Primeira Manhã

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Rafa's Pov

Já passava das 10 da manhã quando eu acordei e desci para fazer o café, já que domingo é a folga de Liz. Não ouvi nenhuma movimentação no quarto de Gizelly, então deduzi que ela ainda dormia.
Já me sentara na mesa ouvi uma movimentação no andar superior e logo Gizelly apareceu na escada, com uma carinha de quem acabou de acordar, vestido um moletom preto e o cabelo preso em um coque frouxo.

- Bom dia - falei.

- Bom dia. - Ela respondeu me olhando, mas continuou parada.

- Não vai tomar café? - Perguntei.

- Vou. - Ela respondeu e se sentou na cadeira a minha frente olhando timidamente para a mesa.

- Gizelly - Chamei sua atenção e ela me olhou. - Por favor, essa casa é tão minha quanto sua e não venha me falar que você vai se mudar depois da separação. - Falei quando ela fez sinal me interromper. - Por enquanto nós vamos morar juntas e eu não quero que você fique se sentindo como se estivesse na casa de um estranho. Você tem toda a liberdade para fazer o que quiser aqui dentro, entendeu?

- Não fale comigo como se eu fosse uma criança - Ela retrucou.

- Então não haja como uma - falei meio grossa e me arrependi. Como quero conquistá-la sendo estúpida? Parabéns Rafaella, você está no caminho certo. - Desculpa, Gizelly.

Ela me olhou surpresa e eu me expliquei:

- Nós prometemos tentar, lembra? E eu não estou tentando. Desculpa.

Ela apenas assentiu e se serviu, finalmente, colocando café em sua xícara, mas continuou olhando para a mesa com uma carinha triste. Então eu me lembrei. Me levantei e fui em direção ao armário.

- Desculpa Gizelly. Eu comprei seu creme de amendoim, mas como não tenho o costume de comer, esqueci de colocar na mesa.

Gizelly é viciada em creme de amendoim desde sempre, e não toma café da manhã sem o mesmo. Ela me olhou espantada:

- Como você sabe?

- Gizelly, nós nos conhecemos a 29 anos, não é porque não nos damos bem, que eu não percebo as coisas. Até porque você não esconde sua paixão por creme de amendoim.

Eu retornei à mesa e passei a embalagem para ela.

- Obrigada, Rafaella.

Ahn? O quê? Calma aí! Eu ouvi certo? Ela realmente me agradeceu? Eu ouvi as palavras "Obrigada" e "Rafaella" saindo da boca dela na mesma frase? Isso é um fato inédito! Estamos evoluindo! Ponto para a Kalimann.
Eu sorri e disse simplesmente:

- De nada, Gizelly.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, até que ela falou:

- Eu quero conversar com a Tais hoje, sobre o Brad.
Eu a olhei:

- Isso seria ótimo. Se ela está sentindo alguma coisa pelo Brad vai querer contar para alguém.

- Sim. Eu vou ligar e pedir para ela vir aqui. Se incomoda?

Eu suspirei:
- Gizelly, eu já te falei. A casa é sua. Você pode fazer o que quiser aqui dentro, chamar quem você quiser para vir aqui.

- Eu não me sinto assim Rafaella. - Ela admitiu. - Eu não me sinto em casa. Porque aqui não é a minha casa. É a sua.

- Você se mudou agora. É normal se sentir estranha, mas logo se acostuma.

- Rafaella para! - Ela falou.

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