Capítulo 21

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Anahí debruçada no túmulo da filha, enquanto chovia. Ele nunca mais esqueceria essa cena mesmo que vivesse cem anos.

Ele sabia que ela jamais o perdoaria, mas ele também não se perdoava. Era um misto de emoções, uma culpa que levaria pro resto de sua vida. Ele fez o que prometeu, acabou com a vida da pessoa que mais amava.

Ele foi até ela e a levantou no colo.

__ Vamos embora, Anahí!

__ Me larga! Eu te odeio. A pior coisa que aconteceu foi ter te conhecido.

__ Eu sei, eu sei...

Ele já não tinha força, a largou no chão.

__ Sou um merda! Mas por favor, vamos embora! Ela já não está aqui.

__ Conseguiu o que queria! Você é um lixo que precisa ficar sozinho.

Ela cuspiu as palavras.

__ Eu o amava tanto...só queria o retorno. Eu também fui culpada, porque mesmo você me mostrando todos os dias quem era, eu insistir.

Ele chorou, estava doendo tanto nele também. Sabia que merecia cada palavra que ela dizia e sabia também que jamais teria o amor de Anahí novamente.

__ Só quero que saia daqui, porque esta chovendo e relampejando...você tem medo...

__ Eu não tenho mais medo de nada. A pior coisa que poderia acontecer na minha vida, aconteceu.

Ele disse com a voz se perdendo, estava rouca e sem a mínima força para nada. Se deitou novamente no chão. Alfonso não podia deixar ela ali, poderia adoecer e até morrer.

Ele a pegou no colo, dessa vez ela não tinha força para lutar. Ele saiu do cemitério, a colocou dentro do carro e a levou para casa.

Quando chegou, a despiu e deu um banho. Depois colocou roupas secas, deitou-a na cama e a cobriu.

Desceu, fez um Chá e remédio para dormir e foi dando a ela. Ficou no quarto com ela, a noite inteira vigiando.

__ Eu sou um monstro!

Mas agora já era tarde.

Já não aguentava mais pensar em tudo, a dor voltando com uma intensidade imensa. Ele acabou com minha vida, eu poderia ter minha filha, eu seria feliz só com ela.

Fui para terapia, estava me ajudando a lidar com coisas do passado. Tinha entendido que mesmo que Alfonso tinha me feito infeliz na gravidez, minha filha se foi porque Deus quis. Não era pra ela ter ficado. Talvez a ida dela foi bom para algo, ou não. Meu anjinho que estava lá de cima olhando por mim, que com certeza estava feliz, porque eu sempre sonhava com ela linda e sorridente. Eu sabia que isso era um sinal e me tranquilizava um pouco. A única certeza que tinha, era que jamais queria ser mãe outra vez. Tinha pânico só em pensar passar por todo aquele trauma de novo.

Hoje ainda doía, mas era mais saudades ou pensando como seria.

Sei também que Alfonso de alguma forma tinha sido cobrado, porque a vida era assim, tudo que se faz aqui, paga aqui mesmo. Eu acreditava muito nisso.

Queria muito voltar a ser feliz, olhar para trás e saber que tudo já não fazia parte da minha vida, que já tinha passado e que a ferida estava cicatrizada.

Minha vida só era trabalho, todos esses anos nunca tirei ferias, sempre as rejeitei. O trabalho foi uma forma de me ajudar a não pensar somente em coisas que já não faziam sentido na minha vida.

Mas agora eu estava precisando desse tempo, para pôr de uma vez por todas minha cabeça no lugar. Eu quero fechar ciclos.

Alfonso foi até o cemitério, me levou para casa. Não queria que ele me tocasse nunca mais. Mas infelizmente eu estava sem força para nada, assim não tive como não deixar ele me levar.

No Sé a Donde FueOnde histórias criam vida. Descubra agora