Capítulo 20

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Alfonso acordou, olhou ao redor. Era domingo, então não iria trabalhar aquele dia. Estranhou, pois aos domingos Anahí sempre ficava no sofá vendo tv. Se levantou, foi ao banheiro escovar os dentes...estava com uma dor de cabeça horrível, depois de beber até cair.

Alfonso não conseguia lidar com a situação. Anahí grávida, vendo a barriga dela crescer mais e mais. Pior ainda ver ela passar mal constantemente. Se culpava por deixa-la sempre sozinha, mas não conseguia ficar perto dela sabendo que logo ela teria um criança em seus braços.  Pegou a toalha, de repente veio imagens do passado.

Ele tinha 5 anos, era cuidado por babás.  Uma criança muito inteligente que entendia tudo. Via o homem que era seu pai todas as manhãs e esse sempre fazia tudo para não ter por perto. A avó paterna que sempre ia vê-lo.

__ Por causa desse menino minha mulher se foi. Eu nunca vou gostar dele.

Alfonso escutava muito quieto.

__ A culpa é sua! 'O pai gritou- nunca vou amá-lo.

__ Não diz essas coisas, Roberto! Poncho não tem nada a ver com isso.

__ Se ela não quisesse tanto ter um filho, estaria aqui...aqui comigo.

Roberto saiu batendo a porta.

__ Papai não gosta de mim.

Ele disse no colo de sua avó.

__ Ele gosta meu amor, questão de tempo.

                                  💚

Não era questão de tempo, seu pai não o amou em nenhum momento de sua vida. Só tinha carinho da avó, isso quando ela estava por lá. 

Sentia culpa, porque a mãe morreu quando ele nasceu.  Seu pai nunca o perdoou por isso.

Por isso não queria ter filhos, para não ser desprezível como seu pai. Já sabia que seria um péssimo pai para a menina que Anahí esperava, até pensava em ir embora para que Anahí fosse feliz com a filha, porque com ele, não seria possível.  Queria poder mudar? Sim, obvio, mas não conseguia, não podia aceitar.

Pra que trazer filhos ao mundo? Não era bom viver. Ainda mais sem amor.

Se culpava, porque machucava diariamente a única pessoa que o amou de verdade. O que tinha mais perto desse sentimento era sua avó, que fazia dois anos que não a via, mas era quem pagava seus estudos e mandava um extra a mais todos os meses.

Enxugou o rosto, depois subiu as escadas pra dar uma olhada na casa, mas a verdade era que queria ver Anahí, mesmo de longe, como fazia sempre que ela estava no quarto.  Quando chegou na porta do quarto, viu que estava aberto e que Anahí não estava lá.  Achou estranho e entrou.  Viu sangue na cama. Passou a mão na cabeça em sinal de desespero.

Gritou.

__ Anahí!

Mesmo sabendo que era tarde de mais. 

Será que ia perder Anahí? Que ela teria o fim triste como sua mãe? Ele só  pensava nela o tempo todo.

Pegou o telefone e ligou para as amigas de Anahí, mas nenhuma atendia.  Ele sabia que algo de ruim tinha acontecido.

__ Anahí! Se você morrer, eu me mato.

Ele ficou três dias louco, não tinha nenhuma notícia, Júlia nunca estava em casa e Juan sempre dizia não saber de nada.

__ Ela foi embora!

💜♥️💜

Anahí enfim teve alta do hospital, como tinha casado, pôde registrar a filha no hospital mesmo. Teve que registrar para ter o testamento de óbito. 

No Sé a Donde FueOnde histórias criam vida. Descubra agora