*El Valle de Simón*
Era uma tarde nublada, meus amigos e eu havíamos viajado a uma pequena cidade em Andalucia, na Espanha, e decidimos explorar um pouco sobre a história local. Estávamos em um café, sentados em uma mesa externa e decidindo para onde iríamos, pareceu o momento e ideia perfeita quando dois adolescentes passaram conversando sobre uma vila abandonada a qual rondava uma antiga lenda sobre ser mal assombrada. Marco olhou para mim e sorriu de maneira travessa.
— Parece que encontramos o lugar ideal. — Disse ele e levantou uma sobrancelha, olhando para o resto do grupo como se esperasse uma aprovação.
— Ah, eu não sei não, Marco. — Hesitei.
— O que foi? Está com medo? — Zombou Júlia, assoprando a fumaça do cigarro em meu rosto antes de passá-lo para Michel.
— É claro que ela está, olha a cara dela. Você sabe que a Camille é medrosa. — Ele respondeu e eu revirei os olhos.
— Não sou medrosa, mas ainda não sabemos quase nada sobre a cidade. Tem tanta coisa que poderíamos fazer antes de visitar uma vila que até agora nunca havíamos ouvido falar... — Argumentei.
— Então vamos perguntar ao garçom, não há ninguém melhor que um andaluz pra nos contar mais sobre a “terrível lenda da vila abandonada” e se vale a pena conhecer. — Marco deu de ombros — Olha ele aí. — Acenou para o garçom que se dirigia a nós, trazendo a conta.
— Aqui está a conta, senhores. — Entregou o porta-comanda em minhas mãos. — Posso ajudá-los em algo mais?
— Na verdade, sim... — Disse Marco enquanto retirava o dinheiro da carteira — O que sabe sobre a vila abandonada?
— Está falando sobre “el Valle de Simón”? — Assustou-se, e ao ouvir essas palavras, todas as pessoas nas outras mesas nos encararam como se fôssemos loucos.
— Sim.
— Só sei que todos que visitaram aquele lugar nunca retornaram. — Sua voz se cortou, como se lhe tivessem roubado as palavras e seus olhos marejaram. — Minha própria filha desapareceu anos atrás. Ela se chamava Agustina. — Suspirou. — Então... Um conselho: se estão pensando em ir até lá, não vá. — Disse sério, pegou o dinheiro da conta e se retirou, sem ao menos aceitar a gorjeta.
Nos entreolhamos.
— É... é uma história triste, eu sei. Mas foi só uma coincidência, algum maluco deve ter sequestrado a garota. — Falou Michel, se levantando. — A gente tem que ir lá.
Claro que eu não acreditava nessas lendas, e nem meus amigos. Éramos jovens e aventureiros, imaturos, viciados em busca de adrenalina e um bom mistério. Então fomos.
Ao chegarmos na vila, um arrepio percorreu minha espinha e meus ombros pareciam pesados. Algo dentro de mim me dizia para não prosseguir, mas eu ignorei. Na entrada, havia uma placa de pedra desgastada que dizia em letras grandes: “Aquí cayó la sombra de los Omeyas”. Nos escritos menores, mencionava sobre uma sádica dinastia dos Omíadas sobre Andalucía, que ocorreu no século VIII. Não conseguíamos ver os detalhes, haviam sido corroídos pelo tempo, mas pude ler algo sobre escravidão.
Caminhamos mais um pouco, seguindo a rua de paralelepípedos até chegar a uma praça central. Apesar da aparência abandonada da vila, com arbustos e trepadeiras subindo por todo lado, e o silêncio ensurdecedor, haviam pessoas. Muitas pessoas.
— Era só isso? — Marco se frustrou — Não acredito que caminhamos 30 minutos pra isso.
— Deve ser só Marketing pra atrair turistas. — Justificou Júlia
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WRITINGLAB - Projeto Literário
CasualeNeste livro, você encontrará uma seleção de contos, poemas e cenas cuidadosamente elaborados por talentosos seguidores do canal WritingLab. Essas criações são frutos de sua participação ativa nos exercícios e desafios de escrita que promovemos regul...