Pov Luiza
— Como assim? — Eu joguei a pergunta de volta, esperando ganhar tempo, mas minha mente já estava acelerada, passando por todas as possibilidades. Ela deve ter visto. No sítio, no ano novo, até hoje de manhã. Eu achava que estávamos sendo discretas, mas talvez não tanto quanto eu pensava.
Minha mãe não parecia nervosa, o que só me deixava mais inquieta. Ela suspirou, com aquele olhar compreensivo que sempre me desconcertava, como se pudesse ver direto dentro de mim.
— Eu vejo como você olha para ela. — Ela começou, e meu estômago deu um nó. — E como ela olha para você. Já faz um tempo que percebo essa... conexão.
Naquele momento, eu senti o chão desaparecer. Eu queria dizer algo, me justificar, explicar que não era tão simples assim, mas as palavras não vinham. Porque, no fundo, ela estava certa. Eu estava apaixonada por Valentina, e negar isso seria uma mentira tão grande que sufocaria qualquer verdade entre nós.
— Mãe, eu... — Eu tentei, mas a frase morreu na minha boca. Como eu poderia colocar em palavras algo que eu mesma ainda estava tentando entender? Eu estava confusa. Assustada. E apaixonada. Tudo ao mesmo tempo.
Ela colocou a mão no meu braço, um gesto pequeno, mas reconfortante.
— Não precisa se preocupar, querida. — A voz dela era suave, compreensiva. — Eu não estou aqui para te julgar. Só quero que saiba que, independente do que você esteja sentindo, você tem o direito de viver isso com honestidade.
Pisquei algumas vezes, tentando processar o que ela estava dizendo. Honestidade. Eu não sabia se estava sendo honesta nem comigo mesma. Tudo o que eu sabia era que cada vez que eu olhava para Valentina, eu sentia como se o mundo ao meu redor ficasse em segundo plano. E isso me assustava tanto quanto me atraía.
— Vocês são jovens, estão descobrindo a vida e o que querem para si. E às vezes isso inclui confusão. Mas eu percebo que tem algo entre você e Valentina... algo especial.
— Eu amo ela, mãe... Amo mais do que a senhora possa imaginar.
Dizer isso em voz alta foi como tirar um peso de cima de mim, mas ao mesmo tempo, tornou tudo muito mais real. O sentimento estava lá, agora exposto, vulnerável, fora do meu controle. Eu mal conseguia acreditar que tinha confessado isso, ainda mais pra minha mãe, mas ao mesmo tempo, parecia certo.
Ela assentiu, com uma calma que eu invejava.
— E Valentina? Você acha que ela sente o mesmo?
Eu queria acreditar que sim. Revivi na minha cabeça cada momento que tivemos juntas no sítio, os sorrisos, os olhares, os beijos, a forma como ela me trata. Mas ao mesmo tempo, havia uma incerteza, uma breve insegurança, ou até mesmo medo.
— Acho que sim, mas as coisas são complicadas. — Confessei, sentindo minha garganta apertar. — Ela vai voltar para os Estados Unidos em menos de uma hora, e eu não sei o que vai acontecer depois.
Esse era o maior peso sobre mim. A distância. A dúvida sobre o futuro. Eu não sabia como as coisas poderiam funcionar entre nós com um oceano no meio do caminho. Será que Valentina sentiria o mesmo quando estivesse de volta à sua rotina? Ou seria apenas uma memória distante, uma paixão de verão que nunca saiu do papel?
Minha mãe sorriu com tristeza.
— O amor às vezes é assim, complicado. — Ela falou como se estivesse relembrando algo. — Mas você não precisa ter todas as respostas agora. Só não deixe que o medo impeça você de viver o que sente.
Eu respirei fundo, tentando absorver aquelas palavras. Eu estava tão presa nas dúvidas e nos "e se" que esquecia de viver o agora, de aproveitar o que estava acontecendo entre mim e Valentina, mesmo que fosse incerto.
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VALU- SISTERS BY CHANCE, BAE BY CHOICE
FanfictionEm um lado, Luiza é uma jovem de 18 anos apaixonada pelo mundo da moda desde o divórcio de seus pais aos 11 anos de idade, do lado oposto, Valentina acaba de completar 19 anos e descobriu seu amor pelo desenho aos 6 anos para preencher o vazio deixa...