Cap.5

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Cinco dias haviam se passado desde o incidente na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, e Lanna sentia a distância de Snape de maneira cada vez mais dolorosa.
As aulas particulares, que antes tinham um ar tenso, mas misteriosamente íntimo, agora eram frias, funcionais, e ele apenas falava o necessário.
Lanna tentara puxar conversa várias vezes, mas ele a cortava com respostas curtas e diretas, voltando imediatamente à tarefa. Estava ficando exaustivo.

Ela começava a aceitar que Snape nunca abriria espaço para algo além de uma relação estritamente acadêmica, Por mais que tentasse se convencer de que isso era o certo — afinal, ele era seu professor, e a linha entre eles nunca deveria ter sido cruzada — não podia evitar o desconforto, O que quer que houvesse surgido naquela noite em que suas mãos se tocaram parecia agora uma ilusão.

No dia em que Potter a abordou no corredor, Lanna estava com Draco, rindo de algo que ele havia dito enquanto esperavam o fim de um período livre, A presença de Harry, Rony e Hermione à frente deles fez Draco endireitar a postura instantaneamente, seu olhar cheio de desprezo.

— O que você quer, Potter? — Draco falou, com um tom ácido.

Harry ignorou o tom hostil e deu um passo à frente, olhando diretamente para Lanna.

— Eu... eu só queria pedir desculpas — começou ele, surpreendendo-a. — Pelo que aconteceu na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, Eu não queria machucar você.

Lanna ficou em silêncio por um momento, chocada pela sinceridade na voz de Harry. Sentia que a maioria dos alunos da Sonserina, especialmente Draco, não teria aceitado as desculpas tão facilmente, Draco já estava abrindo a boca para rebater, mas Lanna levantou a mão, fazendo com que ele parasse.

— Está tudo bem, Potter — disse ela, com calma. — Eu aceito suas desculpas.

Draco bufou ao lado dela, cruzando os braços com visível desaprovação, mas não disse nada.
Harry parecia aliviado e deu um pequeno aceno de cabeça antes de se afastar com seus amigos.

Assim que Harry se foi, Draco murmurou algo sobre como Lanna havia sido "muito boa" com Potter, mas ela o ignorou, mudando o foco da conversa para outro assunto qualquer enquanto eles, junto com os amigos de Draco, decidiram sair do castelo para explorar os arredores.

O tempo passou rapidamente, e logo Lanna percebeu que estava atrasada para sua aula particular com Snape, O pânico tomou conta dela enquanto eles voltavam ao castelo, a passos rápidos.
Sabia o quanto Snape odiava atrasos, e o que o deixava ainda mais furioso era qualquer tipo de desobediência às regras, como sair dos limites do castelo sem permissão.

***

Quando Lanna entrou, ofegante, na sala de poções, Snape já estava esperando, Ele não levantou os olhos imediatamente, mas o ar na sala estava denso, quase sufocante.
A poção de Amortentia, ainda no canto da mesa, borbulhava silenciosamente, emitindo o vapor familiar e levemente perfumado.

— Atrasada — ele disse, sem levantar a cabeça, mas o tom de sua voz era gelado, afiado como uma lâmina. — Cinco minutos, Fhillty.

Lanna abriu a boca para se desculpar, mas Snape a interrompeu antes que ela pudesse se explicar.

— E eu sei exatamente o motivo do seu atraso. — Ele se levantou lentamente, o manto esvoaçando enquanto ele se aproximava, Seus olhos escuros finalmente encontraram os dela, cheios de desaprovação. — Saindo do castelo sem permissão, acompanhada por Malfoy e outros... imagino que vocês não tenham pensado nas consequências de tal comportamento.

Lanna engoliu em seco, sentindo o peso de sua raiva, Ela sabia que seria impossível esconder qualquer coisa de Snape, mas o olhar dele, misturado com frustração e uma emoção que ela não conseguia identificar, fazia a situação ser ainda pior.

— Eu... não pensei que demoraria tanto, professor — ela começou, hesitante, mas Snape a cortou mais uma vez, sua voz crescendo em intensidade.

— Não pensou? — ele repetiu com desprezo. — Como você espera sobreviver neste mundo se não consegue entender a importância da disciplina e da obediência? Eu não tolero atrasos, Fhillty, e certamente não tolero irresponsabilidade.

O silêncio que se seguiu foi pesado, e Lanna sentiu seu rosto esquentar, Algo no tom de Snape parecia ir além de sua habitual severidade.
Havia uma frustração ali que ia além do atraso, algo mais profundo.
Ele se virou bruscamente, voltando-se para a mesa onde os ingredientes da noite estavam dispostos.

— Hoje — ele disse, sem olhá-la — continuaremos a trabalhar com a Amortentia, Como já sabe, essa poção requer precisão absoluta. Vamos retomar de onde paramos na última aula.

Lanna se aproximou da mesa, seus dedos ligeiramente trêmulos enquanto começava a misturar os ingredientes.
O perfume da poção já começava a se intensificar no ar, mas o que mais a perturbava era a tensão quase palpável entre ela e Snape.

Snape observava em silêncio, os olhos sempre em seu trabalho, mas a distância emocional que ele havia imposto entre eles nas últimas aulas parecia ainda mais rígida hoje.
Ele estava tentando se proteger de algo, e Lanna sabia disso.

O que ela não sabia era por quê.

Para Snape, a luta interna era quase insuportável.
Ele havia decidido, nos últimos dias, que não podia permitir que a conexão entre eles se aprofundasse.
Com tempos difíceis se aproximando, suas prioridades estavam claras, Ele tinha responsabilidades com aquele que não deve ser nomeado, e sentimentos... fraquezas... não podiam fazer parte de seu caminho.

Mas, ao mesmo tempo, algo nele temia por Lanna, Não poderia permitir que ela se envolvesse mais em sua vida, nem que ela se tornasse uma distração, mas sabia que o que estava ensinando a ela poderia, no mínimo, garantir que ela tivesse as ferramentas para sobreviver.

— A Amortentia, como você bem sabe, não cria amor, mas obsessão — ele disse, em um tom mais suave do que esperava. — Uma obsessão que pode consumir uma pessoa por completo, A precisão ao prepará-la é o que determina sua eficácia.

Ele fez uma pausa, observando-a mexer o caldeirão.

— E, por isso, não posso permitir distrações — ele disse, o peso de suas palavras carregado de um significado que ele não explicou.

Lanna olhou para ele, surpresa pelo tom quase pessoal de sua última frase, mas Snape já havia voltado para seu estado distante. O coração de Lanna batia forte, sabendo que algo mais profundo estava em jogo, mas, por enquanto, ela teria que aceitar a distância que ele impusera entre eles.

A poção continuava borbulhando no canto, enquanto ambos lutavam contra o que sentiam e o que não podiam admitir.

Amortentia- Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora