Conversas sérias

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Gizelly's Pov

Meus pais ficaram loucos! É a única explicação possível. Meus pais e todos naquela sala. Eu não vou me casar com a Rafaella, não mesmo.

Eu saí da sala do meu pai chorando. Não apenas por não querer me casar, mas porque estou me sentindo vendida. É como se meu pai tivesse me vendido aos Kalimann, pior ainda, para a pessoa que inferniza minha vida desde que nasceu. Será que eles não percebem o quanto nos odiamos?
Já estou na porta do prédio quando ouço alguém me chamar:

- Gi, Gi - Tais me chamou e eu parei para que ela me alcançasse. - Desculpa. Eu não sabia que uma decisão minha ia causar tudo isso.

- Você não precisa se desculpar - tentei acalmar-lá. - Não é culpa sua, é culpa do papa, é ele quem está me vendendo.

- Mas se eu tivesse aceitado trabalhar aqui nada disso aconteceria. - Ela também começou a chorar. - Eu vou falar com o papa e dizer que vou assumir a Luxury junto com a Rafaella.

- Não! - Eu nem pestanejei em negar. - Nem pense em falar com ele, eu não vou te condenar a uma vida que você não quer. Você vai para a faculdade e cursar o que quiser cursar e vai trabalhar como o que quiser, me ouviu?

- Então eu me caso com a Rafaella. - Minha irmã insistiu. - Não é segredo que vocês se odeiam e se matariam morando juntas. Já eu e a Rafaella nos damos bem e aguentariamos um ano juntas.

- FICOU LOUCA! - Gritei com ela que se assustou com o meu tom, afinal eu nunca grito com ela. Eu baixei o tom de voz e continuei. - Primeiro: ninguém vai casar com ninguém. Nós vamos encontrar outra solução. Segundo: você é muito nova para casar. Nem pense em fazer isso pelos próximos dez anos. E terceiro: eu não desejo um casamento com Rafaella Kalimann para ninguém, muito menos para minha irmã favorita.

Tentei descontrair o momento para que Taís parasse de se culpar. Funcionou, porque ela sorriu e falou:

- Eu sou sua única irmã, Gigica.

- Por isso mesmo é a favorita. - Eu ri junto com ela e falei: - Eu tenho que ir, tenho uma seção de fotos agora.

Nos abraçamos e Tais falou:

- Te amo, Gi.

- Eu também te amo Tais. E não se preocupe, tudo vai se ajeitar.

Após me despedir segui até o meu carro, mas não fui para o estúdio. Segui direto para casa. Minha cabeça está quase explodindo e não consigo me livrar da preocupação que sinto com relação a essa ideia maluca de casamento. Porque, apesar da mágoa que eu sinto do meu pai, não consigo parar de pensar na minha família e no trabalho que meu pai e avô tiveram para que a empresa chegasse ao ponto em que está hoje.

Assim que cheguei em casa, liguei para Bia que me esperava no trabalho. Ela atendeu e falou:

- Onde você está? O cliente já está aqui.

- Você pode fazer as fotos para mim? - Perguntei. - Não estou com cabeça para isso hoje.

- O que seu pai queria? Era muito sério? - Ela se preocupou.

- Bastante. - Suspirei. - Mas depois eu te conto com detalhes, vou precisar de você para desabafar.

- Certo, assim que terminar aqui passo pra comprar o jantar, vou para casa e  conversamos.

- Ok, até mais tarde - falei e desliguei o telefone.

Além de Bia, só havia uma pessoa que poderia me aconselhar nesse momento e eu não hesitei em ligar para ela:

The Few Things  (GIRAFA-VERSION) Onde histórias criam vida. Descubra agora