Lalisa Manoban nunca desiste de nada, nem mesmo se para realizar seu sonho ela tiver que aceitar estudar em um colégio de riquinhos estúpidos (segundo a própria). Desde pequena ela se esforça todos os dias para se livrar da vida monótona de sua famí...
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Harvard é mágica. Acabei de colocar meus pés aqui e, nossa, parece mil vezes maior do que eu imaginava. Há pessoas de todos os estilos, parecem tranquilos. É ótimo chegar no início das aulas, assim não me sentirei perdida em relação ao pessoal, todos parecem perdidos igual eu. Meu quarto já está anotado na minha prancheta, preciso subir com a minha mochila para procurá-lo e conhecer minha parceira de quarto... Rosé, este é o nome que estava anotado no perfil do meu portal do aluno como acompanhante de dormitório. Estou animada para isso, embora não esteja conseguindo demonstrar. Jennie já me ligou cinco vezes desde que cheguei em Massachusetts, de minuto em minuto ela liga e diz estar sentindo minha falta.
Ao abrir a porta do quarto, flagro uma cena estranha. A garota que julgo ser Rosé, está de costas para a porta e fazendo agachamentos junto com a imagem da televisão. Franzo a testa e entro em silêncio, não querendo atrapalhá-la. Ela parece ser bonita. Jennie arrancaria meus cabelos se me escutasse dizer isto.
— Ah, oi — diz, a voz ofegante, estendendo-me a mão enquanto tira os AirPods dos ouvidos e me sugere um sorriso receptivo — tudo bem? Desculpe a recepção desajeitada, comecei o regime semana passada e não posso pegar leve.
Meus olhos vão automaticamente por todo seu corpo, esquadrinhando-o de cima a baixo. Ela acha que precisa de regime? Permaneço em silêncio, dou minha mão a ela e sorrio fraco em resposta. Não estou animada, nem um pouco. Quero deitar um pouco antes de qualquer coisa. Graças a Deus minhas aulas só começam segunda feira, terei três dias inteiros para me organizar.
— Qual é minha cama?
— Aquela ali — ela aponta para a cama próxima a janela e agradeço imensamente por isso. Tenho um problema sério com aquecimento do corpo, preciso sempre me manter em lugares arejados ou começo a passar mal.
Desbloqueio o celular após algumas horas longe dele e sorrio ao ver as mensagens de Jennie. Ela mais se parece minha mãe de tanta preocupação. Não que minha mãe um dia tenha se preocupado de verdade comigo, até porque não, ela nunca se importou, mas Jennie ocupa bem seu espaço.
Eu quero te bater todas as vezes que você me ignora, sabia? | 13:41.
Hoje eu tive uma conversa com meus pais, foi estranho, mas quero te contar por ligação | 13:44.
É legal aí? Você ainda não me falou. Já fui pro Estados Unidos duas vezes, mas nunca passei perto de Massachusetts | 13:48.
Já conheceu a tal Rosé??? Eu quero que me mande foto de quem é | 13:49.
Aposto vinte dólares que é loira. Rosé é nome de garotas loiras | 13:50.
