Pedacinho do Pecado

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Fazia uns dias desde que começaram a ter essas relações para lá de profanas. Claro que Samael não pareceu ter coragem para fazer nada além de beijou ou carícias. O locutor intendia, ele mesmo nunca tinha feito nada disso.

As coisas iam bem, no geral, nem eles sabiam do que se tratava aquele relacionamento. Porém estavam dispostos a continuar.

Alastor precisava urgentemente falar com a Rosie, sua amiga leal e cúmplice de coisas não muito boas que fazia.

Quando chegou no prédio de Rose, o porteiro já o conhecia devido as visitas constantes. Aquele homem era insuportável, por alguma razão não específica, ele acreditava que Rose e Alastor eram casados.

Mesmo sendo uma inverdade, se o homem dissesse que eram amantes seria até "aceitável", entretanto não havia fundamento nenhum que levasse-o a pensar na hipótese dos dois serem casados. Talvez fosse só um asno mesmo.

Depois de sair das piadinhas sem gosto daquele cara, finalmente estava a frente da porta do apartamento da boa amiga.

Bateu três vezes. Escutou os passos do salto de sua camarada.

— Alastor! Que surpresa boa, vamos entre. Há tantas novidades que preciso lhe contar – A mulher falava com seu sorriso de sempre, alegre e gentil.

— Eu também tenho novidades – O moreno entrou abraçando a amiga.

Rose nos serve um chá que já vinha fazendo, um caro e importado chá de Jasmim, era dona de um empório enorme no centro da cidade, obviamente tinha dinheiro.

Se conheceram por conta das graças da vida. Enquanto ele desmembrava um corpo humano, sua amiga também desmembrava outro, os dois com a mesma intenção, devorar cada pedaço de carne comestível dos respectivos cadáveres.

Dessa forma nada convencional, encontraram um no outro um melhor amigo do peito. E depois de uma cena que faria qualquer um despejar o café da manhã, almoço e jantar para fora, agora toda semana tinham um encontro para trocar informações sobre a vida de terceiros, a boa e velha fofoca, um comportamento tão igual a duas velhas bisbilhoteiras.

— Então, querido, o que houve? – Rose era como uma mãe, sempre se preocupada com Alastor.

— Sabe aquela conversa de que eu nunca tive interesse em ninguém? – O moreno tomou um gole de chá.

— Não me diga que... – Ela deu um sorriso enorme, já havia dito ao amigo que tais coisas acontecem e que uma hora ou outra poderia acontecer com ele. O amor quebra qualquer muralha.

— Pois sim – Alastor era um homem orgulhoso, logo admitir que sua afirmação de nunca se apaixonar foi na verdade um erro terrível, quebrou seu ego por inteiro.

— Quem é a sortuda? A Makayla? Ela vem todos os dias no meu empório vender alguns de seus produtos, ela me contou que saiu com você essa semana – A mulher fez um sinal com a mão para que Alastor chegasse mais perto, como se quisesse dizer um segredo — Ela me contou que até beijo rolou.

— Makayla é de fato uma mulher bonita, inteligente e me parece boa gente, mas não poderia estar mais enganada, minha querida – Alastor sorriu um pouco, o erro de Rose para ele pareceu uma compensação da vergonha que tinha passado pela sua falha.

— Ah, sério? Enganou uma mulher, que vergonha, Alastor – Viu a face gentil da mulher se tornar severa. Rose desaprovava qualquer tipo de violência contra uma mulher.

— Nunca a enganei, tive uma conversar comum com ela. O beijo foi uma surpresa e eu nem soube como reagir, me pareceu tão seco... – Alastor murmurou como se sentisse culpa mas logo viu a face da mulher a sua frente retornar ao original.

— Querido Alastor, quando se ama à alguém, outros toques e outros beijos são tão vazios como uma floresta sem árvores – Rose bebericou um pouco do Chá de Jasmin.

— Eu acho que consegui captar. Obrigada por isso, Rose – Alastor deu um sorriso leve, bem raro de seus sorrisos tradicionais.

Rose olhou surpresa, pensando que seja quem for aquela pessoa fez seu amigo um homem

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No apartamento, Samael se encontrava sozinho em seus devaneios constantes.

A coisas que não se sabe sobre aquele anjo, coisas que ele prefere esconder. Vergonhas da vida.

Nem todo mundo é santo, anjos também não são, o importante é que ele tentava, falhou? Provavelmente.

Enquanto olhava para o horizonte, se deparou numa questão: Logo teria de deixar Alastor para trás.

Ele tinha uns motivos para estar ali, seja eles bons ou ruins, depende dos princípios para quem se conta esta história.

A missão era uma falha enorme do céu. Finalmente descobriu o porquê tão repentinamente eles queriam iniciar um projeto de redenção tão direto. Um exército de assassinos sem coração para o céu.

Algum daqueles assassinos, estupradores e criminosos de diversos tipos cooperavam? Não, se há uma coisa nesse mundo que ninguém pode controlar é o mal.

Quem é mal sempre é mal. Essa é a beleza da coisa, Samael entendia a natureza da maldade de forma diferente. Não como algo que deveria ser expurgado e contido, mas sim uma necessidade.

Nem só de bem vive o homem. Adão era prova viva disso, seja quais forem os padrões que o céu impôs para que uma alma fosse ascendida, certamente o primeiro humano não correspondia a nenhum.

A graça da malevolência também se devia ao fato de consequências. Muitas consequências...

Tudo estava tão bom, não queria retornar, estava sendo amado e amando.  Em Nova Orleans achou uma casa tão cheia mesmo que com tão pouca gente. Do que importa um grande palácio onde indivíduos correm de cima para baixo mas mesmo assim tão vazio?

A coisas que se deve pensar depois. O que faz ele lembrar que amanhã é um novo dia.

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Como eu disse...detalhes.

Paladino do Facínora-RadioappleOnde histórias criam vida. Descubra agora