Confrontos que devem ocorrer

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A descrição do romance dos dois em uma só palavra era: calmo. Pareciam se amar tanto, palavras não poderiam servir para descrever as sensações que tinham quando um perto um do outro.

Mudanças podem ser tão boas, mas podem ser tão ruins ao mesmo tempo. A relação deles era doce como açúcar mas tinham segredos tão ácidos quanto limão.

Como Alastor contaria a Samael que tardava os planos de redenção para que ele ficasse por mais tempo? E como Samael o contaria que...teria de ir?

A proximidade que eles atingiram era tão boa, mas de qualquer forma se encerraria. As atitudes do anjo mostravam isso, ele estava tentando desapegar mas toda vez que tentava voar para ir embora, suas asas falhavam. E ali estava mais um dia, tentando alçar voo.

— Não dá, não consigo – O anjinho se sentou na beirada da varanda, culpando a si mesmo por ter um coração tão mole.

Ele estava a beira de cair, não que já não tivesse caído. Por amor, ele caiu naquela cilada. Um bobo apaixonado, era isso que era.

Toda vez que Alastor chegava, seu coração aquecia. A luz em seu olhar se renovava e se sentia completo.

A mudança estava sendo tão boa, mesmo que não durasse muito tempo. Por que não aproveitar?

A porta abriu, fazendo o arcanjo se assustar, quem vinha dela era o radialista com sua maleta em mãos. Como sempre tinha um sorriso educado, porte elegante e bonito...muito bonito.

Alastor colocou a maleta por cima do sofá de qualquer jeito, retirou o sobretudo e a boina. Bateu a mão levemente no estofado, esperando que o anjo viesse ao seu encontro.

E ia, o pequeno Samael, se sentando junto do amante. Eram os momentos mais felizes do dia, quando simplesmente o outro chegava cansado e desfadigava no colo do menor. Mas esse não era o caso.

— Sabe, faz uns tempos que não saímos juntos. Que tal irmos para aquele meu bar favorito de novo? Ou para o pântano? Tipo, uma aventura. O assassino e o anjo, não parece uma boa? – Alastor tinha seus jeitos de propor as coisas e para aqueles que sabiam de sua verdadeira natureza, não tinha frescuras para falar do que era de verdade.

Mas para o paladino ouvir da boca do locutor referindo a si mesmo como um assassino não era assustador, era estranho. Assassinos não costumam se referir a si mesmos como o que são realmente. Alastor era honesto nesse ponto.

— Claro, mas por favor, sem pântano. Aquele lugar a noite é bizarro – Samael olhou para o outro forçando uma expressão assustada. O que tirou risadas do radialista.

                        Flashback

Na manhã, Alastor chegou em sua Rádio e como sempre, estava com um sorriso na cara. Porém, o sorriso diminui ao notar uma correspondência na porta do local. Assinada por Oxford. Era Vox, com toda certeza do mundo, só podia ser Vox.

Pensava que aquele gelo que deu nele no clube fosse o suficiente, mas parecia que não. Seja sorte ou azar, ele ainda tinha 40 minutos antes da transmissão matinal começar. Enfim, vamos lá.

Sentou na cadeira onde costumava fazer suas transmissões. Então, abriu aquela bendita carta.

  Meu amado, Alastor.
 
Não pude deixar de notar sua ausência no clube nessas últimas semanas. Sabe, estou sempre por lá, te observando. Você apareceu uma única vez neste mês, acompanhado de um moleque.

Ele não me parece muito diferente dos garotos de um amigo meu, o Valentino. Entende? Ele é um cafetão. Não consigo compreender, sempre me pareceu tão culto, seria bom que viesse com ele na próxima sexta. Eu gostaria de ver se ele é ou não um daqueles, você sabe, cavalheiros noturnos.

Seria ótimo deixar algumas coisas no passado, Alastor, passado é passado, e que nunca mais retorne. Poderíamos conversar sobre outras coisas, há tanto a se falar. Não é?

Venha sexta, lembre-se
Ass: Victor Oxford, o bom e velho Vox.

Ele sabia o que podia ocorrer caso ele não fosse. Vox acabaria com sua reputação, o colocaria como um invertido. Alastor não era de preocupar com isso, mas se fosse ao encontro do Oxford, não teria outra dor de cabeça, não maior do que a que estava tendo agora. Só tinha que falar com Samael.

