Capítulo 3 - A Segunda Guerra da Chechênia

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A Segunda Guerra da Chechênia (1999-2009) representou um novo e ainda mais brutal capítulo na vida de Alexei Ivanovich Suvorov. Ele já era um veterano endurecido pela Primeira Guerra da Chechênia e pelas inúmeras operações secretas conduzidas pelo 45º Regimento Paraquedista, mas essa nova guerra seria diferente. O conflito não apenas reacendeu as chamas da violência, mas também o aproximou ainda mais do vazio existencial que dominava sua vida, enquanto consolidava seu nome como uma lenda silenciosa dentro das forças armadas russas.

Após a invasão russa em Grozny, a capital chechena, o conflito evoluiu para um combate implacável nas montanhas e vilarejos da região. Alexei, com sua experiência de guerra urbana e combate em terrenos montanhosos, foi uma peça chave em várias operações especiais. Sob o comando de suas unidades de elite, ele liderou ataques cirúrgicos contra posições insurgentes, frequentemente indo além das linhas inimigas para desmantelar redes de resistência.

Seu comando era notório pela eficiência brutal e pela discrição. Durante uma missão, sua equipe eliminou o líder de uma milícia chechena radical sem disparar um único tiro — Alexei e seus homens invadiram o complexo no silêncio da madrugada, utilizando facas e tiros silenciados. Esse tipo de operação se tornou o padrão para ele: agir com precisão letal, sem deixar vestígios.

No entanto, foi na Batalha de Argun, um dos conflitos mais intensos da guerra, que Alexei mais uma vez se destacou. A resistência chechena estava entrincheirada nas montanhas ao redor do vale de Argun, dificultando o avanço russo. Alexei e sua equipe de reconhecimento foram enviados para infiltrar-se nas posições inimigas e fornecer coordenadas precisas para os ataques aéreos russos. A missão foi um sucesso devastador para os insurgentes. Graças às informações fornecidas por Alexei, as forças russas conseguiram neutralizar a resistência sem perdas significativas.

Apesar das vitórias, a guerra pesava sobre ele. Alexei continuava a ver a morte à sua volta. Ele não lutava mais por vingança — essa já fora saciada. Agora, ele lutava porque era o que ele sabia fazer. A solidão que já o acompanhava se aprofundava a cada missão, e a frieza com que ele executava seus inimigos se refletia em sua própria alma, onde não havia espaço para remorso ou humanidade.

O ano de 2008 trouxe uma nova missão para Alexei — a Guerra Russo-Georgiana. O conflito de cinco dias, que surgiu de uma escalada nas tensões sobre as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abkhazia, chamou novamente a atenção do Kremlin para as forças de elite da VDV. Alexei foi selecionado para liderar uma operação secreta em solo georgiano antes do início oficial do conflito, uma missão de reconhecimento profundo e sabotagem.

Sua equipe de paraquedistas foi inserida secretamente atrás das linhas georgianas, com a missão de desabilitar infraestruturas essenciais e preparar o terreno para a invasão russa. Eles destruíram pontes e estações de radar sem alertar as forças locais, usando explosivos de precisão e técnicas de sabotagem silenciosa que causaram uma desorientação significativa no comando georgiano. Foi uma operação de alto risco, e um único erro poderia significar sua captura.

Durante uma dessas incursões, a equipe de Alexei foi emboscada por forças especiais georgianas. A batalha que se seguiu foi feroz, e Alexei, gravemente ferido por um disparo no ombro, ainda conseguiu organizar uma retirada eficiente. Ele liderou sua equipe por terreno montanhoso hostil, esquivando-se de patrulhas inimigas e escondendo-se em cavernas durante dias. No final, todos os seus homens voltaram vivos, o que se tornou uma marca registrada de seu comando — não importa o perigo, Alexei sempre trazia seus soldados de volta.

Esse sucesso operacional chamou a atenção das mais altas esferas do Kremlin e, mais importante, do GRU (Glavnoye Razvedyvatel'noye Upravleniye), a agência de inteligência militar da Rússia.

