ONE

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Roubo - Dia D
Sexta-feira, 08:35

Berlim Pov

Sempre antes de qualquer assalto, eu gostava de recitar todo o plano mentalmente, servia como um mantra e uma forma de me acalmar e não deixar nada sair errado durante o roubo, senti minha mão tremer e a segurei rezando mentalmente que isso passasse logo.

- Quem escolheu as máscaras? - Reviro os olhos impaciente, quem chamou esse pirralho mesmo?!

- Qual o problema das máscaras? - Indago.

-Elas não dão medo, em todos os filmes de assaltos as máscaras dão medo.- Observo Denver tirar a máscara e observa-la - Zumbis, Esqueletos, A morte.

Esse menino me da nos nervos, saco minha arma e aponto para sua cara antes de ele terminar de falar.

- Com uma arma na mão, garanto que o louco da mais medo que o esqueleto.

- Já chega - Moscou diz me olhando e a contra-gosto abaixei a arma pondo a no lugar.

Espero que o seu plano funcione, professor. Por que, claramente eles são amadores

- Quem é o cara do bigode?

- Dalí, filho. Um pintor espanhol, muito bom.

- Um pintor?

Moscou concorda e eu rezo internamente para chegarmos logo.

- Um pintor que pinta? - O que?

-Sim, filho.

Denver bufa e diz. Lá vamos nós.

-Quer saber o que da medo?

Aos poucos minha mente se afasta do carro pensando em uma pessoa específica.

Sofía García Hernandez.

Ah, tudo que eu mais queria nesse momento era sair desse carro e voltar para aquela vila medíocre em Toledo, levá-la embora para Paris, como um dia sonhamos. Volto em meus pensamentos com o comentário do idiota do Denver.

- Bonecos infantis, esses sim dão medo.

Tiro a máscara confuso.

- Que bonecos? - Questiono indignado.

- O pateta, o pluto, o Mickey. Todos esses.

- Quer dizer que um rato orelhudo da mais medo, é isso que você tá dizendo? - Debocha.

- É isso, idiota, o que foi quer tomar porrada? - Rio nega rindo

Olho para meu relógio vendo que está quase na hora.

- Ouça, se um idiota entra armado até os dentes com uma máscara de Mickey Mouse, vão pensar que ele está drogado e que vai ser uma carnificina. - Ele tem um ponto - Sabe por quê? Por que as armas e as crianças nunca se misturam, pai. Certo?

- Pensando assim seria mais perigoso, não é? Seria mais bizarro.

- Então se for assim a máscara de Jesus Cristo confundiria mais, é mais inocente.

Sorrio entrando na brincadeira.

- Por isso que dizem "quem vê rosto não vê coração. - Moscou díspara e eu sorrio com o ditado popular totalmente errado.

- É "Quem vê cara, não vê coração".

- Qual a diferença?

Me seguro no banco quando Oslo para bruscamente, avisando que era para o Moscou descer, botei minha máscara de volta e respirei fundo, seria mais um assalto rápido e limpo. Nada poderia dar errado, certo? Mais um pouco a frente descemos na ruína da casa abandonada onde tivemos aulas de explosivos de plásticos. O caminhão que entrava lá todas as semanas para a reposição das bobinas de papel moeda iria parar por conta da barricada de arame farpado que colocamos na entrada, pois era através deles que entraríamos na casa da moeda. Helsinque bloqueava a estrada enquanto o caminhão e duas viaturas de polícia se aproximavam, ficamos em nossos postos para o ataque.

𝑷𝑨𝑹𝑰𝑺 - 𝐴𝑛𝑑𝑟𝑒𝑠 𝐹𝑜𝑛𝑜𝑙𝑙𝑜𝑠𝑎 Onde histórias criam vida. Descubra agora