                             Q.D.T

Estavam lá com suas melhores roupas, bem penteados e arrumados. Alastor quase não conseguiu se segurar, poderia atacar aquele anjo ali e agora, fazendo-lhe seu naquele mesmo instante.

O clube estava mais cheio que do que o normal. A presença de Valentino encheu o lugar de prostitutas seguidoras, parecia mais uma seita do que um ofício, seguiam aquele homem por onde ia, agindo como se o chão em que pisava fosse santo. O medo que sentiam de serem mortas pelo empregador era maior do seu próprio orgulho.

O radialista não era um idiota, obviamente explicou a situação para o loiro que sim, quis ajudar. Ele explicou do temperamento esquentado de Victor e de Valentino, falou de uma outra garota, Velvette, uma procuradora de modelos tão vil quanto os outros. Era um pacto que tinham, os Vees.

— Não demonstre medo. Eles parecem captar, não me surpreenderia se essa união durasse até no inferno. Se lembre, juntos são tão fortes quanto fracos – Alastor estava bastante preocupado. Eram malucos, se por acaso Vox ordenasse que alguém tirasse a vida de Samael, por mais que com certeza não tivesse êxito, poderia revelar que o rapaz não era humano. Com ou sem defesa da parte deste.

Foram se aproximando do meio, quando os percebeu, Vox estalou os dedos, as prostitutas foram saindo do caminho. Notou que o sorriso das mulheres e de alguns garotos que ali estavam era falso. Temiam por suas vidas é claro. Mas se Alastor tivesse a mínima chance, tiraria o sofrimento deles, matando o Oxford, é claro que não com esta intenção, mas seria uma consequência de seus atos, seja ela boa ou não. Sabia que sem Victor, os Vees desmoronariam.

— Alastor, seja bem vindo, você também, senhor...? – Vox fazia perguntou o nome do arcanjo.

— Samael – O anjo respondeu sem declinar.

— De que? – Vox queria o sobrenome. Queria pesquisar o nome do rapaz.

— Smith – Alastor fez uma jogada de mestre. Smith era um sobrenome comum demais, caso ele chacoalhasse uma árvore, caíram mil Samael Smith's dela.

Vox mordeu a língua, ele era influente mas não era de uma força policial especializada para saber da vida de Samael. Enfim, ele nunca saberia que na verdade, o rapaz não era um morador dos Estados Unidos ou do mundo em que viviam. Um sobrenome mais raro ajudaria muito para saber mais, era impossível analisar cada Samael Smith do país.

— Ah claro, que nome...peculiar – Ele sorriu sozinho mas as prostitutas e prostitutos viram-se obrigadas a rir também.

— Que cena esquisita – Sussurrou Samael nos ouvidos de Alastor, que concordou silenciosamente.

— Bom, juntem-se a nós. Bebam um pouco. Garçom, traga-nos cervejas! Das boas, ouviu? – Victor gritou para o pobre garçom que foi correndo atrás do pedido, com medo de que Vox fosse um gangster. O que realmente era, um gangster mais elegante do que o resto. Preferia que outras mãos fizessem o trabalho sujo.

Alastor fez Samael sentar num canto mais afastado dos cavaleiros e damas noturnas, afastado o suficiente. Observou as bebidas chegarem, o amante de tecnologia bebeu uma, revirou o líquido que chegou a descer pelos cantos da boca.

— Sabe, sejamos sinceros, seu rapaz é bonitinho, bem delicado, não é pessoal? Você não está se invertendo, certo Alastor? – A resposta para aquilo poderia ou não desencadear uma dor de cabeça das grandes.

— Acredito que isso não é da sua conta, certo Victor? – Alastor foi grosso, cirúrgico e bom. Era essa a resposta. A melhores maneiras de se safar dessa situação do que só negar ela. Um toque de sarcasmo no final ajudou também.

Aquela noite ainda continuaria com a troca de farpas. Alastor tinha um plano, ele mataria Vox. Não no sentido figurado, era real.

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Gente, a morte do Vox vai impactar bastante na situação dos dois





Paladino do Facínora-RadioappleOnde histórias criam vida. Descubra agora