3:30 da Madrugada
Em uma renomada e famosa empresa de Paris, especializada na produção e venda de perfumes exclusivos, Rodrigo estava em ação. Ele ajeitou os cabelos loiros, que agora não estavam tão curtos, e segurou com mais firmeza o cabo de aço que o impedia de tocar o chão e ativar o alarme. Seu trabalho era simples: descobrir como aquela loja havia crescido tão rapidamente em um mercado tão competitivo.
De acordo com seu chefe, que agora aguardava ansiosamente o retorno de seu agente do FBI em Nova York, a loja teria usado meios ilícitos para alcançar o sucesso. Então, Rodrigo foi designado para vasculhar o local e coletar provas.- Tudo pronto, chefe. Desativamos o alarme. - Caio disse ao ouvido de Rodrigo, que, aliviado, pulou para o chão. Ele acendeu a lanterna, e seus olhos azuis se adaptaram à intensa claridade do ambiente, agora iluminado.
- Perfeito. Fiquem de prontidão, caso alguém apareça. - Rodrigo disse, enquanto começava a abrir gavetas e examinar papéis. Ele sabia que teria que ler tudo com atenção.
- Entendido, chefe. - Caio respondeu.
Rodrigo respirou fundo, e, com paciência, começou a folhear os documentos, até que um nome chamou sua atenção. Era um nome que todos acreditavam estar morto após um assalto a banco que terminou em fuga: Alex Walker.
Ali, entre os registros da empresa Odeurs de Fleurs (Cheiros de Flor), ele encontrou a prova de que Alex Walker era, na verdade, o patrocinador da empresa, o que explicava seu impressionante crescimento.
- Olha só quem eu encontrei... - Rodrigo murmurou, agora entendendo por que a empresa havia se mudado de Nova York tão repentinamente.
No exato momento em que ele examinava o documento, o som de um alarme ecoou pela loja.
Rodrigo correu para o duto de ar, tentando encontrar uma saída, mas logo ouviu seus amigos lutando perto da entrada. Decidido a ajudá-los, ele arrombou a porta. Retirou a arma e se preparou para o confronto, mas, para sua surpresa, seus amigos já haviam desarmado os intrusos, que estavam de joelhos, com as mãos sobre a cabeça.
- Quem são vocês? - Rodrigo perguntou, apontando a arma para os homens.
- Sou um dos donos da loja. - Respondeu um deles, exaltado.
- Então é com você mesmo que quero falar. - Rodrigo retrucou, estreitando os olhos.
- Vocês invadiram a minha loja! - O homem continuou, nervoso.
- Alex Walker. - Rodrigo disse, exibindo o documento diante dos olhos do homem, que estava ainda ajoelhado. O corpo robusto do intruso, agora visivelmente tenso, suava sob a camisa azul apertada.
- Foi assim que você fez sucesso, senhor? - Rodrigo perguntou, com ironia.
- Você não tem provas! - O homem gritou, visivelmente furioso.
- Não tenho? - Rodrigo respondeu, ainda com a mesma ironia, e mostrou o papel mais uma vez.
- Você vai voltar conosco para Nova York. - Caio disse, em tom firme, enquanto algemava os dois homens.
Os dois foram levados sob escolta policial, e o local foi imediatamente cercado por autoridades. Rodrigo sentou-se no chão em frente à loja, olhando para a foto no celular. Ele sorria ao saber que voltaria a tempo de testemunhar o nascimento de seu filho. Na imagem, sua esposa grávida, com os cabelos longos ao vento, estava sentada no Central Park ao seu lado, protegida por uma toalha que a separava da grama. Ambos vestidos de noivos propositadamente para registrar esse momento no lugar preferido deles .
Ele se lembrou com carinho de todos os anos em que sonhou ao lado dela sobre a chegada do filho, e após dois anos de tratamento hormonal, finalmente a boa notícia havia chegado: sua amada, Mag, estava carregando seu filho.
- Parabéns, parceiro! - Caio disse, sentando-se ao lado de Rodrigo, que ainda sorria com a imagem da esposa.
