2. Tédio.

106 24 65
                                    

Hello

Hello

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ugh. Meu pai cancelou nossa ida ao evento de moda hoje a noite, disse que terá um compromisso com a empresa e por este motivo não conseguirá me levar, portanto não poderei ir.

Estou irritada por não ter o que fazer, mas também entendo a parte do meu pai por ter seus eventos importantes com os empresários. Apesar de médico, meu pai sempre participa de diversas comitivas quando tem tempo, é raro, mas ele consegue. Minha mãe já é mais ocupada, ela mexe muito com plástica, muitas pessoas a procuram todos os dias, muitos esperam em filas quilométricas que duram meses, até mesmo anos para serem atendidos por ela e suas mãos mágicas. Até mesmo eu já fiz um procedimento básico com ela, ela não pode ir a fundo como lipo e esse tipo de coisa que demanda anestesia geral, mas já alinhei as linhas de sinais e já preenchi um pouco os lábios para ter um volume mais bonito.

Olho para o lado quando Kai, meu namorado, entra no carro e começa a batucar os dedos no painel. Tenho tido alguns problemas desde que, em uma maldita festa universitária a qual fui convidada por Kai para acompanhá-lo, um garoto me prendeu em uma espécie de armário e chegou a conseguir tirar minha roupa, mas por sorte uma garota escutou meus gritos e me tirou a tempo.

Apesar de não ter acontecido o pior, meu corpo parece entrar em pânico todas as vezes que vou pra cama com Kai. Não nego nada, mas meu corpo não entende o sexo como algo prazeroso, ele entende como algo assustador e isto acaba atrapalhando meu desempenho. Kai nunca reclamou, mas sei que nossa relação está morna desde três anos atrás quando tudo aconteceu, e não foi fácil ter que passar por terapia todo santo dia por culpa de um babaca que não tem ideia de como segurar o pau dentro das calças.

E o pior de tudo é que ele não foi preso, muito menos punido por isto! Os policiais disseram que, se ele não me tocou e não fez nada além de tirar minha roupa, eles não poderiam fazer nada a respeito porque o garoto não tinha feito nada de errado. Naquela época eu fiquei tão em pânico com as pessoas que demorei cinco meses inteiros até começar a andar sozinha na escola outra vez, uma terapeuta sempre me acompanhava para onde eu fosse, e era com ela que eu me sentia segura para estar em público outra vez.

Sei que há pessoas no mundo que já passaram por situações mil vezes piores que a minha, mas o trauma de festas ainda me assombra, tanto que desde aquele dia eu nunca mais pisei em uma e nem sequer pretendo fazer isto um maldito dia. Eu não estava bêbada aquela noite, eu não estava usando roupa curta, eu... eu simplesmente estava ali, encostada no meu canto enquanto Kai se divertia com os caras universitários em um jogo de beer-pong.

Aquela noite quando cheguei em casa e meus pais viram meu estado, meu pai teve uma briga feia com Kai e rapidamente fui levada para o banho por minha mãe. Eu não conseguia falar, mal conseguia respirar direito em pensar nas mãos daquele infeliz percorrendo meu corpo com força, raiva, determinação. Fiquei um bom tempo me sentindo culpada até finalmente perceber que o único culpado de tudo isso era ele, unicamente ele.

In Another Life Onde histórias criam vida. Descubra agora