PREMÍCIA

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Eu sabia que estava sendo observada, podia sentir seus olhos queimando em minhas costas e meu coração acelerava de nervosismo fazendo minha respiração oscilar, ele não se escondia mais ou parecia se importar com o fato de eu saber que estava sendo...

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Eu sabia que estava sendo observada, podia sentir seus olhos queimando em minhas costas e meu coração acelerava de nervosismo fazendo minha respiração oscilar, ele não se escondia mais ou parecia se importar com o fato de eu saber que estava sendo observada. Talvez, ele finalmente quisesse ser visto.Quase toda a família estava lá e senti uma enorme vontade de perguntar o porquê dele não chorar, já que era o velório do seu pai. Por que ele preferia ficar me observando no lugar de ficar com a mãe? Aquilo me deixava confusa e apesar de todos os olhares que trocamos ou momentos que partilhamos nesse quintal, não trocamos uma palavra até agora. Papai disse que esse era o jeito dele lidar com o luto e que eu deveria ser uma boa prima, tive que morder minha língua para não dizer que papai estava errado. Saulo nunca conversou comigo, mesmo antes do tio Léo morrer. Apesar da minha insistência em lhe mandar sorrisos e não receber nada além de um estreitar de olhos que me fazia querer correr pra mamãe, eu nunca o mandei embora e nunca o denunciei para ninguém.Afinal, éramos crianças e apesar dele agir de forma estranha, preferi não o julgar e continuei sorrindo sem cobranças. No dia de sua partida, antes de ir, ele me lançou um último olhar, um que me aqueceu o coração e me encheu de medo simultaneamente.

ARVORE DESPIDA [2024]Onde histórias criam vida. Descubra agora