qualquer um que fosse oprimido tendo seus direitas, quando a sociedade passasse a deixar de somente aceitar o homem branco hétero cristão como ser humano ideal, ou enfim, como um ser humano no geral.

— Você tem razão. Você é negro, o mundo não deve ser fácil para você também – A mulher ficou cabisbaixa.

— É, a vida não tem sido fácil para nenhum de nós dois, não é? – Alastor olhou o próprio reflexo na água.

— Para ninguém – A mulher apertou as próprias mãos.

O clima ficou um pouco esquisito, pesado para ser mais exato. Essas coisas doíam na alma, porque eram coisas que não podia se mudar sozinho. O que bastava era rezar para que os filhos dos filhos de cada um daqueles que sofriam não sofressem também.

Após mais alguns goles de vinho, conversavam mais normalmente. Assuntos triviais, coisas que tiravam risadas. Quando percebeu, estava rindo junto da mulher.

— Sinceramente, você é muito engraçada – Ainda dava pequenos espasmos devido as gargalhadas.

— Digo o mesmo de você – A mulher sorriu mais uma vez e fitou os olhos do rapaz.

Esse era o momento em que o coração de Alastor deveria disparar? Então por que não disparava? Conseguiu algo, uma ligação com a mulher em sua frente, então por que nada acontecia?

A mulher desceu o olhar para os lábios dele, o coração começou a palpitar mas não era de um jeito bom. Palpitava de culpa. Quem ele queria enganar? Não estava nenhum pouco interessado naquela mulher. Mas por quem ainda continuava? Claro, era Samael.

Quando foi que começou a amar aquele anjinho ingênuo? Quando se perdeu nas palavras bobas e irritantemente fofas? Do que importava a mulher que agora o beijava? Que valor tinha aquele beijo?

Perguntas e mais perguntas num toque vazio e leviano. Os lábios tocavam quase que um boneco. Ele se sentia uma criança tendo que se contentar com um brinquedo que seus pais compraram para substituir o antigo que havia perdido. Mas que pensamento horrível, Samael não era um brinquedo.

Do jeito que aquele ser mexia com o coração dele. O brinquedo era ele mesmo.

Separou o beijo de vez. A mulher tinha um rubor em sua face, o cabelo ruivo desarrumado, um pedaço de pecado. Alastor gostava do pecado. Mas por outro lado que coisa seria mais pecaminosa do que fazer a mesma coisa com um ser angelical?

— Desculpa, acho que fomos rápido demais – Alastor afastou-se educadamente da mulher.

— Eu entendo. Podemos nos ver de novo? As coisas podem parecer novas mas... – Ela não parava de falar sobre o tal novo relacionamento que eles tinham agora.

Na próxima vez que lá mandasse cartas, ele certamente iria rasgá-las.

                            Q.D.T

Enquanto voltava para casa – após deixar Makayla na residência da mesma – Observou um estranho movimento no beco

Notou logo quem era. Parou o carro logo em seguida.

— Samael, saia daí – Ele abriu a porta ao seu lado, um pedido silencioso para que o anjo entrasse no carro.

O arcanjo adentrou o veículo. Alastor decidiu dar um passeio para descontrair ou revelar um segredo do mais fundo lugar de sua alma. Haviam se passado 30 minutos, passeando pelos bairros de Nova Orleans, vazios devido ao horário. Provavelmente só os bares de Jazz estavam abertos naquela hora.

Um sensação perseguiu seu coração. Vozes vindas de seus mais profundos desejos ansiavam uma única coisa. Pare esse carro e tenha esse anjo.

Deixando os pensamentos intrusivos vencerem, parou o carro na rua de qualquer jeito. E ao invés de falar algo ou atacar os lábios do ser angelical. Calmamente se virou e olhou para os olhos do arcanjo, esse fez a mesma coisa que o radialista.

Nenhuma única palavra sequer, não era necessário. Afinal...como Da Vinci disse?

As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar.

Um sinal inexistente fez com que eles conectassem os lábios num beijo. Quando olharam as orbes um do outro naquele momento, puderam ler o que o parceiro sentia.

Olhos são a janela da alma.

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Dias de vitórias chegam para esse casal.

👀😮

Paladino do Facínora-RadioappleOnde histórias criam vida. Descubra agora