ARVORE DESPIDA - segredos de família.
[2024]
Liz perdeu sua irmã em um acidente de carro e precisará lidar com uma nova realidade, uma que possui alguém do passado que ela pensou ter imaginado, segredos, desejos proibidos e o ex da sua irmã que el...
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LIZ
Eu me encaro no espelho do banheiro, ainda com a pele úmida do banho, as palavras cruéis de Saulo rodopiando pela minha mente. Meu cabelo, pendurado entre o loiro e o castanho, parece perdido. Sem identidade. A cada dia, me sinto mais tentada a cortá-lo ou pintar, qualquer coisa que me faça sentir diferente. Talvez mais eu. Mas quem eu sou agora? Meus olhos seguem pelo meu rosto. Está cansado, os sinais das noites mal dormidas marcados como sombras escuras abaixo dos meus olhos.
Saulo tem razão, penso, deixando escapar um suspiro longo. Estou horrível. Minha aparência é de zombie.
Saio do banheiro e vou direto ao armário. Eu quero ao menos parecer bem. Escolho um vestido azul de alças finas, com botões brancos que descem pela frente. É simples, mas confortável. Coloco-o com cuidado e ajeito o tecido no corpo, embora o espelho me mostre que o brilho nos meus olhos ainda não voltou, fico feliz com o resultado.
Antes que eu tenha tempo de me perder de novo em meus pensamentos, ouço uma batida suave na porta.
— Liz, posso entrar?
— Claro, pai — respondo, me virando para ele enquanto ele abre a porta devagar.
Meu pai, sempre carinhoso, me olha com aquela mistura de preocupação e compreensão que só ele sabe demonstrar. Ele dá um passo para dentro e se aproxima, tocando de leve meu ombro.
— Como você está, abelhinha? — ele pergunta, usando o apelido que sempre me faz sentir um pouco mais segura.
— Estou bem, pai... de verdade. Estou dormindo melhor — minto, forçando um sorriso que não engana nem a mim.
Ele suspira, balançando a cabeça, como se soubesse exatamente o que se passa na minha cabeça.
— Liz, você pode me dizer o que realmente está acontecendo. Eu sei que tem sido difícil desde... desde tudo. Não tem problema estar triste, mas você precisa de ajuda. Acho que conversar com um psicólogo pode te fazer bem.
A ideia me faz estremecer, e eu olho para o chão, buscando por uma resposta que não envolva admitir que ele está certo.
— Euestou melhorando, pai. Sério. Só... só preciso de mais tempo.
Ele sorri com ternura, embora seus olhos me digam que ele não está convencido.
— Eu entendo. Mas mesmo assim, quero que você veja um psicólogo. E também, Liz, você precisa voltar para a escola. Está na hora.
Eu sabia que esse momento chegaria, mas mesmo assim, meu estômago revira ao ouvi-lo.
— Pai...
— Eu sei que não é fácil. Mas você não está sozinha nisso. Saulo vai estar lá. Ele vai ficar para cursar a faculdade de computação, e sua escola fica no mesmo campus. Ele pode te ajudar a se ajustar de novo.