Capítulo 2

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*08/09/2019*

P.O.V – Bloom

Depois de termos visto alguns episódios de umas séries e de almoçarmos tortellini com molho de tomate e queijo, voltamos a ver televisão, agora um filme. Isto é... até tocarem à campainha.

Ao ver a cara de surpresa da minha irmã, supos imediatamente que ela também não esperava visitas.

-Bem, fica aqui, Bloom. Eu vou ver quem é.

Pausei o filme e vi a minha irmã dirigir-se à porta. Recebi uma mensagem da mesma, provavelmente para a pessoa em questão não a ouvir falar.

"É um rapaz!" "Nunca o vi na vida!" "Eu vou abrir, não parece ser má pessoa..." "Mas, só para prevenir, vai buscar aquela garrafa de água de metal que levas quando sais de casa."

"Certo!"

Fiz o que a minha irmã pediu, mesmo estando a achar a atitude dela meio estranha... Mas não vou ser eu que vou questionar as formas dela se sentir segura, principalmente morando sozinha. A garrafa não parece de todo uma arma, mas, com o peso da água e por ser de metal, provavelmente é capaz de deixar alguém K.O., com a força certa, é claro. Certamente é uma atitude meio drástica e dramática, nenhum bandido iria passar pela receção, já que, para ter acesso ao elevador ou escadas, é necessário residir aqui ou, pelo menos, ser uma pessoa conhecida.

Deixei-me estar sentada no sofá, atenta ao que poderia acontecer. Reconheci o som da porta a abrir.

-Sim? – ouvi a minha irmã perguntar.

-Eu sou o novo vizinho... Vim dizer "olá".

-Olá!

-Eu queria... toma... moro no andar de cima.

-És novo na cidade?

-Sim, cheguei hoje.

-Deixa-me adivinhar, vais para a faculdade, primeiro ano?

-Sim, mais ou menos isso.

-Se precisares de alguma coisa é só dizer. Ficaremos felizes em ajudar.

-Obrigado! Eu vou indo... ainda tenho alguns vizinhos para cumprimentar.

-Claro! Até à próxima.

-Tchau!

Ouvi a porta fechar e pousei a garrafa de água na mesa de centro.

-Era fofo! Já temos lanche! – disse ela, colocando uma embalagem com bolo de chocolate na mesa de centro.

Vi-a pegar no telemóvel e tirar uma foto do que o vizinho nos deu, provavelmente para postar nas redes sociais.

-Acho que nunca abri a porta a um vizinho que me quisesse dar alguma coisa, o que quer que fosse. Só... reclamações...

-Provavelmente porque também não o fizeste.

-Pode ser que sim. Agora fiquei curiosa para saber o nome dele.

-Porque não lhe perguntaste?

-Foi ele que apareceu na nossa casa, era ele que se deveria apresentar, não o contrário.

-De qualquer maneira, suponho que o eremos ver mais vezes por aí.

-Provavelmente. Para a próxima abres tu a porta.

-E porquê?

-Para o conheceres, é claro! Ele é muito lindo! Muito mesmo! E como foi super atencioso parece ser uma excelente pessoa para começar algo.

-Não preciso! Na verdade... dispenso.

-É claro que precisas! Não me podes conhecer só a mim. Conheceres um vizinho que deve ter a tua idade é bom. Para além de que seria engraçado ver a cara dele ao te ver. Supostamente estaria à espera de ser eu a ir abrir outra vez a porta e não a linda da minha irmã.

-Já me queres juntar ao vizinho do bolo de chocolate?

Ela riu.

-E porque não? Acho que um pouco de amor na tua vida te faria bem. Verdadeiramente bem, maninha.

-Tal como ele não sabe da minha existência, também não sabemos se ele mora com alguém. Sabes lá, se não foi a namorada dele que fez o coitado andar de porta em porta para ela ficar a saber das possíveis concorrências do rafeiro dela.

-Para isso iria ela mesma. Até parece que ele diria se uma possível tentação estivesse nas redondezas. Pensa antes pelo lado positivo... Talvez pudesse ter um irmão mais velho, que me dizes? Seria engraçado namorarmos irmãos e vice-versa.

-Não!

-Chata! – disse ela, sorrindo, pousando gentilmente o seu dedo indicador na ponta do meu nariz, também sorri.

-E tu tens namorado, Daphne.

Ela fez uma careta.

-Olha que já não sei... não nos vemos em pessoa desde junho, estamos em setembro. Talvez já tenha outra. Mesmo que continuemos a falar.

-E não te contava? Ou pelo menos, acabava com a vossa relação? Se bem que não posso comentar muito a respeito.

-Bem, nem todas as pessoas são boas, Bloom. E tu sabes disso perfeitamente... Alguns pagariam para o ver terminar comigo em público... só para me verem sofrer... talvez filmar e espalhar por aí. Mas, como por rapazes jamais irei verter uma lágrima, se realmente for isso que irá acontecer e ele terminar, isto já supondo que ele o quer fazer... estão com azar, não vão ter o drama que tanto desejam. Não vão ver a rainha cair!

Sorri perante a confiança da minha irmã.

-De qualquer maneira... agora tens-me a mim. Não te vou deixar chegar ao chão.

Ela sorriu e passou a mão carinhosamente pelos meus cabelos.

-És a melhor irmã do mundo, Bloom!

-Eu tento.

-Adoro-te maninha.

-Também te adoro, Daphne.

-Somos as melhores!

Sorri.

-Queres continuar a ver o filme? Depois lanchamos este bolo maravilhoso? – perguntou a minha irmã, sorrindo.

-É claro!

Pus o filme a dar novamente e ficamos a vê-lo.

Continua...

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