fragmentos de decisão

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Enquanto isso, no apartamento de Christopher e Seungmin, 21:48;

Chris chegou em casa mais tarde do trabalho do que pretendia, os passos hesitantes enquanto subia as escadas até o apartamento que dividia com Seungmin. O dia havia sido uma sucessão de confusões emocionais, e tudo o que ele queria era a segurança do olhar de Seungmin, a firmeza de sua voz, dizendo que eles encontrariam um caminho juntos.

Ao girar a chave na porta e empurrá-la lentamente, foi recebido por um silêncio estranho. A sala estava escura, mas não deserta. A silhueta de alguém se movia na penumbra, e seu coração deu um salto desconfortável. Seungmin estava de pé, rígido, olhando para a entrada. Mas antes que Chris pudesse se acalmar com aquela visão familiar, percebeu uma terceira presença — uma figura sentada no sofá, imóvel e tensa.

Seus olhos se ajustaram à luz fraca, e ele sentiu como se o ar fosse arrancado de seus pulmões. Era sua mãe. O rosto dela, tão reconhecível, mas carregado de uma frieza que ele conhecia bem demais.

Chris sentiu o ar rarefeito no instante em que os olhos encontraram a figura de sua mãe, sentada no sofá como uma sombra do passado. Era como se a sala, antes aquecida pelas lembranças e pelo aconchego, tivesse se transformado em um teatro de fantasmas. O coração dele disparou, o som ecoando nos ouvidos como um tambor descompassado. O rosto dela trazia as mesmas linhas de expressão, os mesmos olhos que, um dia, ele implorou que o vissem com aceitação. Mas naquela noite, eles estavam cheios de julgamento, cortantes como lâminas.

- Christopher, - A voz dela saiu seca, tingida por um tom que fazia o peito dele doer de um jeito que ele não sentia há anos;
- Eu sabia que um dia isso iria acontecer. Precisamos conversar, e você vai me ouvir.

Seungmin, que até então parecia uma estátua de tensão e silêncio, deu um passo à frente, o som de seus sapatos ecoando pela madeira do chão. A luz fraca da rua entrava pela janela e delineava suas feições em sombras intensas. Seus olhos eram um poço de proteção e raiva, como se carregassem todo o peso daquelas palavras não ditas entre eles.

- Com licença, - A voz de Seungmin veio grave, cheia de uma determinação que arrancou Chris de sua paralisia;
- Mas o tempo de conversas unilaterais acabou. Você não pode simplesmente aparecer depois de anos e...

A mãe de Chris levantou-se de repente, uma energia ríspida emanando de cada movimento.

- E quem você pensa que é para me ensinar o que posso ou não fazer?! - Cortou ela, os olhos cravados em Seungmin como punhais;
- Eu sou a mãe dele. Você... - Ela olhou Seungmin de cima a baixo com um desprezo que parecia afundar o chão sob seus pés;
- Não passa de uma influência que o levou para esse caminho.

A sala pareceu encolher ao redor deles. Chris sentiu as paredes se fecharem, o ar cada vez mais rarefeito, o som das vozes se transformando em ecos distorcidos. Ele queria gritar, queria interromper aquela batalha que o rasgava em dois. Os olhos dele encontraram os de Seungmin por um breve momento, e ali, mesmo com toda a raiva e o confronto, havia amor. Um amor teimoso que se recusava a ceder, mesmo diante da tempestade.

- Eu sou quem ficou quando você escolheu virar as costas, - Seungmin respondeu, a voz quebrando apenas um pouco, um tremor de emoção que não se podia conter.
- Eu estive com ele em cada medo, em cada dúvida. Onde você estava quando ele acordava chorando, se perguntando se algum dia seria suficiente para ser amado de verdade? Você nem sequer foi visita-lo quando o acidente aconteceu!

A mãe de Chris apertou os lábios, o rosto se contorcendo por um instante com algo que poderia ter sido arrependimento, mas logo se desfez em desdém. Chris deu um passo para trás, a cabeça rodando. Ele queria entender, queria se manter inteiro, mas a mistura de passado e presente era um maremoto que ameaçava levá-lo para o fundo.

Blank Heart - chanminOnde histórias criam vida. Descubra agora