Capítulo 21

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⠀⠀Harry deixou a Itália com sua família – exceto Liam, é claro – um mês depois de ser resgatado.

⠀⠀Ele gostaria de dizer que foi capaz de recuperar facilmente sua antiga vida em Boston, mas isso seria uma mentira. Ele havia perdido dois períodos letivos e voltar à faculdade estava fora de questão no meio do período atual, portanto, por enquanto, ele estava praticamente confinado à casa dos pais.

⠀⠀Considerando que a casa em questão era vigiada por uma dúzia de seguranças 24 horas por dia, 7 dias por semana, Harry logo começou a sentir que estava realmente confinado. Trancado. Sufocado pela superproteção de seus pais.

⠀⠀"Os guarda-costas não estão aqui pelo o seu bem, querido", disse a mãe dele quando Harry tocou no assunto. "Eles foram designados a nós por Damiano em dezembro, quando Liam começou a sair com ele. Damiano não quer que sejamos sequestrados e usados contra ele por seus inimigos."

⠀⠀Harry não tinha certeza se acreditava nela ou não. De qualquer forma, ele se sentia constantemente observado, mesmo quando saía para caminhar. Não ajudava o fato de a terapeuta que seus pais haviam encontrado para ele ter desaconselhado fortemente que lhe dessem um celular.

⠀⠀"Não é que não confiemos em você com um celular, Harry", disse a mãe dele. "Mas a Dra. Richardson disse que limitar o acesso a dispositivos eletrônicos seria benéfico para uma comunicação honesta entre nós."

⠀⠀Harry quis gritar com ela. Ele ainda queria. Ele se sentia sufocado na casa dos pais de uma forma que não havia se sentido nem mesmo nos primeiros meses na casa de Louis: pelo menos naquela época, ele havia sido deixado à vontade. Aqui ele era vigiado constantemente, e havia algo de cauteloso nos olhos dos pais, como se ele fosse um gato selvagem que eles trouxeram para casa e não sabiam o que esperar dele. Harry odiava isso, e odiava o fato de odiar.

⠀⠀Na verdade, ele não queria ficar ressentido e infeliz. Não queria ficar se lamentando e preocupando seus pais. Ele não era do tipo que se lamentava. Mas sua capacidade de sentir alegria parecia ter desaparecido completamente.

⠀⠀Ele simplesmente... ele simplesmente...

⠀⠀Ele se sentia oco por dentro, como se tivesse engolido um nada enorme e cavernoso e, ao mesmo tempo, sentia como se suas entranhas estivessem encolhendo e se enrolando em torno de si mesmas, ansiando por algo que não estava lá. A sensação era sempre presente e sempre crescente. A Dra. Richardson havia dito que era normal ter depressão pós-traumática e que isso melhoraria quando ele recuperasse sua antiga rotina, mas Harry não acreditava nisso. Ele não se sentia traumatizado.

⠀⠀"Então como você se sente, Harry?" disse a Dra. Richardson.

⠀⠀Harry deu de ombros sem graça. "Como um pássaro em uma gaiola."

⠀⠀Ela olhou para ele pensativamente. "E você não se sentia assim nos Emirados Árabes?"

⠀⠀"A ironia é que", disse Harry com um sorriso torto, "ele na verdade me deu mais liberdade do que meus pais dão agora."

⠀⠀"Ele", repetiu ela, com um olhar pensativo nos olhos. "É assim que você pensa nele? Ele? Sr. Tomlinson? Ou Louis?"

⠀⠀Harry franziu os lábios. "Eu já lhe disse que não quero falar sobre ele."

⠀⠀"Como você espera melhorar se você se recusa a falar sobre a causa da sua depressão?"

⠀⠀"Ele não é a causa da minha depressão", disse Harry, ciente de como soava pouco convincente.

⠀⠀Às vezes, ele quase odiava Louis. Odiava-o por tê-lo transformado em uma pessoa miserável e melancólica que o desejava como se necessitasse de ar. Louis havia feito isso com ele. Era como se Louis o tivesse contaminado, infectado com uma doença febril para a qual ele era a única cura. Ele queria, precisava de Louis por perto. Ele queria seu corpo dentro do seu. Queria sentir seus olhos azuis sobre ele. Queria seus braços ao redor dele. Queria dormir contra ele, com o ouvido pressionado contra a batida constante de seu coração.

obsession in a golden cage - l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora