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HAERIN'S POV

Nunca imaginei que estaria em um parque brincando de guerra de tinta com Danielle Marsh. A vida é cheia de surpresas, igual ao balão de tinta vermelha que Dani acabou de tacar em mim.

Eu e Danielle corríamos e caçávamos uma a outra, jogando balões de tinta. No estado em que estávamos, parecia que tínhamos sido vomitadas por unicórnios coloridos.

Era engraçado ver o cabelo da Dani com tinta vermelha e roxa, enquanto seu macacão branco estava coberto de várias outras cores.

Eu corria dela como um coelho indefeso, logo depois de tacar tinta amarela em seu rosto. Sou pega de surpresa quando ela me agarra do nada e nós duas caímos, igual duas crianças na grama.

Nos encaramos, rindo da situação caótica em que nos encontramos. O brilho nos nossos olhos parecia pulsar, e aquela troca de olhares, carregada de diversão, rapidamente se transformou em algo mais intenso. A química no ar era inegável.

Com um impulso inesperado, Danielle se aproximou, e, em meio ao caos de tinta e risadas, nossos lábios se encontraram. O beijo foi leve, e romântico. O mundo ao nosso redor desapareceu, e, por um momento, éramos apenas nós duas, imersas naquela explosão de cores e sentimentos.

Se alguém me contasse a dois dias atrás que estaria beijando Danielle Marsh suja de tinta eu cairia na gargalhada. Isso é surreal.

[...]

Danielle me deu uma carona até em casa e, no caminho, discutíamos os boatos que circulavam sobre ela.

- Então, é verdade que você nunca comeu um pato vivo? - perguntei, tentando esconder o sorriso.

- Claro que não! - respondeu, revirando os olhos. - Nada do que falam sobre mim é verdade. No ano em que eu fiquei fora, eu estava na Austrália ajudando meu avô doente.

Eu olhei para ela, curiosa. Desde que voltou para a cidade, Danielle era um mistério ambulante, cheia de rumores absurdos ao redor. Comer pato vivo era só um entre muitos. Talvez fosse o jeito dela de lidar com a curiosidade das pessoas, ou talvez fosse a cidade pequena que se divertia criando histórias extravagantes.

- Por que não contou a verdade para ninguém? - perguntei.

- E quem ia acreditar? - Ela deu de ombros. - Além disso, às vezes é mais fácil deixar que as pessoas pensem o que quiserem. Pelo menos elas se divertem.

Ficamos em silêncio por um momento, e eu pensei no que ela disse. Entendia o que queria dizer, mas, ao mesmo tempo, havia uma tristeza em seus olhos. Era como se todas aquelas histórias tivessem se tornado uma barreira entre ela e o resto do mundo, e ela preferisse manter essa distância.

- Mas... e se você quisesse que alguém conhecesse a verdade? - arrisquei, a voz um pouco hesitante.

Danielle virou a cabeça para me encarar. Pela primeira vez, ela parecia considerar a pergunta seriamente. O carro parou em frente à minha casa, e ela desligou o motor, ainda sem dizer nada. A rua estava silenciosa, e por um momento, parecia que estávamos isolados do resto do mundo.

- Talvez... eu só esteja esperando encontrar alguém que queira realmente saber. - Ela disse, finalmente, com um leve sorriso. - Alguém que não se importe com os boatos.

Desci do carro, mas hesitei antes de fechar a porta. Algo na forma como ela falou me fez sentir que havia mais naquela história do que ela estava disposta a contar.

- Talvez você já tenha encontrado - falei, antes de bater a porta suavemente e começar a andar em direção à minha casa.

- Então, que tal ir ao baile comigo? - Danielle perguntou, abrindo um sorriso provocador.

- Sabe, eu não sou muito fã desses bailes idiotas de escola. São tão clichês. - Respondi, cruzando os braços.

- Exatamente! Ninguém espera que você vá. - Ela rebateu, com um olhar desafiador.

- Por que você quer tanto que eu vá? Vai ganhar alguma coisa com isso? - Perguntei, desconfiada.

- Você precisa de terapia, sabia? - Danielle deu uma risada curta.

- Responda a pergunta, Marsh. - Falei, séria.

Ela suspirou, um pouco frustrada, antes de responder.

- Caramba, eu só quero a sua companhia. - Disse, tirando um cigarro do bolso e colocando-o nos lábios. Mas antes que ela tivesse a chance de acender, eu o arranquei da sua mão e joguei para longe.

- Pensei que tivesse parado. - Falei, firme, enquanto abria a porta de casa e entrava, sem olhar para trás.

Deixei-a parada lá fora, provavelmente surpresa com a minha atitude. Mas, por algum motivo, não me senti culpada. Talvez Danielle achasse que podia me convencer a ir com ela ao baile como se fosse só mais um jogo. Mas eu não era uma peça fácil de mover no tabuleiro dela, e era bom que soubesse disso.

[...]

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⏰ Última atualização: Oct 18 ⏰

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10 things I hate about you • Daerin - bbangsazOnde histórias criam vida. Descubra agora