Desafio 3.8 - Poema relacionado a Cores e Sentimentos

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A cidade acordava sob um céu cinza, como se o sol tivesse desistido de lutar contra as nuvens espessas que cobriam o horizonte. As ruas molhadas refletiam a luz pálida dos postes, criando um brilho triste que parecia sussurrar histórias esquecidas. Entre os prédios altos e desbotados, ela caminhava com os ombros curvados, o peso de suas memórias caindo como a garoa fina que insistia em não cessar.

O ar carregava uma estranha sensação de estagnação, como se o tempo estivesse preso ali, naquela manhã cinzenta. As cores ao redor eram opacas, abafadas por aquela neblina que parecia se agarrar a tudo. Mesmo as árvores, outrora vivas, pareciam conformadas com a ausência de vida, suas folhas secas apodrecendo aos pés.

Ela olhou para o céu, buscando um sinal de mudança, uma abertura, uma promessa de luz. Mas o cinza era implacável, refletindo o que sentia por dentro: uma ausência de emoção, um vazio que não sabia como preencher. Cada passo ecoava uma lembrança, cada gota que caía em seu casaco era como uma batida de um coração cansado.

E no silêncio da cidade cinzenta, ela percebeu que o cinza não era só ausência. Era transição, uma pausa entre o caos das cores e a paz do vazio. Talvez fosse isso que precisava—não uma explosão de sentimentos, mas o descanso silencioso que o cinza oferecia. Ela se permitiu, então, caminhar um pouco mais devagar, deixando-se envolver por essa quietude, por esse limiar entre o que foi e o que poderia ser.

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