- Não! Você arrombou mesmo? - Rodrigo perguntou, incrédulo, ao ver o amigo com um saco de pipoca, retirado da máquina da loja.
- Claro que não! Os policiais me deram uma moeda. - Caio respondeu, rindo.
Rodrigo explodiu em risadas, mas logo o amigo o fitou com um olhar sério.
- Você tem que começar a levar sua carteira com você.
- Eu sei, mas sabe como sou esquecido. - Caio respondeu, rindo, enquanto em seguida indicou o celular na mão de Rodrigo.
- Ansioso para ver a Mag?
- Muito. Vamos logo? - Rodrigo se levantou, lembrando que já havia comprado as passagens e que partiriam por volta das 5:00.
- Está bem. Mas só porque quero ver minha namorada e não porque você vai aparecer na TV pela sua vitória. - Caio brincou, empurrando o ombro de Rodrigo.
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Instantes depois...
Rodrigo estava no avião, falando com Mag ao telefone.
- Não vejo a hora de vê-la. - Ele disse, olhando para Caio, que dormia ao seu lado com os fones de ouvido. O amigo sempre dizia que conquistou a namorada graças aos seus olhos verdes.
- Eu também. Meu coração fica apertado com seu trabalho. - Mag respondeu.
- Não se preocupa. Você sabe que serei como um super-herói para nosso menino. - Rodrigo sorriu, imaginando-a sentada em casa, com um pote de sorvete napolitano, assistindo ao programa da Ellen.
- Volta logo. Te amo. - Ela disse.
- Também te amo. - Rodrigo desligou o telefone e logo adormeceu.
Instantes depois
Rodrigo se viu em um ringue, aos 17 anos, enfrentando um oponente mais velho e musculoso. Rodrigo avançou nervoso e recebeu um soco no rosto, o que o fez cair, sentindo o sangue na boca. Tentou se levantar enquanto ouvia seu pai gritando para ele se reerguer.
O oponente se aproximava, e Rodrigo apenas cobriu o rosto, aguardando o próximo golpe.
- Rodrigo! - Ele ouviu alguém chamá-lo e, ao acordar, deu um salto, encontrando Caio ao seu lado, fitando-o com um olhar questionador e divertido.
- Chegamos ? __ perguntou Rodrigo, ajeitando o cabelo e pegando a bagagem.
___ É, você não acordava. Sonhou com seu pai novamente? ___ Caio se levantou e pegou sua bagagem acima da cabeça, enquanto Rodrigo caminhava para evitar a conversa.
___ Sempre. ___ disse ele, alto o suficiente para Caio ouvir, e olhou por cima do ombro.
___ Supera isso. Ele era um péssimo pai, mas te ensinou a lutar.___
___ Eu sei. Serei diferente com meu filho.___ Rodrigo fitou Caio enquanto descia as escadas, e ele já estava no chão.
___ Como assim?___ disse Caio, tampando os olhos com a mão para se proteger do sol.
___ Ele não terá essa vida perigosa que tive.
___ E, se ele quiser seguir seus passos?
___ Isso jamais acontecerá. ___
Ambos caminharam lado a lado até o aeroporto, procurando um táxi e praguejando por não encontrar nenhum na saída.
___ Calma, logo aparecerá um.___ disse Caio, ajeitando o paletó, enquanto Rodrigo sentia gotas de chuva em seu rosto, que logo aumentaram. Ambos cobriram a cabeça com suas maletas.
___ Não acredito! E ainda colocamos esses ternos!___ disse Rodrigo, furioso.
___ Uma carona? ___ Rodrigo ouviu aquela voz que tanto o atormentava e a encontrou dentro de uma limousine: o agente Bob, que agora o fitava com um olhar maligno.
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INVERTIDOS
Science FictionINVERTIDOS narra a história de Rodrigo, um agente do FBI que, para proteger sua esposa e filho, foi obrigado a se afastar deles devido à ameaça de Bob, um inimigo infiltrado na agência. Anos depois, Rodrigo contrata Tyler, um jovem que se parece mui...