café e conexões

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O rapaz louro suspirou, observando a máquina de café em silêncio, como se esperasse que ela se consertasse sozinha.

- Se pá, se eu encarar ela por mais cinco minutos, talvez ela comece a funcionar por pura pressão psicológica, - Disse, cruzando os braços.

Com isso, o outro rapaz louro, só que com luzes escuras, e mais velho, soltou uma risada curta e se abaixou para olhar a parte de trás da máquina, passando os dedos pelos fios desalinhados.

- Pressão psicológica? É assim que você conserta tudo, Han? - Ele ergueu uma sobrancelha, um sorriso divertido no rosto, mas o olhar carregado de uma familiaridade que só uma amizade colorida poderia ter.

- Funcionou com você, não foi? - Han respondeu sem perder a chance, um brilho malicioso nos olhos. Ele se inclinou um pouco mais perto do mais velho, o suficiente para sentir o calor dele;
- Achei que era essa minha bossa irresistível que te fez ficar por perto.

O mais velho revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso que se formava nos lábios, ainda mais quando se via novamente o jeito carioca do mais novo naquelas gírias regionais.

- Claro, se por 'charme irresistível' você quer dizer 'insuportável', então sim, estou convencido. - Ele estendeu a mão para pegar uma chave de fenda na bancada ao lado, o movimento casual fazendo seus dedos roçarem os do mais novo, um toque breve, mas que pareceu durar um segundo a mais do que deveria.

Em uma livraria-café em São Paulo, tinha-se dois universitários que trabalhavam lá, eram recém-chegados na verdade, já se fazia dois meses que os contrataram. O mais novo, Han Jisung, era impulsivo, como já podemos ver, ele é dramático e juvenil, mesmo que ele tivesse vinte e dois anos, achava que ainda era adolescente com seu jeito imaturo; já o mais velho, Lee Minho, era sarcástico, já podíamos observar, ele é centrado e maduro, muito mais que seu 'amigo' Han, seu apelido era 'Know', então todos os chamavam assim, Lee Know.

Os dois eram louros, a única diferença era que os luzes de Lee eram mais escuras, Han morava em São Paulo e dois anos, mas ele nasceu no cativante Rio de Janeiro, Lee Know já era de São Paulo, já era da casa. São amigos desde o primeiro cursinho de audiovisual, conversaram, mas então desistiram da profissão, e por coincidência, o destino trouxe eles para a mesma faculdade de publicidade, fazendo eles ficarem mais próximos; e sobre a amizade colorida...bem, digamos que em um momento da vida deles, eles trocaram afetos e beijos, demonstrando interesse e atração, mas mesmo que isso aconteceu, eles nunca se separaram, pelo contrário, ficavam grudados um no outro como se suas almas se fundissem automaticamente, existia mais profundidade, e química nesses dois, mas por agora, decidiram ter essa 'amizade', onde existia um belo carinho um pelo outro.

Lee Know ajustou a chave de fenda em sua mão, tentando ignorar a proximidade de Han. O jeito que o mais novo se inclinava para ele, com aquele sorriso travesso, era uma distração que ele não sabia se queria ou não.

- Se você parar de flertar e ajudar, talvez consigamos fazer essa máquina de café funcionar antes do próximo século - Ele brincou, ainda com um toque de seriedade na voz.

Han deu uma risada, recuando um pouco, mas mantendo o olhar fixo em Lee Know.

- Não estou flertando. Só estou me certificando de que você está prestando atenção no que está fazendo. - Ele deu um passo para o lado, abrindo espaço para Lee Know, mas não o suficiente para que a distância entre eles se tornasse desconfortável;
- Além disso, eu confio que você vai conseguir consertar isso, se não, vou ter que salvar seu dia com meu famoso café carioca.

- Famoso, hein? Nunca ouvi falar disso - Lee Know respondeu, arqueando uma sobrancelha, enquanto tentava abrir o painel da máquina. O ar estava carregado de um misto de provocação e um carinho que sempre existia entre eles.

Blank Heart - chanminOnde histórias criam vida. Descubra agora