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A única coisa que eu tenho,é literalmente apenas meu pai e só isso. Ou melhor,eu tinha.

A mais de uma semana meus pais sumiram,não me perguntem aonde eles foram. Eu acordei no outro dia e eles já estavam foragidos,eu pensava que era só mais um dia normal em que eles iriam sair e voltariam mais tarde.

Eu fiquei 1 semana esperando. E agora eu tô arrumando minha mala enquanto um cara com um bigode engraçado tava no sofá me esperando com um terno social e uma maleta de trabalho.

Pelo visto meu pai tinha um acordo com um amigo dele,que não importava oq acontecesse com cada um deles,eles iriam cuidar dos bens um do outro se precisarem.

E o único "bem" que meu pai tinha,era eu. Como eu não sei,mas o tal amigo dele conseguiu falsificar um documento passando a minha guarda pra ele.

-ai o doutor...tô pronta. -botava uma mochila antiga de minha mãe em minhas costas,e uma mala grande ao meu lado.

-burgos...e doutor burgos. -ele se levantava passando a mão entre as coxas,com um sorriso meio bobo no rosto. -mas você pode me chamar do que vc quiser...

-burgos parece "burro",se eu te chama de burro ent não me corrija. -eu apenas caminhava para fora de minha casa,antes que pudesse pisar lá de fora eu olhava ao redor admirando ela.

-você pode visitar a qualquer hora a casa...-o tal doutor dizia,dando os ombros encarando onde eu estava olhando.

-não estrague o momento. -eu bufava encarando burgos novamente,e logo revirava meus olhos com vontade saindo da casa entrando no carro preto que estava lá na frente.

Tinha um homem no banco do passageiro. Ele era moreno com o cabelo crespo,e bem gordo.

Mas eu não liguei só isso,e sim para o chão onde tinha um fuzil.

Eu engolia seco me assustando, eu tentava sair do carro correndo,mas um garoto entrava no carro me impedindo de sair. Ele botava um braço por cima do banco onde eu estava, enquanto conseguia ver burgos entrando pelo outro lado.

-Ai, não fique assustada,não cocota,fica suave. -o garoto dizia,ele tinha um bigode ridículo e um chapeuzinho branco ficando com um sorriso no rosto.

-ou,sem sintoma,fica na tua hein...se o wilbeth descobrir tu tá tratando a garota dele, ele enfia aquele fuzil no meio do teu rabo.tira essa merda desse braço daí,tá maluco? -o homem da frente dizia e olhava para trás com um olha irritado,e com os olhos arregalados. assim que ele dizia o tal garoto "sem sintoma" rapidamente tirava o braço,e olhava pro vidro do carro,assim que ele me encarava eu me encolhia no banco,mas ele logo abria um sorriso de orelha a orelha - calma, ninguém aqui vai meche com vc não,pode ficar tranquila aí tá bom?

Eu apenas afirmava com a cabeça, engolindo seco, mordendo meu lábio com um pouco de força e medo. ele então voltava a atenção para a estrada.

Meu coração parecia que iria desparar,eu engolia em seco olhando ao redor de cada rua que passava.

Eu brincava com o anel de herança da família de minha mãe,eu apenas suspirava fundo e esperava na esperança de que de algum jeito eu tivesse pelo menos o mínimo de felicidade.

Dr. Burgos, sentado ao meu lado, mexia na maleta como se procurasse alguma coisa. Eventualmente, ele puxou um documento, estudou-o com cuidado e, por um instante, olhou para mim.

-Você deve estar se perguntando para onde estamos te levando, não é? - ele quebrou o silêncio, a voz suave, mas com uma ponta de ironia.

-Não. - respondi, com um tom desafiador que surpreendeu até a mim.

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