As ações de Alexei em Chechênia e Geórgia, seu histórico implacável e sua habilidade em conduzir operações secretas sem deixar vestígios, fizeram dele um candidato perfeito para o GRU, a temida e respeitada agência de espionagem e inteligência militar da Rússia. Eles precisavam de soldados como Alexei — especialistas em infiltração, operações clandestinas e eliminação de alvos com precisão cirúrgica.

Pouco depois do conflito na Geórgia, Alexei foi convocado para uma reunião com um oficial de alto escalão da GRU. Não era uma oferta comum; o GRU recrutava apenas os melhores e mais confiáveis operativos. Eles reconheceram em Alexei uma capacidade única: um soldado que não apenas era capaz de eliminar qualquer inimigo, mas que também operava sem emoção, sem perguntas. Ele era o tipo de ativo que a GRU usaria em suas missões mais sensíveis.

A proposta foi apresentada: ingressar no GRU Spetsnaz, a unidade de elite de operações especiais da agência. Isso significaria uma transição para missões ainda mais secretas, longe dos campos de batalha convencionais. Seria uma guerra invisível, travada nas sombras, onde a política, espionagem e assassinato se entrelaçavam.

Alexei aceitou sem hesitação. Ele sabia que esse era o próximo passo lógico para alguém como ele — um soldado que já havia sacrificado sua alma pela guerra. No GRU, Alexei passou por um novo ciclo de treinamento, muito mais orientado para operações de espionagem e sabotagem de alto risco. Aprendeu a manipular explosivos de forma mais discreta, a disfarçar-se e a se infiltrar em governos estrangeiros. Ele também se especializou em eliminação de alvos, treinado para ser um atirador de precisão e um assassino furtivo, capaz de se aproximar de suas vítimas sem ser detectado.

As missões que ele começou a realizar eram em países onde a Rússia negaria qualquer envolvimento. Ele foi enviado para países do Oriente Médio, onde sua tarefa era eliminar insurgentes que ameaçavam os interesses russos, sem chamar atenção. Em algumas ocasiões, ele operou dentro da Europa Ocidental, onde derrubava figuras políticas sob o pretexto de acidentes ou mortes naturais. Essas operações não existiam oficialmente. Se Alexei fosse capturado ou morto, o governo russo negaria qualquer ligação com ele.

Cada missão o levava para mais longe de qualquer laço com a humanidade. Alexei se tornava uma sombra no campo de batalha invisível da política mundial, um espectro que matava sem deixar rastros. Sua única conexão com o mundo exterior era através das ordens que recebia

Mas essa vida de operações secretas também agravava sua solidão. Ele, que já havia perdido tudo na juventude, agora estava completamente isolado. Não tinha amigos, nem família, nem laços com qualquer coisa além de sua arma e seu fuzil. Mesmo entre seus companheiros do GRU, ele era conhecido como um homem de poucas palavras, um fantasma que fazia seu trabalho e desaparecia logo em seguida.

Ele não sentia mais a adrenalina da vingança. Não havia mais emoção, nem ódio. Ele era uma ferramenta perfeita — fria, calculista, implacável. Contudo, cada vez mais, Alexei se questionava o que restava de sua alma, se é que ainda havia algo.

Foi durante uma de suas operações fora do radar, em uma zona de conflito no Oriente Médio, que rumores sobre o início de uma epidemia misteriosa começaram a se espalhar. Naquele momento, Alexei não deu muita atenção. Para ele, era apenas mais uma crise em um mundo já repleto de caos. Mas, em breve, ele descobriria que o mundo que ele conhecia estava prestes a colapsar — e ele, uma vez forjado pelo fogo da guerra, precisaria agora lutar pela sobrevivência em uma nova guerra, onde os mortos não permaneciam mortos, e a guerra seria travada contra o próprio apocalipse.

Sua história com o GRU estava prestes a se entrelaçar com algo muito maior — e mais letal do que qualquer conflito que ele já enfrentara.

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